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OPINIÃO: A busca pelo empreendedor

Mateus Frozza

Com a queda acentuada no nível de emprego e, consequentemente, da atividade econômica, o número de novas empresas vem aumentando no Brasil. No entanto, empreender requer planejamento, orçamento, execução e, acima de tudo, persistência. No cenário atual de desaceleração econômica, o consumo declinante devido aos 14 milhões de desempregados (valor aproximado estimado pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua - Pnad do IBGE, referente ao último trimestre) manter-se em atividade é prova de sobrevivência para empresário de qualquer porte e atividade. 

Foto: Elias

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A queda no consumo, atrelada ao desemprego, está forçando, no meu entendimento, novos empreendedores sem ter vocação ou desejo inicial. O empreendedor deve buscar sempre algo que tenha afinidade, conexão, empatia e conhecimento. Por exemplo, se você não gosta de animais, não monte um pet shop, se você não gosta de fazer a barba, não monte uma barbearia, se você não gosta e não sabe fazer hambúrguer, por favor, não empreenda achando que “vai dar dinheiro”. Da mesma forma, se você leva seu cachorro no pet, é bem atendido e percebe que está sempre lotado, isso também não significa que você deve abrir um. Não funciona e nunca funcionou assim. 

Em função da deterioração do mercado formal de trabalho, quem perdeu emprego buscou a geração da própria renda. Empreender sempre movimenta, de fato, a economia, mas quando realizado por necessidade, acaba sendo um autoemprego. Não gera novos postos de trabalho e não traz inovação. O que acontece, na maioria das vezes, é o empreender pela motivação e pela emoção, sem pesquisa de mercado e com carência de conhecimento em gestão. 

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Para prosperar e serem longevos, os novos negócios devem oferecer soluções diferentes das já existentes e conhecidas pelo mercado. Lembrando que “DNA” do empreendedorismo é o mesmo da inovação. No meu entendimento, a academia, muitas das vezes, não conversa com o mercado, mas isso não significa que a formação superior e a pós-graduação não sejam necessárias. Observo consultores oferecendo milagres, e o coach, a salvação para os negócios. Para ser consultor é necessário conhecimento técnico, vivência empresarial, resultados condizentes e um sólido caminho na academia com graduação e pós-graduação. Fazer um curso de coach, muitos de um trimestre, outros de um ano, e obter certificações não reconhecidas pelo Ministério da Educação, e, mesmo assim, prometer a garantia de resultados positivos, na minha opinião, é, sim, duvidoso. 

Recente levantamento do Sebrae  e da Endeavor revelou que a universidade é uma das fontes menos procuradas pelos jovens brasileiros para empreender. Arrisco-me a justificar este fato pelo simples motivo que acreditar em  milagres é menos penoso do que baixar a cabeça e trabalhar.


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