Cinco das 10 maiores escolas municipais enfrentam falta de professores

Mais de 20 mil alunos de 70 colégios municipais de Santa Maria voltaram às aulas na sexta-feira. No retorno, o que se viu foram as tradicionais cenas de pais chegando com filhos, corredores movimentados, colegas se reencontrando. Repetiu-se também a situação que atormenta pais, alunos e professores em todos os começos de ano: a incapacidade dos gestores públicos em resolver a falta de professores.

Na manhã e tarde de sexta-feira, o Diário conversou com a comunidade escolar das 10 maiores escolas municipais. Na metade delas, há falta de educadores. São 16 turmas que ficarão sem docentes (leia no quadro).  Foi por causa da falta de professores que 70 alunos de três turmas da Escola Luizinho de Grandi, a maior da rede, foram dispensados mais cedo. 
– Eu nunca tinha vivido uma coisa dessas, de pegar o microfone e dizer para os pais levarem seus filhos de volta para casa. Para nós, esse começo de ano é bem preocupante. Já tínhamos feito pedido para secretaria (de Educação) de novos professores e esperávamos que no primeiro dia tudo estivesse organizado – afirma Maria Helena Antonello, diretora da instituição.

Na escola, faltam sete professores para classes de 2º, 3º, 4º e 5º anos do Ensino Fundamental. Para amenizar o problema, vice-diretores, a coordenadora pedagógica e a educadora especial assumiram as aulas nas turmas sem professor. Mas ainda não foi suficiente para cobrir todo o turno.

Infraestrutura deficiente

Os problemas também são de outra ordem para algumas escolas. Na Adelmo Simas Genro, a comunidade pede um muro ou uma grade para cercar parte do pátio, que é aberto. Além disso, o ginásio de esportes, que é usado durante as aulas e nos finais de semana para projetos sociais, não tem luz nem água nem banheiro, o que dificulta a realização de eventos.

Já na Duque de Caxias, o telhado do prédio está deteriorado. Há salas de aula que foram desativadas e praticamente nenhuma vaga nova foi aberta até que o forro, o telhado e a rede elétrica passem por reforma, prevista para este ano. A rede elétrica também é falha na Adelmo Simas Genro e na Irmão Quintino. Nas duas, é impossível ligar os condicionadores de ar sem ter uma queda de luz. 

Até metade de março, novos professores

A secretária municipal de Educação, Silvana Guerino, garantiu na sexta-feira que a falta de professores será resolvida até metade de março. Segundo ela, foi aberto recentemente o Regime Suplementar de Contratação, uma das tentativas de suprir a demanda de educadores. Desta forma, concursados podem ser contratados para mais um turno de trabalho.

O projeto de lei deve ser encaminhado para aprovação na Câmara na segunda-feira. Além disso, a secretária garante que outros profissionais devem ser incluídos nas escolas onde há déficit. Com o regime de contratação suplementar e de emergência, o problema deve ser sanado, garante Silvana:
– Temos um concurso em aberto, com a prova marcada para o dia 15 de março. Se tudo der certo, até meados de maio novos professores serão nomeados. Mas antes disso, até março, queremos ter organizado os professores.

A prefeitura não informou o número de educadores que faltam nem quantos devem ser contratados de imediato. No concurso, a previsão é de cerca de 140 vagas, mas o número pode mudar já que é calculado de acordo com levantamento feito ainda no ano passado.

O Sindicato dos Professores Municipais de Santa Maria (Sinprosm) também não tem o déficit de professores. Segundo Mariane Denardin, coordenadora do Sinprosm, no ano passado algumas escolas que ficaram sem professores por quase 10 meses.

Conforme o sindicato, desde o início de 2013 até agora, 167 professores se aposentaram. Além da aposentadoria, há o número de educadores que exerce funções fora de sala de aula, como direção ou coordenação pedagógica, e também precisam ser substituídos por novos profissionais.