Com alegria e esperança assistimos a posse da Anielle Franco como Ministra da Igualdade Racial, há muito tempo precisávamos ter uma Mulher Preta cuidando dessa pasta, que a bem da verdade não existia a muito tempo.
Num país onde ainda ocorre o racismo, a discriminação e a superioridade branca que parece não ter fim, Anielle Franco é a certeza que teremos ações efetivas, contundentes que possam realmente valorizar a presença do povo preto, resgatando seu lugar na história e promovendo políticas públicas que possam alterar a estrutura social brasileira.
Nas palavras da Ministra, “não podemos mais ignorar ou subestimar o fato de que a raça e a etnia são determinantes para a desigualdade de oportunidades no Brasil, em todos os âmbitos da vida. Pessoas negras estão sub-representadas nos espaços de poder e, em contrapartida, somos as que mais estamos nos espaços de estigmatização e vulnerabilidade”. E realmente não podemos mais, nossos jovens merecem e precisam de uma sociedade diversa, humana e livre do racismo.
O movimento negro não tem faltado a luta cotidiana, mas a ausência do Estado é determinante para a perpetuação dos padrões sociais excludentes, por isso, na medida que a Ministra Anielle for conseguindo imprimir seu ritmo de trabalho, vamos ir sentido a mão do Estado para dirimir o racismo histórico e podermos ver as alterações estruturais.
A exemplo da minha própria família, é possível constatar que se o Estado se faz presente na vida do povo negro, conseguimos vencer a exclusão. Digo isso, porque acredito piamente que o fato do meu avô ter sido ferroviário, tendo trabalho digno e remuneração constante oportunizou que meu pai pudesse estudar e por sua vez também ser servidor público. Não estou dizendo que cabe ao Estado dar emprego a todos os negros do país, mas dizendo que não precisamos esmola do Estado para vencer o racismo, precisamos de políticas públicas de compensação das diferenças sociais excludentes que marcam a sociedade.
O sociólogo Florestan Fernandes na obra “A integração do negro na sociedade de classes” o qual recomendo a leitura, nos apresenta a desconstrução radical do mito da democracia racial evidenciando os meandros muitas vezes sutis de manutenção e do aprofundamento das desigualdades. O autor demonstra que na realidade, o negro não foi integrado a sociedade brasileira, estando na exclusão do mercado de trabalho, por exemplo.
Política pública antirracista se constitui como um processo planejado, com etapas, regras e ações predeterminadas que tem o objetivo de resolver um problema que é público, amplo, que afeta a sociedade como um todo, e que poderão ser políticas distributivas, retributivas, regulatórias ou constitutivas.
Apesar do desafiador momento democrático brasileiro, a posse da Ministra nos anima a projetar um novo Brasil, um Brasil realmente de todos e todas!