Quando Lindolfo Antonio dos Reis era criança, ele não tinha rádio em casa. Também não lia jornal. Televisão então, nem existia. Os acontecimentos chegavam por meio de versos. E, com a boa memória que tem aos 95 anos completados nesta quinta-feira, o morador do bairro Itararé manteve o costume de contar fatos do passado em estrofes.
Dona Dinah e seu Xiruca: eles fazem parte da história do bairro Medianeira Graças a Deus, me lembro de tudo desde que me conheço por gente. Não sei o segredo para isso, sempre tive uma ideia boa orgulha-se o aposentado, que trabalhou como agricultor e comerciante.
Um fato que o impressionou, e que ele gosta de declamar aos parentes, é a queda de um avião militar em 1934, na Rua Floriano Peixoto, em Santa Maria. Ele tinha 13 anos quando o desastre aéreo ocorreu e morava ainda em Toropi, na época distrito de Júlio de Castilhos.
Depois de sofrer dois AVCs e um aneurisma, aposentada se dedica a trabalho voluntário
Tinha um vendedor de décimas (estrofes com dez versos) naquele tempo. Eu comprava dele. Hoje tem havido acontecimento uma barbaridade, mas ninguém mais conta em décima diz Lindolfo, sentindo falta de poesia nos noticiários.Para decorar os versos, bastava lê-los três ou quatro vezes. Lindolfo estudou até a 5ª série. Isso porque o professor o dispensou das aulas: o mestre alegara que já havia ensinado tudo o que sabia ao aluno.
Pai de 14 filhos seis já falecidos , o idoso mora em Santa Maria há 50 anos. No bairro Itararé, teve com a esposa, Olga, falecida há 15 anos, um bar que funcionou embaixo de sua residência.
Nesta quinta-feira, ele recebeu cumprimentos pelos 95 anos e a visita dos filhos.
Ele tem uma memória invejável. Isso é importante nos dias de hoje, em que tudo é descartável ressalta o filho Aldoir Spitzmacher dos Reis, 64.

"