Artigo

OPINIÃO: Adoção é amor

Marta Tocchetto

Nunca fui um exemplo de amor aos animais, mas estou há anos-luz da indiferença. A ligação pouco íntima, acredito ser porque eu era a filha mais velha e tinha que cuidar dos irmãos menores. Enquanto eles brincavam com a Diana, uma cachorra marrom e peluda, uma pura vira-lata, eu tinha que cuidá-los para que não saíssem de perto. Minha preocupação é que fugissem, e eu não soubesse onde estavam quando minha mãe os procurasse. Se eu entrasse na brincadeira, poderia me distrair. 

Sempre fiz questão de ter cães em casa. Acredito que crianças que têm animais são mais amorosas, mais afetivas e respeitosas. Quando fomos morar em uma casa, os filhos não viam a hora de ter um cachorro. No primeiro aniversário, o presente foi a Mila. Era uma pastor alemão obediente e companheira. Sucederam-se coelhos, gatos e outros cães. 

OPINIÃO: Precisamos falar sobre ISTs

Os filhos deixaram Santa Maria por opção profissional, mas os animais permaneceram. Zeka, um poodle temperamental, somente se acalmou quando a idade chegou. Cinderela, uma gata persa cinza, criada dentro de casa, é minha companheira constante. Somente me abriu espaço depois da saída de casa da filha. Até então, as duas se bastavam. Continua assim quando ela vem nos visitar. 

OPINIÃO: Mesmas coisas

Há três Páscoas, presenteei a neta com um coelho. Cutchuco é da raça lion head, apaixonado por banana e couve. Faz até as necessidades na caixinha de areia. Como a neta mora em um apartamento, o coelho também ficou sob meus cuidados. No pátio, reinava, absoluta, a Charlotte, uma pastor alemão, superativa. Não parava quieta. O carinho desajeitado, misturado à força, machucava quando o abraço se confundia com uma patada. Nas últimas semanas, o vigor deu lugar a muitas dificuldades. Ela, que nos deu tantas alegrias e demonstrações de fidelidade, não merecia sofrer. O companheirismo e a alegria foram substituídos por um misto de tristeza, lembranças e saudades.

OPINIÃO: Sonho de Gaiteiro 

Em meio ao vazio, chegaram Frida e Tarsila, duas filhotinhas com o genuíno pedigree ¿sem raça definida¿. Haviam sido abandonadas no Parque Itaimbé e estavam sob o amparo dedicado de uma cuidadora. A experiência da adoção, que foi sugerida pelos meus filhos, fez-me conhecer e admirar o trabalho dessas pessoas que se dedicam a cuidar de animais abandonados e a encontrar alguém capaz de trocar carinho. A paixão que dedicam, o desprendimento e a capacidade de amar são dignos do maior respeito e valorização. 

OPINIÃO: O silêncio das panelas

Em um mundo a cada dia mais egoísta e carente de solidariedade, é motivo de destaque a entrega apaixonada à causa dos animais. Aliás, todas as entregas apaixonadas em prol do coletivo merecem respeito e admiração. As grandes transformações ocorrerão por meio das pequenas atitudes e dos atos de amor sem restrições de raças, de credos, de gênero. Amor é entrega irrestrita. É doação. É adoção. Este texto é, sim, uma homenagem ao ensinamento e ao exercício do amor em prol da construção de um mundo melhor para todos seres, indistintamente. 

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