Foto: Ariéli Ziegler (prefeitura de Santa Maria)
Comemorações na Rua Cândida Vargas
A retomada do Dia do Vizinho neste ano aflorou memórias de moradores que participaram da festa em edições anteriores. Histórias de anos anteriores foram contadas como na Rua André da Rocha, no Bairro Salgado Filho, em que não há mais concurso para rainha adulta da comunidade em homenagem a Corina Marafiga.
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– Minha avó foi a rainha adulta por muitos anos, ela ocupou o posto até morrer. Depois que ela faleceu, a comunidade decidiu não fazer o concurso para rainha adulta e ela é a rainha póstuma. É uma maneira que encontramos de a homenagear, já que ela sempre organizava as festas. Agora, seguimos fazendo o concurso infantil e juvenil, mas ela, a vó Corina, é e sempre vai ser a rainha adulta da comunidade – conta Stéfany Marafiga, atual coordenadora da festa na rua.
Mas, outros locais de festa também tiveram momentos para recordar as festas de anos anteriores. Na Rua Cândida Vargas, no Bairro Nossa Senhora Medianeira, um painel com fotos que registraram mais de 25 anos de Dia do Vizinho ficou em exposição nesta edição. Também ocorreu um torneio de bocha, de ping-pong e a caixa misteriosa, em que os vizinhos deveriam descobrir o objeto que estava dentro.
No mesmo bairro, também ocorreu a festa na Rua Paulo Regis dos Santos Pereira, que como em edições anteriores, decorou toda a rua com bandeirinhas. Os vizinhos também promoveram atividades ao longo do dia para a comunidade, como corrida do saco, dança das cadeiras e desfile de crianças.
Já na Rua Acadêmico Fernando Mussoi, no Bairro Nonoai, as vizinhas retomaram a tradição do chá da tarde das senhoras, uma atividade que marcou o Dia do Vizinho em anos anteriores. Além disso, muitas brincadeiras foram planejadas para as crianças, além de muita conversa e chimarrão para os adultos.
A Vila Belga por si só é um marco histórico de Santa Maria, e os moradores do local, que se reuniram na Rua Doutor Wauthier também relembraram edições passadas do Dia do Vizinho.
– As festas aqui eram grandes, passavam de 100 pessoas. Este ano, acho que não chegamos a 50, mas o importante é que estamos aqui, juntos. Esperamos que tenha a festa nos próximos anos de novo e que mais vizinhos participem, porque esse momento de integração é importante – pontua o coordenador da festa, Sérgio Santini.
A Rua Goiânia, na Vila Noal, também tem muitas edições do Dia do Vizinho para contar, mas desta vez, a festa foi feita pela “nova geração”, como brinca a coordenadora Evelyn Machado. Com ajuda de vizinhos com mais experiência em organizar a data, ela conseguiu brindes e montou uma programação intensa para crianças e adultos. Até uma área instagramável, com sofá, almofadas e tapete foi montada no meio da rua para que a comunidade fizesse fotos e vídeos durante a festa.
Retomar o Dia do Vizinho na Rua João Lenz, no Bairro João Goulart, foi importante e um momento emotivo para Vera Pinto, coordenadora da festa, que lembra outras edições em que a comunidade participou. Para ela, reunir amigos é válido, já que na correria do dia a dia as pessoas mal param para conversar, mesmo que sejam vizinhos de porta.
O mesmo foi reforçado pela coordenadora da festa na Avenida Assis Brasil, no Bairro Itararé, Lúcia Sachez, que recordou como o Dia do Vizinho era forte e grandioso nos anos anteriores. Ela comenta que nesta edição, a tentativa foi resgatar as atividades que promoviam a integração entre vizinhos, como torneio de futebol, de vôlei e brincadeiras.
Mas teve quem também aproveitou o Dia do Vizinho para começar novas tradições. Como ocorreu em dois pontos da Rua Silva Jardim. No Bairro Nossa Senhora do Rosário foi a primeira vez em que a festa foi organizada. Assim como no Bairro Menino Deus, em que a comunidade também se uniu para realizar o momento de integração pela primeira vez. Nos dois pontos, os vizinhos fizeram almoço coletivo e promoveram atividades de integração.
- Conheça a história do Dia do Vizinho de Santa Maria, tradicional comemoração que começou há 34 anos
O mesmo ocorreu na Avenida Nossa Senhora Medianeira, no bairro de mesmo nome, em que um grupo de amigos decidiu iniciar a tradição do Dia do Vizinho. Brincadeiras, distribuição de doces e lanches comunitários fizeram parte da programação.
A Rua Major Bittencourt, no Bairro Divina Providência, também é iniciante na festa de confraternização. Mas a coordenadora Maristela Rodrigues diz que os vizinhos pretendem fazer deste um momento anual.
Na Avenida Itaimbé, no Bairro Centro, os moradores se uniram ao Dia do Vizinho neste ano e organizaram uma exposição de artesanato e um concurso de cães. Já na Rua Venâncio Aires, também no Centro, os vizinhos participaram de um almoço coletivo e rodas de conversa.
