Artigo

OPINIÃO: Todos os homens do(s) presidente(s)

Alfeu Bisaque Pereira

Como é possível imaginar que alguém que assuma a Presidência da República, cargo da maior responsabilidade como é o de dirigir a nação brasileira e os brasileiros, possa se cercar de pessoas que, sabidamente, não representam o melhor da ética, para dizer o mínimo. O presidente Lula, a presidente Dilma e o presidente Temer se cercaram de ministros e colaboradores sabidamente inconfiáveis do ponto de vista da honestidade. 

OPINIÃO: De um avô, sobre seus netos: desafios de passado e futuro

Veja-se, por exemplo, para falar só de um, o ex-ministro e colaborador do governo, Geddel Vieira Lima. Está na cúpula diretiva da nação há mais de meio século e já figurava entre os investigados na CPI dos anões do orçamento em 1993, há 24 anos passados. Seria razoável tê-lo como ministro? Nos três últimos governos, 18 ministros estão sob investigação por desvio de recursos nas gestões petistas – quatro no período Lula, 10 no de Dilma e outros quatro comuns aos dois governos. No governo Temer, dos 24 ministros, 15 estão sendo, de alguma forma, investigados.

OPINIÃO: Quem tem boca vai a Roma

Os três governos teriam falhado nos critérios de escolha, ou teriam sido cúmplices de tudo o que aconteceu? Deve ser entendido que uma pessoa que tenha autoridade direta e imediata sobre um agente ou grupo de agentes que pratica crimes e ilicitudes em geral em situação ou contexto de que tenha conhecimento ou necessariamente devesse tê-lo, essa autoridade pode ser responsabilizada pela infração do mesmo modo que os autores imediatos. Lembremos o que diz o Artigo 29 do Código Penal, que estabelece: Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade. 

OPINIÃO: Bolsonaro não me representa!

Para ser responsabilizado, basta a participação na forma de autoria, coautoria ou participação. Portando, a lei abarca não só o autor imediato do crime, aquele que pratica o tipo penal, por exemplo matar, mas todos os que de alguma forma participaram do ilícito, por exemplo, aconselhar a matar, dar informações para matar, fornecer os instrumentos para matar etc. Assim, não precisa ficar provado que Lula, Dilma ou Temer praticaram o verbo nuclear – crime. Basta demonstrar que foram partícipes, de alguma forma, dos crimes perpetrados. Não é necessário ter a posse da mala com dinheiro para a corrupção passiva se consumar; basta ter colaborado para o iter criminis (caminho do crime) na sua fase externa. Aquela que deixa e ser mera cogitação e já passa para a fase da execução.

OPINIÃO: Descaminhos eleitorais

Feitas essas colocações, resta-nos refletir. A ninguém era desconhecida a vida pregressa dos colaboradores, muito menos da maior autoridade do país, especialmente com a ajuda da Abin – Agência Brasileira de Inteligência. Feitas as nomeações, pressupõe-se que o superior conhecia os atos dos subordinados, ou os subordinados agiam sempre em nome próprio sem a menor prestação de contas ao chefe? Se era assim, estamos diante de uma completa incompetência coletiva que torna desconhecido tudo o que acontece no palácio do chefe. Nada sabem, não ouviram falar e acreditavam piamente nos seus colaboradores, tanto que continuam jurando inocência de todos, até mesmo de alguns já condenados.

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Anterior

OPINIÃO: Do papel de cada um dentro da sociedade

Próximo

Pelo menos 6 cidades da região registram temperaturas negativas

Geral