Apesar das obras de melhorias da BR-158, na saída de Santa Maria em direção a Itaara, quem trafega pelo restante da rodovia até Cruz Alta encontra buracos e desníveis no asfalto. Em outubro, o Diário percorreu a estrada e ouviu reclamações dos motoristas sobre a condição da BR-158. Depois de quase três meses, a reportagem esteve novamente na via e percebeu que os problemas relatados ainda permanecem. O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) afirma que está elaborando um projeto para obras no restante do trecho, que deverá ser licitado em 2024.
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Vários fatores podem influenciar no estado das rodovias, sendo que as estruturas têm características de construção e utilização distintas. Dentre alguns pontos que podem explicar problemas no asfalto estão tempo de vida do pavimento, condições climáticas, tráfego de veículos leves e pesados, além de aspectos relacionados à execução da via, tipo de pavimentação e falta de manutenção.
O trecho da BR-158, entre Santa Maria e Cruz Alta, por exemplo, costuma ter tráfego intenso, com mais de 7 mil veículos circulando diariamente. Isso porque garante acesso ao noroeste do Estado e a municípios como Tupanciretã e Júlio de Castilhos, maiores produtores de soja da região, sendo uma rodovia-chave para o escoamento da safra.
– A condição da BR-158 vem se arrastando há tempos. O trecho entre Val de Serra e Júlio de Castilhos é um crime. Quando fazem alguma manutenção ou obra na via é paliativa, não é para resolver o problema. Não entendemos (isso) porque é uma rodovia de escoamento de região que tem uma produção muito grande de soja. A principal via de escoamento para o porto é por ali. Teria que ter uma atenção maior neste trecho – relata Mario Sergio Moraes Rodrigues, vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores e Condutores de Veículos Rodoviários de Santa Maria e Região (Sitracover) e motorista da Expresso Medianeira.
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Panorama da estrada
Na subida da serra, um trecho ainda está em obras. Neste ano, após um período sem verbas para manutenção, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) recebeu R$ 7 milhões, que estão sendo usados para recuperação de 8 km entre Santa Maria e Itaara. Diante das obras, um bloqueio parcial está sendo feito na pista. O trecho que já foi finalizado está em boas condições de trafegabilidade.
O cenário muda logo adiante, principalmente, após Val de Serra. Buracos e desníveis são comuns ao longo desta parte da rodovia. É possível observar que as últimas manutenções foram pontuais, apenas para tapar alguns buracos na BR-158. O trecho volta a melhorar apenas perto da chegada de Cruz Alta.
De acordo com o vice-presidente do Sitracover, é comum os trabalhadores reclamarem do estado da BR-158. Segundo Rodrigues, a via é considerada perigosa diante dos problemas que não são resolvidos e acabam trazendo insegurança e danos materiais para quem utiliza a estrada.
– O que percebemos nesse trecho e recebemos relatos dos trabalhadores de que é uma via que não proporciona segurança nenhuma. Um caminhoneiro, por exemplo, se precisar sair fora da pista para desviar de um buraco está colocando em risco a vida do motorista e dos demais usuários da via devido às más condições da via. O pessoal reclama muito também de (problemas) em pneus e muita quebra de caminhões. Gera um transtorno para os trabalhadores e as empresas – afirma Rodrigues.
Conforme Rodrigues, a expectativa dos trabalhadores, agora, é que a ampliação da BR-392, entre Santa Maria e Santo Ângelo, seja aprovada e, com isso, se tenha uma rota alternativa à BR-158 para o noroeste do Estado.
O que diz o Dnit
O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) se pronunciou por meio de nota. Confira na íntegra a declaração do órgão:
“O Dnit executa serviços de restauração do pavimento da BR-158, entre Santa Maria e Júlio de Castilhos por meio de contrato de manutenção vigente. Os trabalhos atualmente estão concentrados entre Santa Maria e Itaara, onde aproximadamente 6,5 quilômetros do pavimento já foram restaurados em ambos os sentidos.
A partir da primeira semana de janeiro, além de prosseguir com o serviço de recuperação de pista, todo segmento já restaurado receberá manutenção. Entre os municípios de Itaara e Júlio de Castilhos estão sendo realizados trabalhos pontuais de tapa-buracos.
Para melhorar e restabelecer as condições originais de trafegabilidade da rodovia, o Dnit está em elaboração de um projeto CREMA (Programa de Contratação de Restauração e Manutenção), que prevê intervenções na pista mais amplas do que as realizadas atualmente. O novo contrato está em fase de projeto e deve ser licitado em 2024”.