A Rua Frederico Augusto Treptow, na Vila Noal, promoveu o Dia do Vizinho com muitas atividades, como bicicletada, mini tênis, competição de amarelinha, karaokê, momento de sabedoria – com perguntas sobre Santa Maria e a rua em que moram. A iniciativa, conforme o coordenador, Cleber da Silva, a partir deste ano passa a integrar o calendário da comunidade.
No Bairro Urlândia, a festa na Rua São Gabriel teve churrasco, risoto e muita música ao longo do domingo. Logo que soube do retorno do Dia do Vizinho, o autônomo Edison Londero, reuniu os amigos para organizar a festa na vizinhança:
– Dá trabalho, mas vale a pena. A gente inicia os preparativos bem antes e se envolve o dia todo para ter a alegria de se reunir. É muito importante reviver essa festa – comenta Edison.
Em meio à correria do dia a dia, parar um pouco e conversar com os amigos é uma oportunidade, segundo o mestre de obras Ederson Soares Diniz, vizinho de Edison.
– Foi muito legal também receber amigos de outras comunidades que não se inscreveram neste ano, como a Vila Lídia e Santa Marta. Isso demonstra o quanto as pessoas querem comemorar a amizade umas com as outras – reforça Ederson.
Já na Rua dos Navegantes, no Distrito Passo do Verde, o Dia do Vizinho começou na noite anterior com um baile que se encerrou às 4h do domingo. Foi só o tempo de descansar um pouco para retomar as atividades, que incluíram a mateada à volta do churrasco, preparado pelo organizador do encontro, o comerciário Joelci Ubiratan da Silva.
– É a primeira vez que a minha esposa, Maria Medianeira, e eu realizamos o Dia do Vizinho. Estamos empolgados e queremos fazer uma festa ainda maior no ano que vem – adianta Joelci.
Para Maria Medianeira, dar importância a essa festa é valorizar as pessoas que estão mais perto quando se precisa:
– É com os vizinhos que contamos quando algo acontece conosco. São eles que nos socorrem mais rápido. Reunir as pessoas é incentivar o amor e a alegria – comenta Medianeira.
No Bairro Lorenzi, almoço, roda de mate, brincadeiras e muitas guloseimas alegraram o Dia do Vizinho na Rua das Crianças. A organizadora das comemorações, Enir Marinho, conta que participa da festa desde a segunda edição, nos anos 1990. Acompanhada do filho, o vigilante Raul Marinho, Enir está muito feliz com o retorno da festa que, para ela, tem que continuar cada vez mais.
Para o operador de máquinas Édio Squizani, cerca de 50 pessoas se reuniram para as atividades.
– Minha família fez questão de se reunir hoje aqui. É muito bom parar um pouco e dar atenção às pessoas, ainda mais nesses dias tão corridos que vivemos. Estamos muito felizes em ter a festa do Dia do Vizinho de volta – declara Édio.
Também no Bairro Lorenzi, mas na Rua União, a festa foi organizada pelo administrador Cristiano Lovato da Silva, que comemora o engajamento dos vizinhos. Costelão, aipim, brincadeiras, corrida do saco, ovo na colher e escorregador definiram um pouco das atividades que ocorreram no dia:
– Nossa rua é muito unida e a maioria se engajou para organizar as atividades. Os vizinhos estão animados desde cedo, dando o seu melhor para que tudo ocorresse bem hoje. Só tenho a agradecer pela iniciativa da prefeitura e do Diário. Que venham mais e mais Dias do Vizinho – comemora Cristiano.
Além destas, também tiveram programação do Dia do Vizinho:
- Rua Godolfin Gay, no Bairro Urlândia, com jogos de cartas, vôlei, futebol, desfile para as crianças, brinquedos infláveis, atrações musicais, e almoço coletivo
Confira como foi o Dia do Vizinho em outras regiões da cidade:
- Região Oeste teve brincadeiras e competições entre os moradores
- Região Leste teve muitas brincadeiras para crianças e adultos
Sobre o Dia do Vizinho
O domingo foi um dia para resgatar uma festa antiga da cidade e construir novas memórias e histórias sobre Santa Maria. Após sete anos sem a tradicional confraternização comunitária, neste 20 de agosto de 2023, o Dia do Vizinho foi oficialmente retomado com uma programação diversa em 22 bairros diferentes, que ocorreu entre 8h e 17h. A celebração é resultado de uma parceria entre o Grupo Diário, prefeitura, e os moradores santa-marienses que ajudaram a reconstruir um dia para fortalecer vínculos e convivência.
A primeira edição do Dia do Vizinho foi implementada pela prefeitura de Santa Maria e contou com o apoio do jornal A Razão, que ao passar do tempo tornou-se organizador da comemoração.
O evento, que durou mais de 25 anos consecutivos, de 1989 a 2015, começou com uma ideia trazida de outro município para fomentar a união comunitária. No auge, 100 ruas participaram do que era considerado simbólico – ruas fechadas, refeições compartilhadas e vizinhos conectados. A data faz parte do calendário de Santa Maria no terceiro domingo de agosto. Os vizinhos é que realizam a festa, que pode contar com o apoio do poder público e sociedade civil.