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OPINIÃO: Sobre arte, palco e plateia

Rose Carneiro

Nathalia Timberg não é uma global, a menos que a referência seja o globo, o mundo. A atriz nasceu em 1929, fez sua primeira aparição no cinema em 1937, participou de dezenas de trabalhos memoráveis e premiados no teatro, televisão e cinema e passou por quase ou todas emissoras de TV brasileiras. Uma estrela de grandeza e talento infinitos.

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Chopin. Ele, um menino prodígio, um talento musical que compôs sua primeira obra aos 8 anos de idade. Vida curta, faleceu aos 39 anos, mas não menos intensa e produtiva: Chopin figura entre os maiores compositores para piano e dentre os melhores pianistas do período romântico e da história da música.

No piano, Clara Sverner, considerada uma das maiores pianistas do país. Aos 4 anos de idade, a pequena venceu a escuridão de um corredor no hotel onde estava em férias com a família, para buscar o som que vinha de um piano. Era um sinal. Aos 5, ganhou seu primeiro piano. Aos 6, já interpretava peças em auditórios de rádio. Aos 81, é uma pianista de fama internacional, mas ela é muito mais do que o brilho da sua fama, assim como Nathalia. Clara, ensaia todos os dias. Segundo ela, “se deixar de praticar piano um dia, você percebe. Se deixar de praticar dois, os críticos percebem. E, se ficar três dias, aí até o público percebe”.

E este trio, de classe internacional, esteve no palco no nosso Theatro Treze de Maio, na última semana. Clara ao piano, Nathalia numa atuação impecável sobre a vida de Chopin, e ele, bom, ele é ele. 

As duas artistas dedicaram dias, semanas, meses, uma vida, para apresentar ao público um recital em duo de qualidade indiscutível. Em cena, como bem descreveu Roger Lerina “à medida em que se mencionam episódios da história do compositor, videografismos com imagens de pessoas, cidades, teatros e residências são exibidos ao fundo – as projeções em preto e branco aparecem de forma fluida e sutil, emoldurando o espaço cênico como elegantes marcas d’água sobre as telas escuras”. Tudo impecável, emocionado, emocionante. 

Sim, elas dedicaram uma vida de talento, de trabalho, para dar o melhor para sua plateia. E escolheram Santa Maria, escolheram o Theatro Treze de Maio, que Nathalia se refere como uma “jóia”, um “teatro de côrte” em que o artista fica tão próximo ao seu público que a plateia passa a fazer parte do espetáculo. Que responsabilidade!

Um privilégio para todos nós! Uma emoção que muitas pessoas dessa plateia externaram na saída do espetáculo. 

Ah, sobre o que ela falou no final da primeira sessão? Chamou a atenção de uma fã que não se conteve e decidiu fotografar o tempo inteiro. Pediu a atriz que ela pensasse em quem está no palco, imbuído da missão de dar o melhor de si, para que o espetáculo seja inesquecível, porque os flashes incomodam, atrapalham e podem comprometer o que está tão perfeito. Ela não falou só por ela, mas pelo público que merece sempre o melhor. 

Se elas se prepararam tanto para dar o melhor a nós, o mínimo que nós podemos fazer é dar o nosso melhor também. Simples assim.


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