Quem tem boca vai a Roma, mas não basta. Quem for por lá e não almoçar ou jantar na Salumeria Roscioli não terá ido a Roma! Viajamos o tempo todo, minha mulher e eu. Vocês que não têm o que fazer e leem o que aqui escrevo estarão fartos de saber. Fazemos viagens curiosas. Por exemplo, em maio de 2015, fomos a Firenze, por conta de uma palestra que me convidaram a fazer na Università degli Studi di Firenze. Uma conversa a respeito da Utopia de Campanella. Felizmente, ainda me chamam, e lá vamos nós.
De Firenze, nos mandamos para Roma, antes de vir para Paris. Não, não foi bem assim. Embora estivéssemos juntos, Tania foi a Firenze e Roma, e eu, a Firenze e à Piazza Navona. Como a minha perna dói às pampas (todos sabem disso!), eu pretendia sair da Piazza Navona, ao lado do nosso hotel, apenas para irmos à Salumeria. Na verdade, no entanto, foi quase assim. Pois ela me fez caminhar para revermos lugares fascinantes, nos quais é como se tomássemos a História nas mãos.
OPINIÃO: Precisamos falar sobre ISTs
Caminhamos lentamente pelo Foro Romano, até alcançarmos o Carcere Marmetino, onde esteve preso São Pedro. Alegria e tristeza se enlaçando em nossos corações. Há anos, quando lá estivemos a primeira vez em nossas vidas, descemos até o mais fundo do chão, até a fonte de água pura que há lá. Água que escorreu pelas mãos de São Pedro! Hoje, ficamos lá em cima, mas é como se nossos olhos a alcançassem. Vivemos momentos encantadores na Abadia de Santo Anselmo.
De repente, ao encontrarmos um monge beneditino que lá vive, no Aventino, reconheci-o! Era Dom Geraldo Gonzalez y Lima, que foi meu aluno, há muitos anos, na Velha Academia, a Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Qualquer dia destes, escreverei sobre elas, as Velhas Arcadas do Largo de São Francisco, onde fui professor por mais de 40 anos. O que importa agora é que este amigo de verdade, Dom Geraldo, abriu-nos as portas não somente da Abadia, mas do Vaticano. Tenho muito a contar, mas, agora, desejo lembrar o final de tarde do dia 13 de abril, neste ano, quinta-feira da Semana Santa, quando lá estivemos, na Abadia de Santo Anselmo, participando da Missa dos Santos Óleos e do Lava-pés, celebrada pelo Cardeal Lorenzo Baldisseri.
Bah! Como o mundo é pequeno! Conheci-o em Brasília, ele era embaixador da Santa Sé no Brasil. Lentamente, tornamo-nos amigos. Lentamente porque, quando nos apresentaram, ele fora já informado a respeito da minha simpatia pelo velho Marx. Depois, como o que é dito desde o fundo do coração e da alma tudo diz, ele há de ter percebido que, pelo menos no Brasil, os marxistas sabem bem que são servos de Deus. O Cardeal Baldisseri – guardem bem o seu nome, já que o futuro vem aí! –, além do mais, é pianista. Um pianista que convidava os amigos para ouvi-lo tocar na embaixada, inclusive eu!