Do mato ao prato, moradoras da Quarta Colônia produzem doces com frutas nativas da Mata Atlântica

Leandra Cruber

Do mato ao prato, moradoras da Quarta Colônia produzem doces com frutas nativas da Mata Atlântica

Marcelo Oliveira

Jerivá, aroeira vermelha, araçá, uvaia, guabiroba, jabuticaba e butiá. Essas são algumas das frutas nativas da Mata Atlântica que as alunas do curso “Do mato ao prato: geleias, biscoitos e outras delícias com frutas nativas” aprenderam a usar na produção de doces. Oferecido gratuitamente a moradoras da Quarta Colônia, o curso fez parte do projeto Progredir da Universidade Federal de Santa Maria.

Durante o primeiro semestre de 2022, cerca de mulheres como a Tânia Chelotti, Lourdes Lago Garlet, Celi Benetti e Rosa Dallacorte, de Faxinal do Soturno, descobriram que muitas das frutas observadas no dia a dia e sem muito prestígio poderiam virar deliciosas geleias, balas, biscoitos e até xaropes. O limite é a criatividade.

Nesta quinta, as produtoras Celi Benetti, Rosa Dallacorte e Tânia Chelotti comercializaram as geleias, balas, biscoitos e outros doces na PoliFeira do Agricultor da UFSM.

Agora, o grupo que concluiu o curso participa da PoliFeira do Agricultor da UFSM e de outras feiras da cidade, como 28ª Feira Internacional Do Cooperativismo, a Feicoop, que ocorreu em julho.

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A funcionária pública aposentada Tânia Chelotti, 60 anos, decidiu participar do curso para desenvolver um pouco mais as habilidades culinárias. Durante as aulas, além de se descobrir uma cozinheira talentosa, também começou a usar ingredientes curiosos que já faziam parte da vida dela.

– A gente conhecia algumas frutas como jerivá, conhecido como coquinho, e a aroeira vermelha. Mas jamais pensaria que daria para fazer tanta coisa boa. Eu adoro cozinhar com a aroeira vermelha. É muito saborosa e aromática, além das propriedades medicinais. Mas algumas pessoas ainda confundem com a outra aroeira e pensam que pode dar alergia. Na verdade, a aroeira vermelha pode sim ser consumida – explica.

A agricultora e feirante Lourdes Lago Garlet, 60 anos, já produzia doces. Recentemente, criou a agroindústria Serrana, em Faxinal do Soturno, para comercializar geleias, uma especialidade de Lourdes. Após o curso, a variedade de produtos aumentou. Além disso, para ela, a produção de doces com frutas nativas da Mata Atlântica é uma oportunidade de conhecer e valorizar a biodiversidade da Quarta Colônia.

– A jabuticaba é uma fruta que já conhecemos muito e até fazia uns doces, mas agora tivemos incentivo para valorizar bem mais essa frutinha. E tem muitas outras que, quando criança, por exemplo, a gente usava como alimento para os porcos porque não sabíamos se dava para comer ou como usar. Esse novo conhecimento é muito importante porque a gente acaba valorizando a nossa natureza – comemora a agricultora.

A estudante de Letras Ana Calegaro, 18 anos, aproveitou o dia de sol e o final de semestre para garantir presentes gastronômicos para a família. Ela comprou uma geleia com aroeira vermelha.

– Minha avó faz muitas geleias e quando eu vi esses doces com ingredientes diferentes lembrei muito dela. Então, como é final de semestre, vou levar de presente. Já estou curiosa para sentir o sabor. Não conhecia nada com jerivá e aroeira vermelha, mas, pelo que a Tânia me falou, tem muitas propriedades medicinais – diz Ana.

Curso de culinária na Quarta Colônia

Ministrado pela professora Suzane Bevilacqua Marcuzzo e pela bióloga e estudante do curso de Gestão Ambiental, Emília Cebalhos, o curso faz parte de uma série de iniciativas de capacitação oferecidas pelo Progredir, projeto da Universidade Federal de Santa Maria que faz parte do Geoparque Quarta Colônia.

Além da valorização paleontológica e cultural da região, o objetivo é incentivar o ecoturismo, assim como capacitar moradores da Quarta Colônia para a geração de renda.

De acordo com Suzane, o reconhecimento das frutas nativas ressignifica a relação dos produtores rurais com a mata da região e influencia no desenvolvimento sustentável.

– Desde 2020 temos esse projeto e já testamos diversas receitas. Agora, a partir dos editais do Progredir, o curso pegou força total. A ideia é trabalhar a questão territorial de cidades da Quarta Colônia, a floresta em pé, que são as árvores, e a informação sobre as propriedades medicinais dessas frutas nativas. E vimos que é possível ressignificar a relação das agricultoras com a mata. Com o curso, passamos a enxergar cada frutinha de um jeito diferente. Assim, a Mata Atlântica é preservada e ajuda moradoras da Quarta Colônia a gerarem renda – argumenta a professora.

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Leandra Cruber, [email protected]

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