No dia 7 de agosto deste ano, a comunidade do ainda Centro Universitário Franciscano, logo UFN, teve o prazer de escutar e aprender com o economista e professor da Unicamp Marcio Pochmann, que, entre os cargos que ocupou, destaco a presidência do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), consultor das Nações Unidades (ONU) e professor pesquisador visitante das melhores universidades na Europa e América Central.
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Ele esteve na cidade como palestrante da segunda conferência da 21ª edição do Simpósio de Ensino, Pesquisa e Extensão (Sepe) da Unifra. A conferência foi de aproximadamente 90 minutos, sem qualquer recurso eletrônico ou audiovisual. Dentre os ensinamentos da conferência, alguns pontos me marcaram e divido com os leitores deste espaço.
Na visão do economista Márcio, um país para ser potência mundial tem que ter três ferramentas em sua composição: capacidade produtiva, incentivo à tecnologia e forças armadas devidamente equipadas. Pois bem, na minha opinião, o Brasil não tem nenhum destes itens. Capacidade produtiva até temos se nos detivermos à produção de grãos, minério de ferro, café, suco de laranja, ou seja, basicamente commoditties, que o País exporta regularmente.
A ausência de incentivo tecnológico e de investimento em tecnologia de ponta chega ao extremo. Podemos ser ¿desligados¿ a qualquer momento pelo simples motivo que nem sequer temos um satélite em órbita. No caso das Forças Armadas devidamente equipadas, no meu entendimento, nunca tivemos.
Nossas fronteiras são exemplos claros disso. Pochmann esclareceu a dependência nacional diante das exportações, considerando que o Brasil se apresenta atualmente com uma moeda fraca, sem difusão tecnológica e sem Formas Armadas, diante de uma estratégia de posicionamento errônea perante o mercado mundial. Saliento que, quando um país prefere vender para fora, parte-se do princípio que as pessoas aqui não têm renda. Ou seja, há uma camada urbana de subempregos que tomou conta dos espaços urbanos, trabalhando por migalhas.
E é justamente essa camada que paga mais impostos cobrados nos produtos e serviços, e não na tributação das grandes fortunas. O professor Pochmann deixou claro que o desrespeito à democracia no Brasil ganhou status de normalidade, prova disso é o nosso sistema democrático, que, pela manutenção da riqueza de alguns, deixa um rastro de desigualdade.
Por fim, o professor ressaltou que o Brasil migra para uma situação caótica, mas há de se ter esperança no homem público. Sem isso, o medo dará espaço à subordinação das pessoas já detentoras do poder. Nesta conferência, percebi, além de todos os ensinamentos passados, que debate e confronto de opinião e ideias são chave para o crescimento e desenvolvimento do País. Neste sentido, a universidade tem por obrigação promover o debate, disseminar informação e, acima de tudo, propor ¿caminhos¿. Caso contrário, seremos sempre o País dos especialistas: o especialista do olho direito e o especialista do olho esquerdo, ou, como disse Pochmann, o Brasil tão complexo, que o seu passado possa parecer incerto!