Todos os dias, a bióloga Anny Luiza Brasil, 78 anos, espera o jornal na expectativa de completar as palavras cruzadas. Para ela, o hábito serve para entreter, informar e ampliar conhecimento em diferentes áreas. A idosa conta que, quando era professora, usava as palavras cruzadas também como dinâmica de ensino.
– Sempre achei que os passatempos serviam como dinâmica de aprendizado. Até hoje, ao deparar com palavras diferentes, inclusive em outras línguas, aprendo coisas. Como resultado do exercício, tenho uma excelente memória, principalmente, para números – conta.
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Para Carmem Andrade, pesquisadora de envelhecimento humano, o exercício de completar palavras cruzadas é resultado de hábitos saudáveis realizados há muito tempo. Segundo a pesquisadora, pessoas que se dedicam a responder o passatempo, geralmente, costumam ler e se informam com frequência.
– Conheço pessoas que fazem questão de comprar jornal para completar as palavras cruzadas. É uma questão de hábito. Até o exercício de ir à banca já faz parte desse processo, que é bastante positivo. Passatempos são desafios, e desafio é vida – enfatiza a pesquisadora.
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Há uma década, a professora aposentada Baudiria Rocha, 82 anos, faz palavras cruzadas todos os dias. Entre os níveis fácil e médio, ela se sente privilegiada quando consegue completar todos os quadradinhos e garante que não olha as respostas no final do livro.
– As palavras cruzadas do jornal eu acho mais difíceis, mas insisto nessas também. Para mim, o passatempo é uma companhia. Além disso, exercito a memória. Guardo nomes e números com facilidade.
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Segundo o neurologista Enedir Teixeira, completar palavra cruzadas ajuda o cérebro a ativar circuitos neurais relacionados à memória, tanto à memória recente quanto à memória remota e, isso feito com frequência, possibilita novas conexões no cérebro. O médico recomenda que esses exercícios sejam feitos desde a juventude.
Teixeira acrescenta, ainda, que outros exercícios de memória, como jogos de computador, refazer com a mente as atividades realizadas no dia anterior e resolver cálculos matemáticos são atividades importantes, principalmente na velhice, para manter o cérebro ativo. O gerontólogo e professor José Francisco Dias acredita que exercícios físicos e intelectuais contribuem para uma velhice com qualidade de vida.
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– Nos encontros do Coletivo Idoso Cabeça (CIC), por exemplo, percebemos que os velhos compartilham a sabedoria da vida, diferentemente do aprendizado das universidades. Além disso, eles são bons em raciocínio lógico. Essas características são resultado de exercícios mentais. Nosso cérebro também precisa de musculação – aponta o professor.