O projeto para construção de uma escola do Exército dentro de uma APA (Área de Proteção Ambiental) no Recife está sendo questionado por ambientalistas por causa do desmatamento previsto em áreas de mata atlântica. Instituições têm pressionado o governo Lula (PT) a rever o local da futura Escola de Formação e Graduação de Sargentos de Carreira do Exército (ESA), escolhida ainda na gestão de Jair Bolsonaro (PL).
O processo
Pernambuco concorreu com Paraná e Rio Grande do Sul pela escola. Por fim, se decidiu que a escola vai ficar na área do município de Abreu e Lima (região metropolitana do Recife), mas a APA abrange outros cinco municípios: Araçoiaba, Camaragibe, São Lourenço da Mata, Igarassu e Paudalho. O projeto está orçado em R$ 1,8 bilhão e tem conclusão prevista em 2034. Além disso, há mais R$ 110 milhões de contrapartida do governo de Pernambuco. As obras no local ainda não começaram.
Em fevereiro de 2021, houve a visita do Exército ao Rio Grande do Sul e aumentaram as expectativas para que a Escola de Sargentos das Armas fosse alocada em Santa Maria.
Discussão
As entidades ligadas ao meio ambiente identificaram que haverá um desmate de 188 hectares, área equivalente a 174 campos de futebol, para a construção do local, sendo a APA a mais preservada do estado. O local escolhido pelo Exército já abriga o Campo de Instrução Marechal Newton Cavalcanti, dentro na APA Beberibe/Aldeia e onde ficam cinco Unidades de Conservação de Proteção Integral.
Entidades produziram um dossiê e encaminharam, no último dia 19, à ministra do Meio Ambiente Marina Silva. Nele, ressaltam a troca de governo e solicitam que a pasta ajude na ideia de tentar mudar a área. Segundo o ofício enviado:
– Em 2023, mudanças ocorreram no cenário político nacional, e esse projeto criado no passado, com premissas do passado, se revela na contramão de uma nova visão de país, onde as questões relativas ao meio ambiente e à proteção ambiental se inserem no projeto político de nação, conforme foi determinado pelo presidente Lula.
O Comando Militar do Nordeste informou que, desde o final de 2021, realiza estudos ambientais, que resultaram na identificação de áreas restritivas:
– As áreas passíveis de supressão vegetal se caracterizam como vegetação secundária, ou em regeneração, e encontram-se em um estágio médio de regeneração. O Inventário Florestal também evidenciou que não há ocorrência de espécies consideradas imunes ao corte.
*Com informações do UOL