Escritora Nilma Lacerda lança livro sobre Iberê Camargo em Santa Maria

Bernardo Abbad

Escritora Nilma Lacerda lança livro sobre Iberê Camargo em Santa Maria
Foto: Divulgação

Dono de uma das obras mais fortes da arte brasileira, Iberê Camargo há tempos não era tema de livro. Esse jejum termina agora, com a publicação de “Iberê Camargo: Um Homem Valente [fricções]“, romance da escritora carioca Nilma Lacerda que inaugura a coleção Tipos Raros, projeto da nova editora Mínimo Múltiplo. A autora estará em Santa Maria para o lançamento do livro. No sábado, dia 5, às 14h, ocorre um bate-papo com Nilma Lacerda na Casa de Memória Edmundo Cardoso, com a participação de Gilda Cardoso e Therezinha Santos. Em seguida, as 15h30min, haverá uma sessão de autógrafos na Livraria Athena.

No que classifica como narrativa de “fricção” (um atrito entre invenção e realidade), Nilma parte das telas mais marcantes e também dos textos memorialísticos e ficcionais deixados por Iberê para recriar a trajetória do artista. A admiração pessoal por Iberê e por tudo o que a obra do artista representa para a cultura brasileira conduziram Nilma Lacerda à pesquisa que resultou neste romance, para a qual contou com uma Bolsa VITAE de Artes em Literatura. Além de estudar profundamente a obra do pintor, a escritora carioca visitou cidades que foram fundamentais para a vida dele: Restinga Sêca, Santa Maria e Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, e, é claro, percorreu locais também do Rio de Janeiro, onde ela vive e onde Iberê morou por muitos anos.

– Santa Maria é uma cidade muito importante na formação artística de Iberê Camargo. Há pouco mais de 20 anos, estive na cidade e fui muito bem recebida por Edmundo Cardoso, que me contou histórias muito interessantes sobre a convivência dele com o Iberê – conta Nilma Lacerda.

Nessas andanças, ouviu de amigos e colegas dele histórias que a subsidiaram na elaboração do livro. Entre essas pessoas, além de Edmundo Cardoso, estão Ferreira Gullar, Eduardo Haesbaert, Katie van Scherpenberg, Paulo Herkenhof, Décio Freitas e Protógenes Solon de Mello. Nilma pôde conversar, ainda, com a própria viúva de Iberê, Maria Camargo. O resultado é uma prosa densa e intimista, uma narrativa em primeira pessoa criada com a liberdade que a literatura proporciona.

– Não é uma biografia, mas são possibilidades levantadas de uma vida possível para o Iberê Camrgo. O objetivo é friccionar literatura e pintura, que são duas formas essenciais de expressão humana – finaliza a autora.

IBERÊ

Iberê ao lado do autorretrato de 1940, em sua residência, em Porto Alegre, em 1993. (Foto: Luiz Eduardo Achutti)

Iberê Camargo é um dos grandes nomes da arte brasileira do século 20. Autor de uma obra extensa, que inclui pinturas, desenhos, guaches e gravuras, Iberê nasceu em Restinga Sêca, em 1914. Com 13 anos, iniciou o aprendizado em pintura na Escola de Artes e Ofícios de Santa Maria. Em 1936, mudou-se para Porto Alegre e em 1942, ano de sua primeira exposição, o artista e sua esposa mudaram-se para o Rio de Janeiro, onde viveram por 40 anos.

Em 1948 viajou para a Europa em busca de aprimoramento técnico. De volta ao Brasil, em 1950, Iberê conquistou inúmeros prêmios e participou de diversas exposições internacionais. Foi no final dos anos 1950 que, devido a uma hérnia de disco que o obrigou a pintar no interior de seu ateliê, o artista desenvolveu um dos temas mais recorrentes em sua pintura: os Carretéis. São estes brinquedos de sua infância que o levaram, mais tarde, à abstração, e que estiveram presentes em sua obra até a fase final.

Ao longo de sua vida, Iberê Camargo exerceu forte liderança no meio artístico e intelectual. Entre várias outras atividades, destaca-se sua participação na organização do Salão Preto e Branco, em 1954, e, no ano seguinte, do Salão Miniatura, ambos realizados em protesto às altas taxas de importação de material artístico. Na década de 1980, retomou a figuração. Mas, ao longo de toda a sua produção, nunca se filiou a correntes ou movimentos. Em 1982, retornou a Porto Alegre, onde produziu duas de suas séries mais conhecidas: os Ciclistas e as Idiotas. Iberê Camargo faleceu em agosto de 1994, aos 79 anos.

Agende-se

BATE-PAPO

Onde – Casa de Memória Edmundo Cardoso, na Rua Pinheiro Machado, nº 2712, Centro

Quando – sábado, dia 5, às 14h

SESSÃO DE AUTÓGRAFOS

Onde – Livraria Athena, na Rua Floriano Peixoto, nº 1112, Centro

Quando – sábado, dia 5, às 15h30min

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