As manifestações são parte da democracia e, inclusive, são um recurso previsto na Constituição Brasileira. O direito à livre manifestação ficou ainda mais evidente desde junho do ano passado, quando o Brasil se viu em meio a uma onda de demonstrações de civismo e, principalmente, de cobrança pela melhoria e excelência na prestação de serviços básicos aos brasileiros.
A avaliação de cientistas políticos e de estudiosos sobre o tema mostra que, de forma geral, a pressão feita pela população conseguiu imprimir uma agenda positiva à classe política - mesmo que essa tenha dificuldades em dar celeridade às demandas do povo.
Contudo, em meio a tantas manifestações, há também quem use o espaço público para propagar a prática de delitos - como atos de vandalismo, de depredação e, até mesmo, de coerção das pessoas - como é o caso da atuação dos extremistas dos black blocs. Na outra ponta, a polícia, o braço armado do Estado, deve assegurar o direito constitucional à livre manifestação e, ao mesmo tempo, a manter a ordem pública.
O desafio está na busca de um meio termo, ou seja, a garantia que a manifestação ocorra, de modo que a sociedade não fique refém de atos de desordem. Para o cientista político da UFSM José Carlos Martinez, as manifestações de rua, envoltas principalmente pela questão do transporte, evidenciam que os excessos se dão de ambos os lados:
_ Tem se visto o abuso por parte de muitos manifestantes que promovem vandalismo e, inclusive, ações violentas. É preciso estabelecer limites, previsto dentro da lei e da ordem, e o Estado tem legitimidade para atuar. A polícia é o braço armado do Estado e ela deve agir em nome de toda a sociedade. Agora, é preciso lembrar que a polícia tem tradição de cometer excesso. Infelizmente, os excessos ocorrem de ambos os lados.
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