Com estiagem, prejuízos na produção agropecuária da Região Central deve ultrapassar R$ 180 milhões

Leandra Cruber

Com estiagem, prejuízos na produção agropecuária da Região Central deve ultrapassar R$ 180 milhões

NathSchneider

O agricultor Dilmar Ratzlaff, de Agudo, cultiva soja. Porém, boa parte da área plantada recentemente não se desenvolveu devido à falta de chva. Foto: Nathália Schneider. (Diário)

Cinco municípios da Região Central já tinham decretado, até esta terça-feira (27), situação de emergência em razão da estiagem. Agudo, Júlio de Castilhos, São Gabriel, São Martinho da Serra e Tupanciretã enfrentam danos humanos e ambientais e buscam soluções junto a entidades, como a Emater e a Defesa Civil de cada cidade, para minimizar os impactos. Até agora, os prejuízos na produção agropecuária das cidades em situação de emergência são estimados em, pelo menos, R$ 182 milhões. 

Segundo Guilherme Passamani, gerente regional da Emater, instituição que acompanha o desenvolvimento rural dos municípios gaúchos, ainda que sejam feitas estimativas em relação ao prejuízo, o número deve ser maior, já que a estiagem é recente.

— A Emater faz laudos sobre as perdas agrícolas nos municípios com uma estimativa de valores que tendem a se amplificar conforme a estiagem for se caracterizando. Ainda é cedo para dizer tanto por cento de prejuízo e sabemos que o número, nesse momento, pode ser subestimado. 

Atraso no plantio de soja

Passamani explica, ainda, que a Região Central vive em uma situação de atraso no plantio de soja de, em média, 50 mil hectares. Produtores vivem a incerteza se conseguirão plantar o grão em razão da falta de chuvas. Já em relação à soja já plantada, o gerente regional da Emater explica que o grão está em uma fase que não é possível concluir com precisão o prejuízo futuro: 

— Nós não sabemos se será possível plantar esses hectares porque a falta de chuvas está prejudicando o plantio dessas lavouras.  Nossa região agrega os maiores municípios produtores de soja, então, acompanhamos de perto porque sabemos que tem uma relevância econômica muito grande. Praticamente toda a soja já plantada está em germinação e desenvolvimento vegetativo, então ainda não é o momento certo para estimarmos perdas, mas elas existem.

Assim, em municípios como Tupanciretã, maior produtor de soja do Estado, o poder público ainda não conseguiu estimar o prejuízo econômico. O vice-prefeito do município, Marcio Teixeira Dias, diz que, ainda que não se tenha valores, sabe-se que as lavouras de Tupanciretã já perderam percentual produtivo:

— Estimamos que de 30% a 40% das lavouras já perderam o potencial produtivo, isso significa que as consequências virão no final do ciclo. Em algumas micrroregiões, em que ocorreram boas pancadas de chuva, temos de 8% a 10% de lavouras em excelentes condições. Então, são situações bem diversas. Esperamos que, se chover de forma significativa nos próximos dias, ainda seja possível reduzir os impactos na economia. 

Consequências da estiagem de 2021 

Em Júlio de Castilhos, além da atenção ao plantio de soja, de milho e da pecuária de leite, a Secretaria de Agricultura se preocupa com a falta de acesso à água potável no interior do município. Conforme Ana Paula Ferreira, secretária de Agricultura da cidade, os impactos ambientais sentidos já em dezembro são reflexos da estiagem do ano passado.

— É muito cedo para estarmos falando sobre os efeitos da estiagem, mas, infelizmente, é uma realidade que já é enfrentada em razão do período severo de escassez de chuvas que vivemos no ano passado. Alguns poços artesianos que funcionavam há 40 anos, por exemplo, secaram porque as chuvas de 2022 não foram suficientes para abastecê-los – lamenta. 

No município de Agudo, os impactos de anos anteriores também tem influenciado, principalmente, na produção agrícola do município, como explica Giovane Neu, secretário de Agricultura e Coordenador da Defesa Civil:

– Neste ano a situação da água, principalmente para consumo humano, não está tão grave devido os investimentos realizados ao decorrer do nosso trabalho. Porém, o grande problema são os prejuízos causados pela falta de chuva aos cultivos agrícolas.

Em São Martinho da Serra, o poder público tem atuado a partir das secretarias de Agricultura e de Assistência Social e Habitação para mitigar os efeitos iniciais da estiagem que tem afetado de forma mais intensa os pequenos agricultores.

— Em localidades do interior do município, onde a agricultura familiar é a base do sustento de muitas famílias, a situação é mais crítica. Assim, a assistência social se torna indispensável – explica Robson da Trindade, prefeito da cidade.

Situação em Santa Maria

Ainda que o Coração do Rio Grande não tenha decretado situação de emergência, a Defesa Civil, em novembro e dezembro, abasteceu 349 famílias com água potável. Em boletim divulgado pela prefeitura nesta semana, dado mostra que 997 pessoas, que residem nos nove distritos e em cinco bairros da cidade, dependem da distribuição de água potável.

No distrito Passo do Verde, o nível do Rio Vacacaí está sendo monitorado. No local, 24 pontos de distribuição de água atendem a comunidade. Foto: Eduardo Ramos

Atualmente, são 121 pontos de distribuição e 349 famílias atendidas. Esses dados são referentes aos meses de novembro e dezembro e crescem dia após dia. Equipes da Defesa Civil já entregaram mais de 706 mil de litros de água só neste mês de dezembro com um caminhão-pipa e outro caminhão adaptado Para minimizar efeitos da estiagem, devido à pouca precipitação de chuvas, o Executivo municipal sancionou a lei que prevê o Programa Municipal de Irrigação e Reserva de Água (IrrigaSM), e autoriza a utilização de recursos da Secretaria de Município de Desenvolvimento Rural para a construção e reforma de microaçudes, tanques de piscicultura e bebedouros para dessedentação animal. Além do programa, de janeiro até julho de 2022 foram reformados ou construídos quase 200 microaçudes e bebedouros, em propriedades rurais do interior.

Estimativa de perda Safra 2022/2023

Agudo: R$ 41,6 milhões

Júlio de Castilhos: R$ 4,5 milhões relacionados a safra de milho e pecuária leite (levantamento de prejuízos na safra de soja em estudo) 

São Gabriel: R$ 70 milhões

São Martinho da Serra: R$ 66 milhões

Tupanciretã: Não há estimativa de prejuízo em reais em razão das plantações de soja estarem em germinação e desenvolvimento vegetativo.  

Em dois meses, 349 famílias foram abastecidas com água potável devido à estiagem em Santa Maria

Região Central está entre as mais afetadas do Estado pela estiagem e seca em 19 anos 

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