José Renato Ferraz da Silveira: cinzas e diamantes

Redação do Diário

Coluna de José Renato Ferraz da Silveira:Professor Associado III do Departamento de Economia e Relações Internacionais (DERI) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) 

Despertei. Dia frio e cinzento. Confesso que acho a cor cinza bonita. Combina comigo. Apesar da má reputação do cinza, da associação com a tristeza e melancolia do amor acabado, dizem que as cinzas podem – às vezes – esconder diamantes. É claro que se deve ter talento e paciência para encontrá-los.

Vale destacar que os diamantes são puro carbono. De acordo com os estudos, para o carbono transformar-se em diamante é “preciso empregar pressão e temperatura muito elevadas, em torno de 105 atm e 2000 ºC, isto é, condições semelhantes às que existem em camadas mais internas da Terra. Desse modo, o carbono precisa ser praticamente vaporizado e, por isso, o processo é difícil”.

Uma curiosidade é que o corpo humano é composto por 18% de carbono. Lembremos – novamente – que os diamantes são puro carbono. Os diamantes de cremação LONITÉ são feitos de carbono purificado extraído de cabelos, ossos cremados ou cinzas de cremação.

Além disso, é formidável lembrar que o estudo da revista Wired estima que, ao considerarmos o valor monetário de nosso coração, dos pulmões, dos rins, do DNA e da nossa médula óssea, cada um de nós vale extraordinários US$ 45 milhões. Ou seja, cada um de nós, como ser humano e com enorme capacidade para amar e experimentar as maiores alegrias da vida, valemos muito mais do que esse valor.

Inebriado com o valor que valemos e somos, lembro que em seis meses, completarei 44 anos de vida. Neste ano de 2022, completei 20 anos de magistério. 17 anos no ensino superior. E, em novembro, serão 13 anos de Universidade Federal de Santa Maria.

Ao longo de todo esse tempo, amadureci como pessoa, escritor e educador. As dificuldades e os desafios da educação brasileira – em todos os níveis – tornaram-se mais complexos. Surgiram inúmeras formas e estratégias de operacionalização didático-pedagógica. Novas técnicas e ferramentas de ensino-aprendizagem. A neurociência e a neolinguística ganham e ganharam corpo na educação. Formas híbridas de ensino fortalecem-se entre os gestores de educação. O “novo” chegou à educação brasileira.

É necessário (re) pensar, (re) debater, (re) avaliar, (re) visar, (re) atualizar o horizonte educacional do ensino superior brasileiro.

O momento não é de paralisia e desalento! E (re) lembro a todos os (as) professores (as) e alunos (as) do ensino superior qual é o nosso papel como atores e protagonistas da Educação Superior neste país.

São 4 valores da Universidade que devem ser repassados ao mundo:

1) Nadar contra a correnteza: o pensamento na Academia vive, conhece, relaciona com o “mundo externo”. Não estamos na Torre de Marfim onde nos desvinculamos das preocupações práticas do dia a dia. Na verdade, observamos com outros olhos… Não com o olhar de autoridade e nem lugar de fala. Isso é errado! É um olhar pedagógico. É um olhar didático. É um olhar de aprendizado. Ou seja, muito estudo, muita pesquisa, domínio rigoroso dos conceitos e da linguagem da área, das categorias analíticas, dos pressupostos técnicos, da visão inquisitiva, inquiridora e questionadora.

2) Ácido sulfúrico nas certezas: o pensamento na Academia concebe a ciência como pilar. A Ciência deve progredir e progride. O conhecimento pode crescer e cresce. Aprendemos com nossos erros. Os erros fazem parte da ciência. E veremos os testes de enorme rigor científico, a refutação, as experimentações que sejam categoricamente justificadas e que sejam indubitavelmente verdadeiras. Não esqueçamos que a ciência é real, contingente, sistemática, verificável, falível e aproximadamente exata. Ela lida com ocorrências ou fatos. Suas proposições ou hipóteses têm sua a verdade ou falsidade conhecida através das experimentações. Ela tem um saber ordenado logicamente. Afirmações que não podem ser comprovadas não pertencem ao âmbito da ciência. Ela é falível, em virtude de não ser absoluta ou final. Por isso, ela é aproximadamente exata, pois, novas proposições e o desenvolvimento de novas técnicas e métodos podem reformular a teoria existente e mais aceita.

3) Criar dúvidas ao invés de dar respostas: A dúvida – motor da filosofia moderna e contemporânea e também da ciência – é o “combustível” que deve mover o pensamento da

Academia/Universidade. Todos podemos/devemos colocar em dúvidas sobre o que pensamos, escrevemos e falamos. Rigor e precisão são situações necessárias, Todo cuidado com as generalizações, simplificações e conclusões apressadas.

4) Independência: este é o valor fundamental, essencial da Universidade. O que significa ter independência cognitiva, controle emocional e autocontrole valorativo.

Dedico à minha mãe Lídia e – aos amigos e amigas – Ademar Pozzatti Júnior, Sandra Maders, Reginaldo Teixeira Peres, Gisele Agnelli, Eduardo Maia, Gideon Henrique e à Turma 2022 de Relações Internacionais da Universidade Federal de Santa Maria.

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