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OPINIÃO: Antes de crer, há a imperiosa necessidade de compreender

Jader Hoffmeister

Outro dia, alguém me perguntou por que sou espírita. Essa, talvez, seja a pergunta mais fácil de responder e por uma razão muito simples. Porque foi no espiritismo que encontrei as respostas a questões que me angustiavam desde a minha adolescência. Lembro que eu fazia algumas perguntas para o meu professor de religião cujas respostas não me satisfaziam nem um pouco. Lembro-me de uma que era a seguinte: se Deus conhece o passado, o presente e também o futuro de cada um de nós, por que razão Ele permite alguém nascer sabendo que esse alguém irá cometer muitas atrocidades, tirar a vida de muitos inocentes e quando morrer irá para o inferno? 

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Naquela época eu ainda acreditava em inferno e em céu. Ah, e em purgatório também. Acreditava, igualmente, que se a autoridade religiosa perdoasse os meus pecados eu estaria limpo para, novamente, sair pecando sem medo das consequências advindas no dia do aterrorizante juízo final, pois bastava confessar e dizer que eu estava arrependido, cumprir uma penitência para voltar a ter a minha ficha limpa novamente para que, quando morresse, ter direito a ir para céu. Essa era a minha lógica, furada, é claro. 

À medida, porém, que a adolescência foi cedendo lugar ao adulto que surgia, o “acaso” (dizem que o acaso é quando Deus não quer assinar o nome) colocou no meu caminho um livro que mudaria totalmente a minha visão em relação à religião, à vida, ao mundo e às  pessoas. Chamava-se O Livro dos Espíritos, de alguém que até então eu não conhecia e, sequer, tinha ouvido falar. Um tal de Allan Kardec. Li, e ao encerrá-lo (lembro como se fosse hoje) disse para mim mesmo: a partir de hoje sou espírita, pois havia encontrado naquelas páginas todas as respostas para os meus questionamentos, mas não respostas simplistas ou respostas filosóficas daquelas que deixam o leitor ainda mais confuso. Não! Eram respostas lógicas e racionais, aceitas, integralmente, pela minha razão. 

Com o tempo percebi que as respostas contidas naquele livro compõem uma filosofia de uma lógica irreplicável, acentuada na racionalidade e respeito à inteligência humana e, o que é raro em religião, não exige a aceitação da fé sem razão e incentiva os homens a raciocinarem e passarem tudo pelo crivo da razão, pois em termos de fé, não fomos educados e nem educamos nossos filhos para raciocinarem, questionarem e querer saber os porquês, já que, na maciça maioria dos casos, recebemos um pacote fechado de pai para filho, sem questionamentos e nenhuma preocupação e curiosidade em querer saber “quem sou?”, “de onde vim?”, “por que vim?” “o que estou fazendo aqui?” e “para onde vou?”. Por isso, não raro, nascemos, vivemos, envelhecemos e morremos, sem tirarmos o lacre desse pacote fechado, pois em termos de fé aceitamos tudo quase sem nenhum questionamento e sem entender a importância e a necessidade de que, antes de crer, há a imperiosa necessidade de compreender.  


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