“O que se quer é o respeito ao outro, ao ponto de vista contrário”, afirma Francisco José Moesch, presidente do Tribunal Regional Eleitor

Jaqueline Silveira

“O que se quer é o respeito ao outro, ao ponto de vista contrário”, afirma Francisco José Moesch, presidente do Tribunal Regional Eleitor

Presidente do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) responsável por coordenar as eleições no Rio Grande do Sul, o desembargador Francisco José Moesch concedeu entrevista ao Grupo Diário na véspera do início da campanha eleitoral. Na oportunidade, falou sobre a segurança e transparência das urnas eletrônicas, sobre a condução do pleito em um momento que se apresenta desafiador e a tensão envolvendo a disputa eleitoral. Moesch também fez um apelo pela paz e a harmonia nesta campanha e abordou o combate as fake News. Por fim, destacou inovações da legislação eleitoral a eleição e deixou um mensagem aos eleitores. Confira os principais trechos da entrevista com o presidente do TRE gaúcho.    

Diário de Santa Maria – Qual é  a expectativa do TRE gaúcho para uma das eleições que se apresenta como uma mais desafiadoras da jovem democracia?

Francisco José Moesch – Vejam bem, organizar, planejar, executar e fiscalizar as eleições, o Tribunal vem dando mostras já há tempo. Em um país continental como o nosso, o desafio das eleições realizadas em 2020 era sobre o que chamaria de o manto escuro da pandemia da Covid-19, e  mostrou que nós temos condições de enfrentar os maiores desafios. Então, o que nós queremos demonstrar para o eleitor e para a  eleitora são as garantias de segurança e transparência do processo eleitoral. A urna eletrônica tem 26 anos de sucesso, de robustez, com transparência e com auditabilidade em cada etapa. Em 26 anos, não existe uma reclamação fundamentada sobre votação e apuração, a nossa mensagem para as eleições, desde o meu discurso de posse, sempre foi de união, de concórdia, de paz e de harmonia. Isso é o que nós queremos. As eleições do Rio Grande sempre foram acirradas no debate de ideias, pelo estilo que temos, mas respeitosas. O que se quer é o respeito ao outro, ao ponto de vista contrário. Na democracia existe espaço para todos, nós temos espaço para conservadores, liberais, progressistas, para a extrema esquerda, para a centro esquerda, para a extrema direita, centro direita, temos espaço para todos do espectro ideológico, então é o que nós esperamos. Tenho certeza que nós vamos fazer no dia 2 de outubro, e se houver segundo turno, no dia 30 de outubro, uma verdadeira festa de democracia.

Diário – A campanha nem havia começado e foram registrados casos de violência,  o que a Justiça Eleitoral poderá fazer para diminuir as tensões e, consequentemente,  a violência?

Moesch – Casos de violência são pontuais e muito pequenos, isso sempre aconteceu. Nossa Justiça Eleitoral fez 90 anos e é um orgulho para nós, gaúchos, termos como grandes mentores da Justiça Eleitoral no Brasil dois gaúchos, Joaquim Francisco Assis Brasil, natural de São Gabriel, e Maurício Cardoso. Isso significa que, desde aquela época, o que se buscava era, exatamente, dar precisão, porque havia fraudes do coronelismo, voto a cabresto. Quando foi criada a Justiça Eleitoral, já se falava de uma máquina de votar, que é a nossa urna eletrônica de hoje. Temos um serviço que foi elogiado no Congresso do Ministério Público em Gramado, foi elogiado pelo corregedor nacional, o ministro Mauro Campbell Marques, a segurança organizada no Rio Grande do Sul. Com a Brigada Militar, Polícia Civil e Polícia Federal, Forças Armadas, há um trabalho integrado de segurança para resolver qualquer situação que, porventura, aconteça. Nós não desejamos que aconteça, nós achamos que se acontecer será o mínimo do mínimo.

Diário – Com a probição das coligações nas proporcionais (deputado estadual e federal), o número de candidatos tende aumentar nesta eleição?

