A mãe de um jovem de 22 anos, aluno especial do Instituto Estadual de Educação Olavo Bilac, publicou relato em rede social onde afirma que seu filho teria sido empurrado e xingado por policiais militares em abordagem realizada na manhã desta quinta-feira (20), em Santa Maria.
Conforme o relato da mãe, Elenice Niederauer, 39 anos, a abordagem teria ocorrido por volta das 9h50min na frente da residência da família, na Rua Silva Jardim, no Bairro Menino Jesus. O jovem, Lucas, que é aluno do 1º ano do Ensino Médio, estaria na calçada na frente de casa olhando os técnicos de telecomunicações recolhendo uma fiação rompida na rua, momento em que teria sido abordado por policiais militares.
Durante a abordagem, os policiais teriam desferido xingamentos e empurrões no estudante, ordenando que ele colocasse suas mãos na cabeça. A ação foi registrada em fotos, e vizinhos teriam testemunhado o fato. Ainda segundo Elenice, o jovem é considerado incapaz e possui um retardo mental moderado que afetou a parte cognitiva e a coordenação motora.
— Ele tem 22 anos, mas é uma criança. Foi muito assustador. Ele sempre cumprimenta os profissionais de segurança que passam por aqui, e sempre falava que queria ser policial militar. Agora ele tem repetido que não fez nada, como se fosse culpado de algo, devido ao trauma que os policiais causaram nele — afirma Elenice.
A escola onde o jovem estuda emitiu nota pública se manifestando acerca do fato.
O Instituto Estadual de Educação Olavo Bilac vem a público manifestar nota de repúdio ao desrespeito e violência sofridos por nosso aluno Lucas do Atendimento Educacional Especializado (AEE), em abordagem policial na rua onde mora. Lucas foi abordado com empurrões e ofendido por policiais, sendo que possui necessidades especiais, tendo ficado bastante assustado com a situação. Nos solidarizamos com a família e aguardamos providências da Brigada Militar, que investigue o caso e peça desculpas públicas a Lucas e familiares.Gestão Escolar e Comunidade Bilaquiana
O fato foi registrado como crime de abuso de autoridade na Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA). Elenice também registrou o fato na sede do 1º Regimento de Polícia Montada (1º RPMon), na Rua Pinto Bandeira, no Bairro Dores.
O que diz a Brigada Militar
Em entrevista ao programa Plantão Bei desta quinta, o comandante do 1º Regimento de Polícia Montada (1º RPMon), tenente coronel Paulo Antônio Flores de Oliveira, fez sua primeira manifestação pública sobre o caso. Segundo o comandante, nesta quinta foi instaurado inquérito policial militar para investigar o fato. Os policiais envolvidos na abordagem serão ouvidos a partir desta sexta-feira, e o inquérito tem prazo de 40 dias para ser concluído.
O comandante reiterou também que a BM não compactua com a atitude dos policiais e que, sendo confirmado os relatos, os mesmos estarão sujeitos à sanções disciplinares, como advertência ou até mesmo expulsão. Também na noite desta quinta-feira, Paulo Antônio contou ter conversado com uma representante da escola Olavo Bilac, e que iria se reunir com a direção do Instituto na manhã desta sexta-feira (21).
Confira na íntegra a manifestação do comandante Paulo Antônio ao Plantão Bei a partir dos 7’46” do vídeo abaixo.
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