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Como Santa Maria se prepara para adversidades climáticas causadas pelo período de fortes chuvas

Como Santa Maria se prepara para adversidades climáticas causadas pelo período de fortes chuvas

Foto: Lenon de Paula (Arquivo Diário)

As chuvas fortes na última semana, especialmente no litoral norte do Estado, deixou um rastro de destruição. Quatorze pessoas perderam a vida e outras 7 mil ficaram desabrigadas ou desalojadas. Pelo menos 14 cidades declararam situação de emergência devido aos danos causados pelas enchentes trazidas pelo ciclone extratropical. Já faz algumas semanas que meteorologistas alertam sobre a influência do Fenômeno El Niño, que deve trazer chuva acima da média no sul do país. Diante do possível cenário, a Defesa Civil de Santa Maria se prepara para situações que possam surgir pelo excesso de água, principalmente em setembro, quando especialistas indicam ser a fase mais aguda. 


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O inverno, que começou na quarta-feira, já deu uma amostra de como será a estação: com muita chuva e alta umidade. Atualmente, 115 pontos da cidade estão sujeitos a alagamento, inundação e deslizamento de terra. Segundo o superintendente da Defesa Civil do município, Adão Lemos, cerca de 4 mil pessoas residem nestes espaços. A equipe monitora constantemente as áreas de altos riscos, principalmente, quando o volume de chuva aumenta. No entanto, as circunstâncias atuais são de planejamento para captar recursos, ampliar o monitoramento meteorológico e geológico e comprar materiais para estoque. 


Riscos para Santa Maria

Tradicionalmente, um grande volume de água gera instabilidade em vários pontos da cidade, seja por riscos hidrológicos (alagamentos e inundações) ou geológicos (deslizamentos de terra). As quedas de árvores e muros, também são contabilizadas. Além destes, o superintendente da Defesa Civil, Adão Lemos, cita a possibilidade de vendaval e granizo nos próximos meses. 


Área de risco na rua dos canários, bairro itararéFoto: Eduardo Ramos (Arquivo Diário)


Planejamento em quatro etapas 

O chefe de gabinete da prefeitura, Alexandre Lima, sinalizou uma série de medidas que serão tomadas para amenizar os danos que a chuva poderá trazer. Ele pontua os principais objetivos que, em sua maioria, têm prazo para serem implementados em até 60 dias. Ou seja, as duas últimas semanas de agosto. 


1. Infraestrutura da Defesa Civil 

A Defesa Civil irá revisar sua infraestrutura quanto a quantidade de telhas, lonas, e demais materiais para repor o estoque, prevendo a necessidade de usos dos materiais em casos de chuvas severas no segundo semestre. O órgão irá, também, elaborar um registro de preço dos itens que podem vir a ser necessários em caso de compras imediatas. Este processo faz com que o valor seja mais barato.

 

Da mesma forma, o recurso de registro de preço será usado junto com o governo do Estado para a aquisição de itens de ajuda humanitária como roupas, colchões e cobertores, a fim de não dependerem de doações. 


– Se nós não tivermos estoque e precisamos adquirir uma telha em caráter emergencial, ela seria R$ 300. Com o registro de preço, você pode fazer o pedido por R$ 100. Um respeito também ao dinheiro público, pois quanto mais barato melhor – explica Lima. 


Contratação terceirizada 

O superintendente Adão Lemos lista mais dois serviços no âmbito da Defesa Civil. Seriam contratações acionadas quando a estrutura disponível do município não for suficiente, como no caso de um aditivo para contratar caminhões de frete, os quais podem ser usados para a entrega de telhas. Também, um contrato com uma empresa de corte de árvores, bem como, um contrato para ter uma máquina maior, como a retroescavadeira. 

 

2. Monitoramento 

Barragens

A barragem do DNOS abastece Santa Maria e deve ser monitorada. Foto: Eduardo Ramos (Arquivo Diário)


Até então, o município ainda convive com a estiagem, pois os níveis das barragens não voltaram ao normal, e os açudes que foram escavados ainda não acumularam o nível de água suficiente para indicar normalidade. A Defesa Civil continua entregando água, ainda que em menor proporção. Com o El Niño agindo no segundo semestre, a Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) vai monitorar constantemente os níveis das barragens com a previsão do aumento de chuva.

 

Foto: Lenon de Paula (Arquivo Diário)


Até 60 dias, será contratado um grupo especializado para o monitoramento das áreas de risco nas encostas dos morros, para além dos dois geólogos do município que estão atarefados na desburocratização da Secretaria de Meio Ambiente. 


O grupo de acompanhamento será formado por profissionais de assistência social, engenharia florestal e geologia para trabalhar junto com a Defesa Civil. 


