Eduardo Rolim: inflação

Redação do Diário

Confira o texto da coluna Opinião da edição impressa do Diário de Santa Maria deste final de semana:

Eduardo RolimMédico

Ralph Nader, político e ativista americano, desenvolveu campanhas memoráveis durante as décadas de 60 e 70, defendendo os direitos dos consumidores e denunciando as especulações nos preços dos alimentos e utilidades domésticas. Chegou a promover mudanças substanciais nas montadoras de automóveis visando maior segurança nos veículos. Tornou-se uma personalidade tão em evidência que foi indicado por quatro vezes candidato a presidente dos EUA por partidos menores (Partido Verde).

Sua liderança mobilizava os consumidores americanos a deixarem de comprar certas mercadorias que apresentavam preços exorbitantes, fruto da ganância especulativa do mercado. A repercussão de suas campanhas era tão forte que as mercadorias visadas sobravam nas prateleiras e obrigavam as empresas a revisarem os preços para poderem voltar a vende-las. Essas campanhas criaram uma cultura de vigilância pelos consumidores americanos quanto aos seus direitos e reação à especulação.

No momento atual, o mundo inteiro sofre uma onda inflacionária desencadeada pela pandemia da Covid-19. O comércio internacional ainda não encontrou a estabilidade necessária à regulação da oferta e procura, motivando elevação de preços, escassez de insumos e quedas na produção de certos itens. Isso oportuniza elevação especulativa de insumos e produtos por parte de empresários gananciosos, indiferentes face às necessidades do momento.

No Brasil, que se tornou uma potência mundial na produção de alimentos, a elevação dos preços de grãos e carnes, antecedeu a pandemia. Os preços dessas mercadorias passaram a ser regulados pelo comércio internacional. O agricultor que planta soja quer vender seu produto pelo melhor preço. Isso é justo e ninguém poderá obrigá-lo ao contrário em países de livre comércio. Consequentemente, o consumidor interno terá de pagar o preço internacional. Isso vale para todas as “commodities” e se desestabilizou com a chegada da pandemia. Mesmo assim, nossa economia, altamente dependente das exportações, manteve-se em níveis mundiais.

A crise do petróleo, que não está dependendo da oferta e nem da procura e está sendo motivada por políticas internacionais, dependentes da globalização comandada pelo grande capital, veio agravar a economia mundial. O Brasil vem acompanhando essa crise. A inflação em nossa economia vem sofrendo todas essas influências. Algumas incontornáveis, outras não. O repasse de custos na produção e no transporte é a principal causa dos aumentos dos preços finais, são inevitáveis e de difícil controle. Alguns empresários, aproveitando o momento, movidos pela ganância de lucros maiores, aumentam seus preços de maneira exorbitante. Vou dar um exemplo: um consumidor comunicou-me que, ao comprar uma lata de soda cáustica, encontrou numa loja o produto por R$ 30,00 e, na mesma rua, dois passos adiante, por R$ 22,00. O tomate gaúcho, precificado a R$ 13,00 o kg, ainda com a etiqueta grudada no produto, passou a ser vendido por R$ 8,90, devido à pouca receptividade do consumidor. Situações triviais como essas se multiplicam exaustivamente. Vestuário e bazar, pior ainda.

Somente a educação do consumidor pode prevenir os excessos. Procurar pelos menores preços, evitar comprar o supérfluo e privar-se dos produtos mais caros por um tempo, são medidas que tem poder de regular o mercado. Caso contrário, a inflação progride com rapidez. O consumidor é a mola mestra do mercado!

Leia o texto de Carmen Andrade

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