Marcelo Oliveira
A greve dos servidores do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) já dura quase dois meses em todo o Brasil. Em Santa Maria, de acordo com o gerente da agência do município, Rafael Bruchez, dos 45 funcionários do setor administrativo, seis aderiram à greve. O impacto maior ocorre nas perícias, já que dos 13 médicos peritos, seis estão paralisados desde o fim de março e sem previsão de retorno ao trabalho. Por conta disso, os atendimentos que tinham um prazo de sete dias para ocorrerem, agora demoram de nove a 10 dias.
– Cada médico tem a sua agenda e não podemos suspender a agenda dos que estão em greve, então o que tem acontecido é que a pessoa faz o agendamento pelo 135 e quando chega aqui não consegue atendimento porque o perito está em greve. O que foi autorizado é que o número de remarcações está ilimitado. Antes era possível apenas um novo reagendamento pelo segurado – explica Bruchez.
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Cada médico realiza, em média, 12 perícias por dia. São mais de 260 atendimentos mensais por cada profissional. Com a greve de seis peritos, nestes quase dois meses, cerca de 3 mil perícias precisaram ser reagendadas na cidade.
É o caso de uma professora universitária que prefere não se identificar. Ela está gestante e entrou em afastamento do trabalho em 3 de maio. A perícia, para o recebimento do benefício pelo INSS, foi agendada para o dia 13, pelo turno da manhã. Ao chegar ao local, ela foi informada de que o médico não estava realizando atendimentos em função da greve.
– Eu saí de casa, no meu carro, com dor, mancando, mas fui. Agora imagina idosos doentes, muitas vezes acamados, que vêm de fora para atendimento? Eles marcam pelo 135 e chegam aqui e não conseguem perícia porque o médico está de greve. Já estão sem receber e ainda tem que passar por isso? Tem pessoas remarcando quatro vezes. É muito descaso com a população – relata a professora.
A próxima data de perícia da gestante ficou para o dia 23 de maio. Ela não sabe se o médico perito estará na agência para atendê-la neste dia. Enquanto não passar pela perícia, ela não recebe o salário.
REIVINDICAÇÕES DOS GREVISTAS
Os servidores que estão há cinco anos sem reajuste, reivindicam, entre outros direitos, a reposição de 19,99% nos salários. Além disso, são solicitados reajustes dos auxílios alimentação, creche e saúde. A categoria também pede a reestruturação da carreira, exigência de nível superior para ingresso ao cargo de técnico do Seguro Social e jornada de 30 horas semanais para o atendimento ao público. Os ministérios do Trabalho e Previdência e da Economia já estão em negociação com os profissionais e um acordo já está sendo fechado. A previsão é que, a partir de assembleia na próxima semana, a greve seja encerrada.
– Nós queremos condições melhores de trabalho. Temos equipamentos sucateados, sistemas lentos, cerca de 40% a menos de profissionais que não foram repostos ao longo dos anos, e isso tudo acaba atrasando os processos – destaca a técnica do Seguro Social da agência de Santa Maria, Ana Paula Moura, que aderiu à greve na metade de abril.