Nova Era das Relações Internacionais? Parte 3

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Nova Era das Relações Internacionais? Parte 3
Há muitas coisas que estão acontecendo e não estamos prestando atenção aos detalhes. Se quisermos realmente buscar entender o mundo, tantas vezes violento, não podemos limitar nossa compreensão às grandes forças impessoais, sejam naturais ou produto das ações humanas, que agem sobre nós. “Os objetivos e razões que guiam a ação humana devem ser analisados à luz de tudo aquilo que entendemos e sabemos; suas raízes e evolução, sua essência e, acima de tudo, sua validade, precisam ser examinadas de maneira crítica com todo recurso intelectual de que dispomos” (Isaiah Berlin).

Dessa forma, Xi Jinping e Putin veem o Ocidente de duas maneiras: ou em declínio ou como uma ameaça. Essa percepção global é muito importante, para entender a mentalidade dos dois e também as suas ações de governo e estratégia.

De fato, Putin vê o Ocidente como uma ameaça. Na ação militar contra a Ucrânia, ele cometeu quatro erros estratégicos: subestimou a resiliência dos ucranianos, subestimou o peso das sanções impostas pelo Ocidente, subestimou o papel do líder ucraniano (Zelenski) e superestimou o poderio militar das forças russas.

Vale destacar que o professor de Relações Internacionais, Carlos Gustavo Poggio, considera a guerra na Ucrânia como o maior erro estratégico de Vladimir Putin.

Erros estratégicos, seja na política interna ou externa, causam crises – muitas vezes incontornáveis – e de efeitos duradouros dependendo do grau, dimensão e alcance. Como diz Kissinger: “o que um líder jamais deve fazer é dar a entender que a escolha não tem preço, ou que nenhum equilíbrio é necessário”. Nas grandes decisões, após a reflexão, é preciso dar um salto com coragem. Putin arriscou. Há mais de duas décadas no poder, Putin é um revisionista (“revisionismos históricos que remontam não só ao fim da União Soviética, mas à queda do Império Russo e até mesmo à sua formação séculos atrás”). E por fim, o líder russo tem preocupações com seu legado. “Putin está certamente preocupado com seu legado, e um dos ‘assuntos inacabados’ de sua gestão é justamente a relação com a Ucrânia”, afirmou à BBC News Brasil Brian Taylor, professor de Ciência Política da Syracuse University e autor de The Code of Putinism (O Código do Putinismo, em tradução livre)”.

Putin ansiava por uma guerra breve. A guerra se arrasta por mais tempo que ele calculava, Para Nina Khrushcheva, “Putin sonha com uma conferência como Yalta e Potsdam, onde ele e seus colegas líderes de grandes potências, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o presidente chinês, Xi Jinping, dividem o mundo entre si. Lá, ele e seu novo aliado Xi presumivelmente uniriam forças para reduzir o domínio do Ocidente – e expandir drasticamente o da Rússia”. Talvez este sonho de Putin não se concretize. O que podemos afirmar é que somos testemunhas de uma nova Era nas Relações Internacionais: à morte de um mundo e o nascimento de outro

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