O julgamento do réu Leandro Boldrini foi marcado pela Justiça de Três Passos para ocorrer em 20 de março de 2023, a partir das 9h30min, no Salão do Júri do município. A decisão da juíza Sucilene Engler Audino, titular da 1ª Vara Judicial, é da última sexta-feira (15). Na mesma decisão, a magistrada negou o pedido de liberdade do réu, impetrado pela defesa dele.
O médico Leandro Boldrini é acusado de ser o mentor intelectual e de participar do homicídio do filho, Bernardo Boldrini, ocorrido em abril de 2014. Ele, a então companheira, Graciele Ugulini, e os irmãos Edelvânia e Evandro Wirganovicz foram julgados e condenados, em março de 2019. O julgamento durou cinco dias e, ao final, Leandro foi condenado a 33 anos e oito meses de prisão.
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Anulação
Em 10 de dezembro de 2021, por quatro votos a três, o 1º Grupo Criminal do Tribunal de Justiça do Estado (TJ-RS) anulou o julgamento e determinou que o médico tivesse um novo júri, em função da conduta do promotor de Justiça durante o interrogatório dele em plenário.
Para o relator, desembargador Honório Gonçalves da Silva Neto, o promotor não realizava perguntas, mas sim argumentações na ocasião do interrogatório de Boldrini.
“Inafastável, assim a conclusão de que houve quebra da paridade de armas, pois não teve a defesa a oportunidade de se contrapor à argumentação que não poderia ser deduzida por ocasião do ato processual que se realizava, afigurando-se evidente o prejuízo suportado pelo réu, com a utilização do interrogatório para antecipação da acusação, sem que fosse viável o contraditório que, diferido (para os debates), não repôs a igualdade entre as partes”, afirma a decisão.
A juíza Sucilene destacou a necessidade de organização da logística do novo julgamento, que exigirá licitações para a contratação de serviços, como internet, assim como ocorreu no júri de 2019. Quanto ao pedido de liberdade de Leandro Boldrini, a magistrada considerou permanecerem inalterados os fundamentos que determinaram a manutenção da prisão do réu.
Relembre o caso
Bernardo Uglione Boldrini, de 11 anos, desapareceu em 4 de abril de 2014 em Três Passos. Seu corpo foi encontrado na noite de 14 do mesmo mês, dentro de um saco plástico e enterrado às margens de um rio em Frederico Westphalen. A superdosagem do medicamento Midazolam, sedativo de uso restrito, foi apontada pelas investigações como a causa de sua morte.
Edelvânia Wirganovicz, amiga da madrasta Graciele Ugulini, admitiu o crime e apontou o local onde a criança foi enterrada. O Ministério Público apontou o pai do menino, Leandro Boldrini, como o mentor intelectual do crime. O irmão de Edelvânia, Evandro Wirganovicz, foi responsabilizado por abrir uma cova vertical.
Os quatro foram julgados em março de 2019. Leandro Boldrini foi condenado a 33 anos e 8 meses de prisão. Já Graciele Ugulini foi condenada a 34 anos e 7 meses de reclusão. Evandro Wirganovicz foi condenado a 9 anos e 6 meses, e ganhou liberdade condicional em 25 de março de 2019.
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