Exposição fotográfica na Praça Saldanha Marinho retrata a luta diária de pessoas trans

Eduarda Paz

Exposição fotográfica na Praça Saldanha Marinho retrata a luta diária de pessoas trans

Fotos: Nathália Schneider

Ocupar: palavra que segundo o dicionário significa preencher um espaço. Por isso, neste sábado (21), a exposição fotográfica “Visitrans” ocupou a Praça Saldanha Marinho, desde às 10h até o início da tarde. A atividade inclui a programação do Janeiro Lilás (confira abaixo), que faz parte da Lei nº 6537, aprovada em 2021, que institui o mês da visibilidade trans em Santa Maria. O objetivo da exposição, que deve ser itinerante pela cidade, é mostrar a importância da representatividade e da luta diária por direitos e inclusão de pessoas trans na sociedade, com entrega de fitas lilás em alusão ao mês e panfletos informativos.

Nas fotos da exposição estão presentes: Marquita Quevedo, ativista e uma das coordenadoras da ONG Igualdade; Marlon Amarante, membro da ONG Homens Trans e suas Trajetórias (HTT); Isabelly Fontana, diarista; Bruna Rosback, acadêmica de enfermagem; Caio Friedhein, gerente administrativo; Cilene Rossi, assessora parlamentar; Lucas Ritter, consultor de consórcios; Verônica Oliveira, conhecida como Mãe Loira, foi assassinada na madrugada de 12 de dezembro de 2019, aos 40 anos.

365 dias de luta

Assessora parlamentar Cilene Rossi na exposição “visitrans”

Conforme a assessora parlamentar Cilene Rossi, 52 anos, as atividades do Janeiro Lilás têm o intuito de conscientizar sobre as lutas por direitos, inclusões, como no mercado de trabalho e na saúde, e visibilidade social em todos os âmbitos da sociedade.– A exposição “Visitrans” é para mostrar que pessoas trans devem ocupar todos os espaços. Estamos entregando materiais também para informar e deixar registrado que nossa luta é diária. E estar na praça, nos permite quebrar paradigmas, conseguimos mostrar nossos rostos para dizer: estamos aqui.

De acordo com dados da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) divulgados em um dossiê sobre a violência praticada contra a população trans, no Brasil, o levantamento aponta que, no ano de 2021, pelo menos 140 pessoas trans foram assassinadas no país. Mas os números podem ser ainda maiores por conta da subnotificações de casos. Para a ativista social e produtora cultural Marquita Quevedo, 56 anos, estar em espaços públicos é para chamar atenção e fazer todos refletirem a respeito da causa. – Os nossos corpos enquanto pessoas trans é tão violentado no dia a dia. Por isso, a exposição serve para mostrar nossas caras e sempre lembrar que vivemos todos os 365 dias do ano, não apenas em janeiro. O espaço público permite as pessoas reconhecerem que fazemos parte da cidade durante todos os dias.

Representatividade

Marquita Quevedo da Ong IgualdadeAne de Oliveira, 3 anos

O artista visual Luciano Santos, 46 anos, sabia que a exposição ocorrer no Centro da cidade e passou por lá na manhã deste sábado, para dar apoio e ajudar na causa:– A palavra que define a “visitrans” é representatividade. Admiro muito a coragem e ousadia de estar na praça para se representar e dizer “sou da sociedade, estamos aqui e precisamos estar aqui sim”. 

A abertura do Janeiro Lilás ocorreu na Câmara de Vereadores de Santa Maria no dia 11 e desde essa data a exposição estava na Casa do Povo. O coordenador do Ambulatório Transcender, Paulo Horvath, 58 anos, comenta que lugares como esses permitem as pessoas prestigiarem também a luta:– É preciso ocupar esses espaços públicos, tanto na Câmara, quanto na Praça Saldanha Marinho. Nestes locais, têm circulações de diversas pessoas que conseguem apoiar, conhecer e dar visibilidade a luta trans.

O vigilante aposentado Gerson da Silva Cardoso, 66 anos, relata que não sabia a respeito da atividade na praça, mas parou com a família para conversar e apoiar na luta:– Já coloquei minha fitinha, nos meus pequenos e na minha esposa também. É importante para o povo participar de movimentos como esse, porque precisamos nos unir cada vez mais.

Segundo a vereadora Marina Callegaro, a exposição é um ato político para demonstrar a valorização dessas pessoas na sociedade. Além disso, a vereadora explica que está propondo um Projeto Lei e homenagem à Verônica Oliveira:– Ainda não começamos a debater o projeto, mas ele é uma lei para combater a violência contra homens e mulheres trans, que tem uma expectativa de vida muito curta, devido ao preconceito da sociedade. Por isso, precisamos comemorar a vida dessas pessoas e a lei vem com esse objetivo e reconhecimento a memória da Verônica. E tenho certeza que será aprovada na casa legislativa.

Programação Janeiro Lilás

29/01

Dia “T” (Dia da Visibilidade Trans) – No Cpers Sindicato, com diversas atrações artísticas e de promoção da saúde, dia da beleza, debates, roda de conversa, exibição do documentário “Verônica”, show com Cilene Rossi, orientação com profissionais da área da saúde, coroação da Rainha da Diversidade do Carnaval de Santa Maria e presença de Gabriela Meindrad, Secretária Adjunta da Cultura do Rio Grande do Sul

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