Transformar materiais que iriam para o lixo e, de quebra, ajudar pessoas e o meio ambiente são as missões de 20 senhoras de Santa Maria. Elas trabalham voluntariamente fabricando cobertores revestidos com tecido sombrinhas e guarda-chuvas velhos. A iniciativa que alia solidariedade e sustentabilidade ajuda famílias pobres da cidade e gente de fora que é atingida por desastres da natureza.
A ideia de reutilizar os tecidos de guarda-chuvas chegou ao grupo Madre Teresa de Calcutá com a mudança da comissária de bordo aposentada, Maria da Graça Plein, 62 anos, para Santa Maria. Há seis anos, ela se integrou ao grupo, que já fazia cobertores com tecidos e fibras doados por empresas. Maria sugeriu adaptar o projeto pois já havia trabalhado com esses materiais em Florianópolis. Como o frio aqui no Sul é mais intenso, os cobertores de lã ficam mais quentes quando revestidos com a lona de guarda-chuva.
_ Há famílias que batem aqui para pedir cobertores. Além disso, cada uma de nós sabe de famílias que precisam. A maioria das pessoas que dorme na rua ganhou cobertores que a gente levou. Teve também uma família que perdeu tudo em um incêndio _ conta Maria da Graça.
Doações são bem-vindas
Maria da Graça e oito amigas se encontram todas as terças e quintas-feiras em um centro espírita do bairro Campestre do Menino Deus. Lá, enquanto tiram os tecidos dos ferros das sombrinhas, costuram, divertem-se, trocam ideias e produzem durante todo o ano. As amigas só param em janeiro por causa do calor. Mas a maioria segue costurando em casa.
_ Em fevereiro, a gente já não aguenta mais e começamos a combinar a volta _ relata Maria Sturmes, 62 anos, aposentada.
Para manter a produção, as senhoras vão para as ruas juntar guarda-chuvas deixados pelo caminho em dias de chuva. Quem conhece o trabalho delas também leva restos de sombrinha ao centro. Para reaproveitar ainda mais o material, elas usam os retalhos para fazer bolsas, que são vendidas em feiras. O dinheiro é usado para comprar linhas e agulhas.
Iolanda de Vargas, 79 anos, mora perto do centro. Pela proximidade, ela vai quase todas manhãs e tardes e costura sozinha, duas cobertas por dia.
_ Tem gente que pergunta porque a gente dá para as pessoas de rua se depois elas vão perder. Para a gente, o que importa é ajudar os outros _ afirma Iolanda, há 20 anos costurando solidariedade.