Você tem dificuldade em dizer não? Vive tentando se superar para satisfazer os padrões dos outros? Sente que por mais que você faça, nunca está bom? Cobra de si o tempo todo para provar seu valor em casa, no trabalho e nas relações? Essas questões foram debatidas no programa Faz Sentido do último domingo, 19 de junho, com a jornalista Fabiana Sparremberger e o psicólogo Carlos Eduardo Seixas, o Cadu.
Conforme o psicólogo, é impossível dizer que ninguém se preocupa com a opinião dos outros. É preciso lembrar que o ser humano é dependente, precisa socializar para sobreviver. – Existem pessoas, críticas e opiniões que devem levadas em consideração, outras, não. É fundamental fazer esse filtro.
Se importar com o que os outros pensam ou falam, de maneira seletiva, faz parte do amadurecimento. Fabiana reforça a importância de buscar o equilíbrio entre os extremos: – Geralmente, não consideramos nada do outro ou consideramos tudo. Com isso, deixamos que fatores externos governem o nosso dia a dia.
“NÃO É EGOÍSMO”
Na maioria das relações, normalmente, as conexões se dão devido aos interesses e atividades em comum. Nessa perspectiva, é normal que uma parte esteja em destaque sob determinada circunstância e vice-versa. Então, estar à frente em algumas situações não é egoísmo. – Muitas vezes, os outros têm possibilidades que podem e devem ser escutadas. O que não podemos é viver totalmente sob a vontade alheia. As trocas são importantes, desde que ninguém seja subjugado – reforça o psicólogo.
Autossacrifício é o comportamento daquela pessoa que cuida, mas não gosta de receber cuidados. Conforme Fabiana, essas pessoas não conseguem mexer nessa balança, levam a vida em função do outro. É como se houvesse regras a seguir para se relacionar:– Isso é perceptível quando a pessoa não consegue enxergar os reflexos dessa condição. Ela não considera as próprias necessidades, como se não precisasse nem merecesse atenção e afeto.
“NÃO SEI DIZER NÃO”
Cadu explica que o autossacrifício é quando não se consegue dizer não, por mais que se queira. Para pessoas assim, uma negativa significa vergonha, culpa e egoísmo, ou seja, há o sacrifício pelo outro. A subjugação é muito pior que o autossacrifício. – É aquele que vê outros como mais poderosos, capazes e importantes que ele. No caso da subjugação, além disso, a pessoa aceita ser controlada, dominada e desrespeitada, desde que o outro continue com ela – esclarece Cadu.
A partir do momento em que a pessoa passa a se conhecer melhor, é natural que isso mude. É normal ter dificuldade em dizer não, o problema é quando isso se repete, um padrão contra as próprias vontades e o medo das consequências: – E se eu dizer não para o convite de um amigo meu, ele não vai me procurar mais…Vamos rever essa regra? Se isso ocorrer, não era meu amigo.
Fabiana reforça que nem todos os convites precisam ser respondidos na hora, principalmente se for por medo da maneira com que o outro vai reagir. De acordo com o psicólogo, isso é uma avaliação positiva. Depois de ganhar tempo, a pessoa deve focar na vontade dela e imaginar como se sentiria dizendo não. – Quando o medo de não viver o que gostaria é maior que a necessidade da mudança, está na hora de se reinventar mesmo – finaliza Cadu.
No próximo Faz Sentido, Fabiana recebe o psicólogo Diógenes Chaves. Em pauta: “reforma íntima e transformação pessoal”.
Por Bernardo Abbad, especial