caso kiss

Performático e dono de bordões, Jean Severo é advogado de Luciano Bonilha

Pâmela Rubin Matge (de Porto Alegre)

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Pedro Piegas (Diário)
Jean Severo, ao centro, defende Luciano Bonilha Leão 

A defesa do réu Luciano Bonilha Leão, 43 anos, é a mais diversa. Com maior número de integrantes, são seis os advogados criminalistas que têm entre 27 e 74 anos. (veja todos abaixo). Das quatro defesas que representam os réus, essa foi a única contrária ao desaforamento (transferir processo da comarca de Santa Maria para Porto Alegre).

As exposições orais e eventuais interferências ou pedidos ao juiz são manifestadas principalmente por Jean de Menezes Severo. Aos 43 anos, a atividade profissional é dividida entre o escritório que mantém em Porto Alegre e o curso de Direito no Centro Universitário Cenecista de Osório (Unicnec), onde é professor. A equipe de Jean e seus advogados atuam no Caso Kiss desde 2019. A exceção fica para o experiente veterano do grupo, Antonio Prestes do Nascimento. 

- Foi meu professor, me ajudou muito. Fui estagiário dele - refere Jean.

"TEMPO PARA MIOJO"
Expansivo, performático, por vezes informal no vocabulário durante o julgamento, quando fala, Jean ocupa o espaço que tem para tentar convencer. Eleva a voz, gesticula e caminha de um lado para o outro.

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Já no primeiro dia de júri, repetiu pelo menos duas vezes: "Em 37 minutos não dá nem para fazer um miojo", referindo-se à redução do tempo determinada pelo STJ (são 2h30min dividas em tempo igual para cada) para que a defesa faça a tese. A expressão tem sido bastante comentada pelos corredores e salas de apoio do Foro. Também foi dele a máxima: " tiro dado, bugio deitado", no final das perguntas que fez à depoente Jéssica Montardo Rosado, na manhã do segundo dia de trabalho. 

Em suas becas - espécie de capa preta tradicionalmente usada pelos advogados em júri -, de um lado está bordada a imagem de Nossa Senhora Aparecida, sua santa de devoção, e do outro, o próprio nome em vermelho.

Enquanto escuta a manifestação das outras defesas, toma chimarrão, conversa com seu cliente e não demostra discrição alguma dentro de expressões de espanto ou sarcasmo.

A postura é endossada em muitos posts que mantém no Instagram e em entrevistas à imprensa. Ao ser questionado se essa é uma estratégia, ele argumenta:

- É meu jeito, sou um homem feliz - comentou ao Diário, entre risos, no caminho entre o banheiro e o plenário no segundo andar do Foro Central I, em Porto Alegre, no início da tarde desta quinta-feira.

A seriedade é retomada quando fala do cliente. Como vem sustentando nos últimos anos, Jean insiste que "Luciano é inocente, Luciano não se esconde". A propósito, o réu foi o único a entrar pela porta da frente do Foro e acabou chamando atenção ao passar mal e receber atendimento médico.

Jean é casado e pai de três filhos. Duas meninas de 16 e 14 anos, e um menino de 20.

A TESE
Negativa de autoria, desclassificação e uma terceira tese, a qual Jean, em tom de suspense, disse que não pode adiantar, devem ser sustentadas no júri:

- Ele nega que colocou fogo na boate, nega que recebeu aquelas informações do cara da Kaboom (loja de fogos de artifício em Santa Maria). E queremos desclassificar para homicídio culposo, sem a intenção de matar. Também temos uma terceira tese aí... mas essa não posso comentar.

Antes do Caso Kiss, ele ganhou notoriedade no Caso Bernardo. Ele defendia Edelvânia Wirganovicz durante o julgamento que ocorreu na cidade de Três Passos, em março de 2019. Ela era amiga da madrasta do menino de 11 anos, assassinado em abril de 2014, e foi condenada a 22 anos e 10 meses por homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver. Outro caso de repercussão foi o "júri do Beijo" em Venâncio Aires, em que a mulher, vítima de cinco tiros, pediu beijo ao réu durante o julgamento. O homem, que respondia por tentativa de homicídio e porte ilegal de armas em agosto de 2019, foi condenado a sete anos de prisão em janeiro do ano passado.

QUEM FAZ A DEFESA DE LUCIANO 

  • Jean de Menezes Severo, 43 anos
  • Gustavo Nagelstein, 42 anos
  • Filipe Décio Trelles, 27 anos
  • Antonio Prestes do Nascimento, 74 anos
  • Martin Gross, 27 nos
  • Tomas Gonzaga, 32 anos

Atuação no Caso Kiss

  • Desde 2019*

*A exceção é de Antonio Prestes, que aderiu ao grupo neste ano

Tese

  • Negativa de autoria e desclassificação

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