Moesch – Eu acredito que deve ter um aumento. Devemos fechar no início da semana, mas a nossa perspectiva é de que haja um pequeno aumento em relação a outra eleição geral. Temos agora a figura nova das federações, que são importantes também. É um projeto, um compromisso para quatro anos, para uma legislatura inteira. Eu acredito que nós tenhamos no Estado, ao redor de 1, 5 mil candidatos, mas isso é uma expectativa.

Leia também:

Justiça Eleitoral convoca mais de 2 mil mesários; confira a listaOnze cidades da região terão pelo menos 50 candidatos a deputado

Diário – Um dos fatos mais positivos desta eleição são os mecanismos de incentivo de candidaturas das minorias como mulheres e negros?

Moesch – Nós temos hoje pelos dados, 53% do eleitorado feminino, então, temos que valorizar a presença das mulheres, de todas as formas, dos negros, indígenas, todos têm espaço. É aquilo que falei antes, na democracia temos espaço para todos. Precisamos incentivar a candidatura das mulheres, dos negros, dos indígenas, no sentido de que todos possam ter representatividade e lutar pelos seus princípios, lutar pelas suas posições e por aquilo que é tão importante na democracia. Nós incentivamos isso, temos julgado processos em que há as candidaturas para completar, digamos assim, a parte de proporcionalidade, e o Tribunal tem se debruçado sobre isso. Tem candidaturas que são chamadas de candidaturas laranjas, que entram só para completar o percentual. Nós não desejamos isso.  

Diário – Será possível combater as notícias falsas na campanha eleitoral diante da propagação rápida nas redes socais?

Moesch – Temos um compromisso com a democracia, firmado pelo TRE com praticamente a totalidade dos partidos políticos do nosso Estado, e um compromisso de enfrentamento à desinformação em matéria eleitoral. Como se combatem as chamadas chamadas fake news, que nós traduzimos para desinformação? Com a informação precisa, clara, suficiente e de fácil compreensão e veja, o Grupo Diário participou de um dos cinco grandes encontros que tivemos com a Associação Gaúcha de Emissoras de Rádio e Televisão (Agert). Temos uma parceria com a Agert de praticamente 20 anos e procuramos revitalizar ela neste ano em Caxias, em Santa Maria, Santa Rosa, Santana do Livramento e, por fim, Porto Alegre.

Diário – Que mensagem o TRE gostaria de transmitir aos eleitores no início da campanha eleitoral?

Moesch – Que o eleitor faça uma reflexão, eu diria uma reflexão detalhada, sobre em quem vai votar, sobre o representante. Vamos escolher alguém que tenha mostrado um belo serviço, seja na Assembleia Legislativa, seja no Senado, seja na Câmara Federal, seja como governador ou como presidente. Vamos olhar o que fez este nome, se ele vai à reeleição, nos períodos anteriores, qual é a sua história como parlamentar estadual, federal, senador. Vamos olhar isso, não de última hora, vamos escolher nomes que merecem ser reeleitos, ou nomes novos que merecem espaço.

A grande região de Santa Maria sempre teve uma representação muito boa no Parlamento estadual, federal e com representantes, inclusive deputados constituintes, tivemos sempre nomes destacadíssimos. O conselho que eu dou é que o eleitor pense, reflita e faça um voto seguro, confiável e transparente e que sigamos juntos, unidos, firmes e com serenidade. Uma mensagem de confiança, de paz e de segurança nas eleições, esse é o nosso objetivo para Santa Maria, Estado e para a sociedade brasileira.

Colaboraram Denzel Valiente e Rogério Kerber

Leia todas as notícias

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Família faz protesto e pede Justiça por feminicídio Anterior

Família faz protesto e pede Justiça por feminicídio

Governo do Estado e hospitais seguem em negociação sobre o IPE Saúde Próximo

Governo do Estado e hospitais seguem em negociação sobre o IPE Saúde

Geral