Obras paralisadas de creches da prefeitura têm prazos cobrados pelo MP

Redação do Diário

Obras paralisadas de creches da prefeitura têm prazos cobrados pelo MP
Obra da EMEI Monte Bello, em Camobi, parada desde dezembro do ano passado. Foto: Pedro Piegas (arquivo)

O impasse das obras paralisadas de duas creches em Santa Maria terá mais um capítulo na próxima semana. Está marcada, para o dia 10, uma reunião entre prefeitura de Santa Maria, Ministério Público (MP) e a empresa contratada para buscar uma solução. A situação é acompanhada pelo MP e, ainda em outubro do ano passado, foi firmado um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com a prefeitura, que não cumpriu os prazos estabelecidos no acordo. A multa pelo descumprimento pode chegar a R$ 3 milhões, mas ainda não foi cobrada porque os atrasos foram devidamente justificados, segundo o MP.

As obras das EMEIs Santa Marta, na Nova Santa Marta, e Monte Bello, em Camobi, estão paradas desde o fim do ano passado. As estruturas integram a lista das 10 creches do município previstas pelo programa Proinfância que foram prejudicadas após problemas com a MVC Soluções em Plásticos, que abandonou os projetos em todo o Estado há cerca de oito anos. Os projetos foram retomados em 2021, com novas licitações, vencidas pela K.A.J. Materiais de Construção Ltda, de Taquara. A mesma empresa também é responsável por construir a UBS Estação dos Ventos, no Bairro Presidente João Goulart, obra paralisada no mesmo período das creches.

O motivo das paralisações é o fracasso das negociações de aumento no valor dos contratos. A empresa alega que o preço dos insumos necessários subiu abruptamente durante a pandemia e que o valor contratado inicialmente não seria o suficiente para concluir a obra. O pedido de reequilíbrio dos contratos, segundo a empresa, existe desde abril de 2021, mas, um ano depois, ainda não há acordo sobre o novo valor.

O Ministério Público acompanha a situação, com foco especial nas obras das duas creches, em atuação conjunta da 2ª Promotoria Cível de Santa Maria, sob responsabilidade da promotora Giani Pohlmann Saad, e Promotoria Regional de Educação, comandada pela promotora Rosangela Corrêa da Rosa. De acordo com Saad, as promotorias monitoram a destinação das verbas do Proinfância mediante a instauração de um inquérito civil. Contribuíram para o inquérito a fila de 703 crianças na rede infantil de Educação no ano passado e o fato do município ter sido bloqueado do Sistema Integrado de Monitoramento Execução e Controle do Ministério da Educação (Simec), em 2019.

Situação da EMEI Santa Marta, no Bairro Nova Santa Marta. Foto: Pedro Piegas

Em 29 de outubro do ano passado, foi firmado um TAC com a prefeitura. O acordo previa um prazo de três meses para a conclusão das duas creches. Além disso, conforme o MP, o Executivo se comprometeu a abrir a licitação para outras três creches do Proinfância (EMEIs Medianeira, Residencial Lopes e Diácono João Luiz Pozzobon) até o fim de 2021 e concluir as obras em 15 meses. Nenhum dos prazos foi cumprido. Há previsão de multa de R$ 15 mil por dia para cada escola em caso de descumprimento injustificado do acordo, com limite máximo de R$ 3 milhões. Entretanto, conforme a promotora Giani Saad, a prefeitura justificou os atrasos, o que evitou a cobrança dos valores.

– Os prazos previstos atrasaram especialmente em razão da necessidade de reequilíbrios. As obras atrasaram um pouco. É um motivo plenamente justificado. Já tivemos reunião com o Ministério Público sobre isso, mantemos atualizadas todas as informações – afirma o procurador-geral do município, Guilherme Cortez.

O problema foi agravado com a paralisação das obras pela empresa responsável, o que motivou a reunião do dia 10. Um novo prazo para entrega deve ser discutido nesse dia.

– Diante do relevante interesse público e atuação para a consecução final do TAC nos termos iniciais da efetivação das obras, o Município de Santa Maria e empresa foram notificados para participarem de reunião na Promotoria de Justiça no próximo dia 10 de maio, visando a superação dos entraves que ensejaram a paralisação das obras – explica a promotora Giani Pohlmann Saad.

O responsável técnico da K.A.J, Eduardo Gastal, aguarda pela reunião e acredita ser possível um acordo. Ele critica a atuação da prefeitura, que não teria oferecido valores condizentes com os praticados pelo mercado.– Eu já tinha chegado a um ponto de desistir das obras, já que não tínhamos chegado a um denominador comum. Quando decidi tirar tudo e rescindir os contratos, apareceu essa reunião com o Ministério Público. Vamos ver agora, qual é essa solução – diz Gastal.

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A empresa aguardou até dezembro do ano passado, quando retirou as equipes de Santa Maria.

– Nós temos interesse em executar a obra. Mas é preciso reorganizar a maneira de fazermos esses reequilíbrios. A alta dos insumos segue, então vamos pedir ao Ministério Público a possibilidade de um reequilíbrio mensal, bimestral, algo do gênero. Só não podemos reiniciar a obra e, daqui a três ou quatro meses, com a alta dos valores no mercado, levarmos mais um ano e meio para uma resposta da prefeitura – explica o responsável da empresa de Taquara.

Conforme Cortez, o tema é tratado com prioridade pelo Executivo, e a expectativa é de que as obras sejam concluídas pela mesma empresa:

– A rescisão pode ser uma alternativa, mas ainda não trabalhamos com isso – afirma.

LICITAÇÃO SUSPENSA

A licitação da EMEI Medianeira, que é acompanhada pelo MP no âmbito do TAC, foi suspensa no dia 26 de abril. A abertura das propostas estava prevista para a segunda-feira. A suspensão foi justificada pela prefeitura “diante da necessidade de alterações no projeto técnico para complementação de informações e resolução de inconsistências”. O valor estimado para a obra era de R$ 4,28 milhões. 

Outra licitação cobrada pelo MP no ano passado já saiu do papel: a EMEI Diácono João Luiz Pozzobon, no bairro de mesmo nome. A ordem de serviço foi assinada em março e os trabalhos seguem sob responsabilidade da Binotto Construções Ltda, de Porto Alegre, ao valor de R$ 3,5 milhões.

A licitação da EMEI Residencial Lopes ainda não foi publicada. Conforme Guilherme Cortez, isso deve acontecer nos próximos dias.

Felipe Backes, [email protected]

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