Novo fóssil descoberto pela UFSM promete desvendar a origem de dinossauros; pesquisa é capa da revista científica Nature

Novo fóssil descoberto pela UFSM promete desvendar a origem de dinossauros; pesquisa é capa da revista científica Nature

Foto: Maurílio Oliveira

Escultura de Venetoraptor gassenae em vida

Um novo fóssil descoberto por pesquisadores do Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica da Quarta Colônia (Cappa), da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), promete desvendar a origem de dinossauros e pterossauros. A relevância do estudo, que analisa o achado, teve seu reconhecimento na edição mais recente de uma das principais revistas científicas do mundo. Nesta quarta-feira (16), a revista britânica Nature traz o Venetoraptor gassenae estampado em sua capa.


O paleontólogo Rodrigo Temp Müller, responsável pela descoberta da nova espécie, recebeu com orgulho a notícia do estudo ser capa do periódico científico, além do fato deste ser um feito inédito para pesquisadores da UFSM.


— Nós estamos muito orgulhosos e felizes. Sempre fizemos muitos estudos, é um sonho de quem faz pesquisa publicar na Nature, e ainda por cima ser capa. A gente sempre sonha, mas ainda está difícil de cair a ficha. Estou muito feliz e orgulhoso, e também ressalto a importância da pesquisa no Brasil. Geralmente a gente vê aquelas universidades muito famosas e grandes, que têm muito financiamento dos países mais desenvolvidos, fazendo esse tipo de coisa. E aqui, mesmo com todas as dificuldades, a gente conseguiu alcançar isso — comemora o paleontólogo.

Foto: Reprodução

Venetoraptor gassenae, o quê é?

Descoberta em 2022 em São João do Polêsine, a nova espécie media aproximadamente 1 metro de comprimento e pesava entre 4 a 8 kg. Entre as suas curiosidades, o Venetoraptor gassenae se locomovia adotando uma postura bípede, tendo as mãos, que eram grandes e munidas de garras longas e afiadas, livres para manusear presas ou escalar árvores.

Foto: Divulgação

Essa combinação incomum, somada ao bico raptorial, surpreendeu os pesquisadores que não esperavam encontrar essas características em animais que viveram há mais de 230 milhões de anos. Além disso, a descoberta lança um novo olhar aos precursores dos pterossauros e dinossauros, permitindo um avanço na compreensão da origem desses animais.


— A gente não esperava ter esse animal com esse bico raptorial, como hoje em dia tem as águias e falcões, um bico que serve para cortar carne, provavelmente. A mão também é muito diferente do esperado, é uma mão muito grande em relação ao restante do corpo dele. A gente não tem nenhum animal com um plano corpóreo parecido com o dele vivendo naquele momento. Então, é um animal que revela um plano corpóreo novo para a história evolutiva — aponta Müller.


Conforme o Cappa, o réptil descoberto pertence a um grupo extinto chamado de Lagerpetidae. Esses animais são considerados os parentes mais próximos dos pterossauros, os répteis voadores que dividiram a Terra com os dinossauros. Porém, diferente dos pterossauros, o Venetoraptor gassenae e os outros lagerpetídeos não foram animais voadores.

 

Um outro fator que permite explorar ainda mais as pistas da origem dos pterossauros e dinossauros, é o fato dos elementos ósseos do Venetoraptor gassenae estarem em perfeito estado de preservação, sendo um dos lagerpetídeos mais bem preservados já encontrados. Müller explica que o território da região tem condições que permitem que esses fósseis sejam preservados mesmo com o passar dos anos:


— Aqui na região a gente tem as condições ideais que o paleontólogo quer para o fóssil. A gente tem um ambiente que era rico em diversidade no passado e o ambiente de fossilização também é um ambiente muito adequado. O animal morria e ele estava soterrado.Com o tempo, ele fossilizava e não havia um excesso de mineral que acabava por inchar os ossos. Às vezes acontece isso e o osso fica como se fosse inflado. Então ele perde a forma original, não sendo tão bom de estudar. As condições daqui deixam o osso quase como ele era mesmo, ele vira uma pedra, mas a anatomia fica bem conservada — explica o paleontólogo.


Origem do nome

O nome da nova espécie traz em si uma dupla homenagem. “Venetoraptor” significa o raptor de Vale Vêneto, em referência a uma localidade do município em que foi encontrado.


Já o nome “gassenae” faz homenagem a Valserina Maria Bulegon Gassen, ex-prefeita de São João do Polêsine e uma das principais responsáveis pela criação do Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica da Quarta Colônia. Em 2020, Valserina já havia sido homenageada ao receber, durante a Jornada Acadêmica Integrada (JAI) da UFSM, a honraria “Destaque Comunidade Externa” em reconhecimento ao trabalho desenvolvido em prol da extensão em parceria com a universidade.


Os fósseis ficarão em exibição no Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica da Quarta Colônia/UFSM, em São João do Polêsine, o mesmo município em que ele foi descoberto. A exploração contou também com pesquisadores de diferentes países.


O estudo teve financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientıfico e Tecnológico (CNPq), da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (FAPERGS), da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Rio de Janeiro (FAPERJ), da Agencia Nacional de Promoción Científica y Técnica e da Paleontological Society.


Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Robinho tem pedido rejeitado pelo STJ que dá prazo para a defesa do jogador responder requerimento da Itália Anterior

Robinho tem pedido rejeitado pelo STJ que dá prazo para a defesa do jogador responder requerimento da Itália

Cozinhas Comunitárias de Santa Maria recebem doações para oferta 15 mil refeições por mês Próximo

Cozinhas Comunitárias de Santa Maria recebem doações para oferta 15 mil refeições por mês

Geral