Mundialmente, os 16 dias pelo fim da violência contra as mulheres se iniciam no dia 25 de novembro, Dia Internacional Pelo Fim da Violência Contra as Mulheres. O movimento conta com a adesão de mais de 160 países, dentre eles o Brasil. A ideia do movimento é visibilidade, debate e conscientização para o problema da violência contra mulheres. O último é o dia 10 de dezembro, Dia Internacional de Direitos Humanos.
No Brasil, a data inicial é 20 de novembro, dia Nacional da Consciência Negra, instituído pela Lei nº 12.519 de 2011. A data foi inserida no calendário dos 16 dias para lembrar a dupla discriminação sofridas pelas mulheres negras, gênero e etnia, especificamente, a cor. Em 20 de novembro de 1695, morre degolado Zumbi dos Palmares, importante líder negro que “governou” o Quilombo dos Palmares, que, à época, pertencia a Pernambuco. Lutou incansavelmente contra a escravidão, liberdade do homem negro, de sua cultura, religião, etc.
O Brasil é um país multicultural. Temos influências de diversos povos: italianos, holandeses, portugueses, alemães, espanhóis, franceses, árabes, judeus, japoneses, chineses, sírios, africanos e outros. Assim, podemos perceber que a influência de todos foi e é grande em nossa herança cultural e genética. Os africanos trouxeram consigo a música (samba, bossa nova), comida (feijoada, vatapá, caruru), religião (candomblé) e, hoje, sem discussão, são a gênese da cultura brasileira, como o são a influência de outros imigrantes que aqui chegaram. Mas, basta tocar um samba em qualquer país do mundo que todos vão falar: Brasil, e o samba vem de onde?
No Rio Grande do Sul, temos um maior legado dos povos advindos da Europa, mas não podemos negar a influência dos demais, dos africanos, esses que vieram como escravos, sofreram todo tipo de atrocidades e desrespeito inimagináveis. Hoje, ainda, sofrem discriminação e preconceito. Não podemos dizer que o Brasil não é um país racista, porque, se afirmarmos isso, estaremos sendo hipócritas. Comentários como: “eu não sou racista, mas não quero que meu filho/a case com um negro/a porque não quero ter neto negro/a”. Dói escrever, dói ouvir, para mim que sou branca. Imaginem para um negro. Toda e qualquer empatia que eu tenha com a causa – e eu tenho –, jamais vai ser o real sentimento de um negro ou negra discriminado. Só eles sabem o quanto isso é abominável.
Preconceito e discriminação são crimes. Em nossa legislação, a injúria qualificada art. 140, §3º, Código Penal, que é a situação de discriminação por palavras preconceituosas referentes a etnia; também o racismo propriamente dito, que está na Lei nº 7.716/89, prevê diversas situações, como o fato de a pessoa ser impedida em ter acesso a algum estabelecimento comercial em razão da etnia, da cor. Dentro do peito de ser humano, preto ou branco, pulsa um mesmo coração. É chegada a hora de tirar nossa nação das trevas da injustiça racial (Zumbi dos Palmares).