Escola de porta fechada para a violência

Maurício Araújo

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Se há uma coisa da qual a Nova Santa Marta precisa é de paz. O bairro mais violento de Santa Maria já registrou seis homicídios neste ano, e os moradores se calam diante do medo e do constrangimento. Para dar voz à comunidade que quer de volta a tranquilidade de viver, a Escola Estadual Santa Marta realiza neste sábado, às 9h, uma manifestação em frente à instituição.

Órgãos de segurança garantem que seguem agindo no combate à criminalidade. Mas a violência, principalmente relacionada ao tráfico de drogas, parece ter atingido até a educação, tida como a última esperança para o problema no local.

Professores, funcionários e alunos da instituição não se sentem à vontade para falar abertamente sobre o tráfico de drogas nas imediações (e dentro) da escola. Mas, sem ser identificados, muitos confirmam que o principal problema do bairro atravessou os portões da escola.
- Sabemos da circulação de pessoas que vendem (drogas) aqui dentro, mas não podemos fazer nada. Também já pegamos alunos com armas brancas aqui - afirma um professor.

A força do tráfico parece se sobrepor à luta diária dos educadores para que a gurizada se afaste das drogas e tenha um futuro melhor. Os estudantes confirmam que é possível conseguir entorpecentes dentro da instituição. Mas não citam nomes e nem denunciam ninguém, porque, como a maioria dos seus vizinhos de bairro, eles sentem medo:
- Não podemos falar quem são (os que distribuem drogas na escola) para não ficarmos marcados - diz um estudante.

A direção da escola tenta - e o ato deste sábado é mais uma das tentativas - proteger as crianças e oferecer a perspectiva de mudança, mas precisa do apoio do poder público.
- Com mais investimentos em educação e em políticas públicas, conseguimos reverter tudo isso. A comunidade pode estar enfrentando uma dura realidade, mas o ensino é qualificado aqui dentro - diz o diretor da escola Estadual Santa Marta, Artemio Aosani.

Conforme Nara Ramos, pesquisadora na linha de Práticas Escolares e Políticas Públicas, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), espaços de lazer e políticas públicas são fundamentais para a mudança na comunidade. Segundo ela, ações do poder público em conjunto com a escola são essenciais para combater os problemas dentro das instituições de ensino.
- Se não houver um trabalho em conjunto, a realidade do bairro vai entrar na escola. São necessárias políticas públicas. Os professores não têm como combater sozinhos - argumenta Nara.

Escola particular diz  que não tem problemas

Situada a poucos metros da instituição estadual, a Escola Marista Santa Marta, particular, garante que não têm problemas com violência e, muito menos, com o tráfico de drogas. A instituição afirma que valoriza o lado afetivo e religioso dos alunos para manter a paz dentro da escola.
- Não temos problemas nem dentro nem fora da escola. Corre tudo normalmente - diz o diretor da Marista Santa Marta, Augusto Russino.

A instituição não faz parte da organização do evento deste sábado, mas toda a comunidade está convidada a participar da ação, que tem o lema Educação Melhor em Nossa Comunidade.

Policiamento não  vai ser reforçado

A principal reclamação dos gestores, professores e alunos é a falta de policiamento e segurança nas escolas, principalmente durante a entrada e a saída de alunos. Segundo eles, viaturas ou policiais não são vistos na comunidade.
Conforme o comandante do 1º Regimento de Polícia Montada da Brigada Militar (1º RPMon), Sidenir Cardoso, existem patrulhas que dão prioridades às escolas, mas a demanda de serviço e o efetivo da BM, às vezes, não são suficientes.
- Temos viaturas que têm rota naquela região, mas não como eu gostaria e nem como deveria. Às vezes, estão atendendo outras ocorrências mais urgentes - explica o comandante.

Já a Guarda Municipal afirma que não é competência dela atuar em frent"

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