Tecnologia para alertas 


Junto à Defesa Civil do Estado, o município está trabalhando na contratação de um software para monitoramento climático dos bairros de Santa Maria, priorizando aqueles que têm áreas de risco. A contratação desse serviço está prevista para o segundo semestre deste ano.


3. Atualização do plano de contingência

A Defesa Civil também está trabalhando nas melhorias do Plano Municipal de Contingência de Proteção da Defesa Civil, o qual estabelecerá respostas mais funcionais para os problemas decorrentes das áreas de risco.


Neste planejamento, o município conta com a responsabilização de cada um dos entes, sejam da prefeitura ou não, para revisar equipamentos necessários. Como no caso do Corpo de Bombeiros, com bote salva-vidas e barcos; ou a Corsan, que além de monitorar barragens, também irá intensificar a limpeza e a manutenção do encanamento de esgoto.


4. Educação comunitária 

Além de planejamentos estruturais, a prefeitura prevê sensibilizar a comunidade com o objetivo de prevenção e segurança na destinação correta do lixo, a fim de contribuir com a limpeza dos boieiros e os serviços de desassoreamento. No trabalho com a comunidade, utilizarão um caminhão disponibilizado permanentemente pela Receita Federal. 


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Orçamento

Foto: Pedro Piegas (Arquivo Diário)


Os valores que serão investidos ainda não são mensuráveis totalmente. No caso da aquisição de telhas e lonas, é estimado o valor de R$ 700 mil. 


Normalmente não são negadas suplementações de recursos para a Defesa Civil. E em linhas gerais, o valor sai da reserva de contingência. A complementação destes valores pode ser feito por meio de emendas parlamentares para aplicar em infraestrutura, pavimentação ou drenagem. 


Estoque atual

  • Telhas - 1646 telhas
  • Lonas  - 550 metros 

Solicitação  da Defesa Civil 

  • 10 mil m² de lona 
  • 6 mil telhas de 6mm (mais grossa)
  • 3 mil telhas de 4 mm (mais fina)
  • 1 mil telha de aluzinco (mais resistente) 
  • Valor estimado para aquisição de materiais como telha, lona e itens para ajuda humanitária - R$ 700 mil conforme Gabinete do prefeito 


Chuvas intensas pela frente

Por conta da maior disponibilidade de umidade na atmosfera, o inverno de 2023 terá alternância de temperaturas. É o que indica o meteorologista Gustavo Verardo


– Temporais sempre ocorrem pelo choque térmico de uma frente fria com o ar mais quente vindo do Norte. Então, esse ano, há risco de temporais quando temos frentes frias mais intensas. O guarda-chuva será um item muito usado neste inverno – alerta Verardo. 


As autoridades na área indicam que já podemos identificar os efeitos do El Niño. O auge na região deverá ser no mês de setembro. A conclusão ainda não tem data marcada, conforme o meteorologista da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) Murilo Lopes


– Para este ano, esperamos que o El Niño tenha intensidade de média a moderada, entretanto, existe alguma incerteza sobre o quão forte será este fenômeno.  Ainda que não chegue ao nível de 2015, a possibilidade de termos chuvas mais frequentes com quedas de granizo existe, principalmente na primavera, virada de agosto para setembro. 


Ciclone no Rio Grande do Sul

Ciclone extratropical deixa estragos em cidades e bloqueia rodovias gaúchas, como no caso da ERS-422. Foto: Prefeitura de Venâncio Aires (divulgação)


Entre a quinta (15) e a sexta-feira (16), um ciclone extratropical devastou especialmente municípios do Litoral Norte, Vale do Sinos e Vale do Paranhana no Rio Grande do Sul, deixando mais de 7 mil pessoas desalojadas ou desabrigadas, 16 mortos. 


As imagens impactaram a população. O governo do Estado indica que se dedicaram a organizar ações de restabelecimento das condições de moradia e estrutura para as famílias que perderam tudo. Para isso, o governador Eduardo Leite (PSDB) apontou a criação de um grupo de trabalho envolvendo a Procuradoria-Geral do Estado e as secretarias de Planejamento, Governança e Gestão, da Fazenda e de Assistência Social.


O governo do Estado já anunciou o repasse de R$ 1,1 milhão para cinco municípios atingidos. Dom Pedro de Alcântara, receberá  R$ 232.900; Itati  R$ 215.897, Maquiné R$ 256.000 , Morrinhos do Sul  R$ 232.900, Três Forquilhas R$ 218.900.  


O grupo deve desenvolver uma política de apoio financeiro às famílias em situação de vulnerabilidade que sofreram perdas, bem como para os pequenos produtores rurais que perderam sua produção em razão das chuvas.



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