Educação

Para não largar faculdade, estudante de Direito leva a filha nas aulas em Santa Maria

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Em uma sala de aula cheia de adultos, quem chama a atenção é a pequena Antonia, 6 meses. Ela já virou o xodó de professores e alunos do curso de Direito noturno da Ulbra. É que, às vezes, a mãe dela, Caroline Domingues Gimenez, 21 anos, não tem com quem deixar a bebê e, para não faltar às aulas, leva a criança para a instituição.

Caroline está entre o 7º e o 8º semestre do curso e, desde março, quando precisa, incrementa as lições com a alegria e os brinquedos de Antonia. A jovem não tem ninguém da família em Santa Maria. Sua mãe e os irmãos moram em Uruguaiana, e o pai, na grande Porto Alegre.

No Coração do Rio Grande, ela divide apartamento com uma amiga. A família do pai de Antonia se comprometeu em tomar conta da menina, mas, muitas vezes, outros compromissos impedem os valiosos cuidados. Como não há opções de creches noturnas na cidade e como Caroline não tem condições financeiras de contratar uma babá, restou à jovem mãe contar com a boa-vontade e a compreensão da turma e dos mestres.



Segundo Caroline, em momento algum, ela pensou em desistir do curso. Ela é bolsista pelo Prouni na instituição, por isso, não arriscou em perder a oportunidade.

— Eu nunca vi a minha gravidez como um empecilho para nada. Eu estou quase no final do curso, não poderia largar tudo. Eu vim de Uruguaiana para Santa Maria para estudar e não vou voltar pra lá sem estar formada — diz a estudante.

A jovem conta que encontrou nos professores e nos colegas, verdadeiros amigos. Quando precisa levar a menina à aula, conta com o apoio de todos. Segundo os colegas, a bebê é calma e não atrapalha nunca o andamento das aulas.

Ainda que não seja uma atitude aceita pela instituição, há docentes que permitem a menina em sala de aula. Segundo uma das professoras, Silvia Lopes da Luz, 49 anos, quando a estudante disse que teria de faltar às aulas, ela não pensou duas vezes e deixou que a bebê a acompanhasse:

— Às vezes, a Caroline não tem com quem deixar a Antonia. Além disso, ela não tinha como transferir o curso para Uruguaiana. A gente vê que ela se esforça pra cuidar da menina e estudar. Como não vamos dar apoio e acolher a criança? — questiona a professora.

Silvia afirma que estuda uma forma de utilizar a brinquedoteca da instituição como um espaço para que alunas como Caroline tenham onde deixar as crianças enquanto estudam. Segundo ela, a ideia não é fazer uma creche, mas, sim, um projeto de extensão que seja mais uma alternativa para as mães estudantes.

A futura advogada afirma que não é fácil estudar e tomar conta da menina. Ela deve concluir o curso no final de 2016 e, até lá, será preciso conciliar a faculdade e os cuidados com Antonia, que vai seguir enchendo de graça a sala de aula.

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