Operação Santidade: o que está em investigação e o que dizem os envolvidos

Redação do Diário

Operação Santidade: o que está em investigação e o que dizem os envolvidos
Fotos: Eduardo Ramos (Diário)

Na manhã de quinta-feira (17), foi deflagrada a “Operação Santidade” para investigar um possível esquema de direcionamento de certames públicos. Suspeito de ser o mentor intelectual, o prefeito de Itaara, Silvio Weber (PSB), nega a participação e afirma ser uma perseguição do vereador e presidente da Câmara de Vereadores, Robertson Tatsch, também conhecido como “Mano Zimmermann”. Veja abaixo o que se sabe até agora e o que dizem os envolvidos:

O que está em investigação

O Ministério Público investiga supostas irregularidades e superfaturamento em serviços prestados por terceirizadas ao município de Itaara

As investigações apontam que a prestação de serviços de pavimentação, limpeza de solo e manutenção de ruas, avenidas e estradas não teriam sido feitas totalmente e o pagamento era feito na integralidade

O suposto esquema que seria capitaneado pelo prefeito Silvio Weber (PSB) teria desviado R$ 471 mil

O MP também investiga um assalto à casa do presidente da Câmara, Mano Zimmermann, do mesmo partido do prefeito, mas adversário político. O “autor intelectual” do roubo seria o chefe do Executivo. O vereador não estava em casa no momento do fato. Os suspeitos teriam permanecido por horas à espera de Zimmermann e perguntando sobre um computador, que teria provas de supostas irregularidades contra o prefeito já apuradas em uma CPI no Legislativo

Em quase dois anos, o prefeito Silvio Weber enfrentou seis CPIs e atritos com o Legislativo:

Abril de 2021

Câmara instala CPI para apurar a exoneração de servidores que atuavam como CCs que teriam apontado problemas em dois processos de licitação da prefeitura

Junho de 2021

Por conta da CPI, o prefeito acionou a Polícia Civil sob alegação de ter encontrado provas contra servidores que teriam induzido alguns vereadores na CPI

Julho de 2021

Câmara abre CPI para apurar viagem feita por Silvio Weber a Brasília, durante o Carnaval. A viagem não foi custeada por recursos públicos

Outubro de 2021

Mais três CPIs são instaladas contra a gestão de Weber a partir de denúncias de servidores que estavam afastados da prefeitura. Esses funcionários foram alvos de uma notícia-crime protocolada pelo prefeito no MP por supostas condutas ilegais na função

A primeira delas foi relativa a uma viagem feita por um diretor com um veículo público. A segunda, sobre a contratação de uma empresa que fez trabalhos de infraestrutura ( objeto da operação do MP ontem). A a terceira, em relação à contratação de uma empresa contábil para fazer uma consultoria à prefeitura

Maio de 2022

A Câmara abre a sexta CPI, dessa vez para apurar a prestação de serviços de uma empresa à prefeitura em período sem contrato e sem pagamento. A compensação teria feito em contrato posterior. A CPI acabou extinta

Das CPIs, a maioria teve seus relatórios aprovados e enviados ao Tribunal de Contas do Estado e ao MP

Em todas as denúncias, Silvio Weber alegou que não havia irregularidades e alegou perseguição política

O que dizem os investigados

Prefeito Silvio Weber (PSB)

“Fizeram uma busca e apreensão que teria droga e dinheiro em casa. Não tem nada”.

“Pra mim, tudo isso é surpresa, não tem nenhuma irregularidade. Estou muito tranquilo quanto a isso”.

“É bom que isso esteja acontecendo, vai ser provado que não tem nada de irregularidade e vamos tomar as providências jurídicas. Que bom que está sendo averiguado, porque vai ser provado as inúmeras denúncias infundadas de que não existe nada de irregularidade, não existe nenhum contrato superfaturado. E o resultado final vai botar um ponto final nessas inúmeras denúncias, que são feitas pela oposição 24 horas, levantando inúmeras suspeitas de supostas irregularidades. Na verdade, não tem nada de irregularidade”.

“Tudo isso é só politicagem, é armação política para tentar desgastar politicamente, não tem nenhuma irregularidade”.

“Tudo é uma armação para tentar me incriminar. É o presidente da Câmara que me persegue há dois anos direto”.

“Não tem fundamento nenhum (roubo na casa do presidente da Câmara), é mais uma armadilha para tentar me incriminar, tudo vai ser esclarecido. Tem uma rivalidade política que ele me persegue, mas é uma denúncia infundada”.

Presidente da Câmara de Vereadores, Mano Zimmermann (PSB)

“A alegação é infundada. Não existe perseguição política”.

“O fato é que os bandidos que invadiram minha casa foram condenados a 12 anos e meio e eu sei que o Ministério Público estava tentando uma delação pra eles apontarem o mandante. Eu não sei informações, mas acredito que por isso citarem essa questão e fizerem essa operação de hoje, eles devem ter provas contundentes, né?”.

“A defesa (do prefeito) pode alegar o que quiser, a questão toda é que nós tivemos seis CPIs em que foram apontadas irregularidades, inclusive está sendo apontado esse contrato (alvo da operação). Eu sou um representante da Câmara, mas eu friso que a Câmara tem mais oito vereadores, então eu, simplesmente, delibero o que a Câmara decide. Eu só voto quando tiver empate: 4 a 4. Então, a alegação é infundada”.

“O Ministério Público não tomaria uma atitude dessas, não faria uma ação dessa magnitude se eles não tivessem provas contundentes. Não é simplesmente o presidente está me perseguindo. Inclusive, ele (prefeito) é do meu partido e, eu sempre cobrei o certo, se ele fizesse o correto, teria meu apoio político. Na Câmara, eu sempre fui muito imparcial, agora, questões erradas, eu jamais apoiaria”.

Secretária de Educação, Luciane de Andrades Lemos e diretor de Serviços do município, Victor Flores Niederauer

A reportagem tentou contato ontem com os dois servidores afastados, mas não conseguiu contato com nenhum deles. Não foram informados quem são os advogados de Luciane Luciane e Victor Niederauer

Vereador e ex-secretário é proibido de acessar prefeitura

Além do prefeito Silvio Weber, da secretária da Educação e do diretor de serviços, as medidas judiciais atingiram o vereador Oberdan Nunes da Rosa (PSB), que foi secretário de Infraestrutura e Serviços de Itaara. O parlamentar também foi alvo de busca e apreensão em sua residência, porém a determinação judicial contra ele se limita somente à proibição de acesso à prefeitura.

Rosa disse que é o maior interessado que a apuração seja concluída e que não há irregularidade na prestação de serviço, já que, à época, era secretário de Infraestrutura. Segundo ele, o trabalho executado foi pago. Acrescentou que as denúncias partiram “do nosso colega” que tem “um problema pessoal com o prefeito”.

– Eu acredito na Justiça, acredito que tem de ser apurado e, se tiver culpado, que seja punido dentro da lei, mas eu digo de certeza: aquilo que foi executado, foi pago. Não foi pago nem a mais nem a menos o serviço que foi feito. Nunca tive meu nome envolvido em coisa nenhuma. Estou com minha consciência bem tranquila. Espero que seja apurado o mais breve possível. Ter a casa invadida de manhã cedo pela polícia e pelo Ministério Público é horrível. Somos pessoas de bem – afirma o vereador Oberdan.

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