A notícia da morte de Lioni de Deus, 54 anos, porteiro do Colégio Marista Santa Maria, causou tristeza e revolta em professores, alunos e toda comunidade escolar da rede marista na tarde desta quarta-feira.
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Apelidado carinhosamente pelos estudantes como "Tio Pastel", Lioni não resistiu aos ferimentos sofridos em um atropelamento na noite da última sexta-nas proximidades da Faixa Nova de Camobi. Ele voltava para casa de bicicleta no momento do acidente e, desde aquele dia, estava internado no Hospital Universitário de Santa Maria (Husm).
Segundo o diretor da instituição, Carlos Sardi, o Tio Pastel recebeu o apelido no período que trabalhou como pedreiro na construção do estacionamento da escola, em 2007. Além de ajudar na obra, vendia o lanche. O carisma contagiou a direção escolar que o contratou como porteiro.
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Por sete anos, o Tio Pastel trabalhou nas portarias, no estacionamento e no ginásio de esportes do colégio. Conhecia cada aluno pelo nome e mantinha uma relação de proximidade com as famílias dos estudantes.
– A marca dele era ser uma pessoa sensível, com o coração puro, que mesmo vindo de uma família humilde estava sempre sorrindo e não reclamava da vida. O que pedimos é que todos rezem por ele e por sua família. Também vamos acompanhar o caso criminalmente. O pedido tem vindo dos próprios alunos e já há sentimento de injustiça pela morte – relata o diretor Carlos Sardi.
Segundo informações preliminares, teria havido omissão de socorro depois do acidente, já que o porteiro foi encontrado abandonado e ferido. Conforme o titular da Delegacia de Homicídios e Desaparecidos (DHD), delegado Gabriel Zanella, o caso será investigado. Familiares e testemunhas devem ser ouvidos nos próximos dias.
Ainda de acordo com o diretor, Lioni trabalhava das 13h às 23h e fazia o mesmo percurso todos os dias:
– Ele andava de bicicleta por toda cidade e se orgulhava disso. Quando se acidentou, fazia o caminho de sempre, voltando da escola para casa.
Lioni era natural de Agudo, mas há anos morava com a família no bairro Jardim Berleze, em Santa Maria. Há 21 anos era casado com Norma. Ele também tinha uma filha, Fernanda, e dois netos Pedro Henrique, 3 anos, e Nicole, 1 ano.
O Colégio Marista Santa Maria decretou luto de um dia, mas as aulas não foram suspensas. Uma nota de falecimento foi publicada no site e na fanpage da escola.
O sepultamento de Lioni ocorreu no Cemitério Municipal de Agudo, às 17h.
Por volta das 19h30min desta quintafeira, Raphael Urbanetto Peres, advogado do suspeito de ter atropelado o porteiro, procurou a reportagem do Diário para informar que seu cliente se apresentou voluntariamente na Delegacia de Homicídios e Desaparecidos (DHD), na última segunda-feira.
Segundo Peres, o acidente não aconteceu na BR, mas, sim, em uma rua que liga a Faixa Nova de Camobi ao Residencial Moradas, quando já tarde da noite e muito escuro. Ele ainda salientou que moradores da região têm reclamado com frequência da falta de iluminação no local.