Características da mobilidade urbana de Santa Maria influenciam Onda Verde, diz especialista

Para muitos motoristas que transitam diariamente pelas principais avenidas de Santa Maria, os efeitos da Onda Verde não são sentidos. Ainda que a Secretaria de Mobilidade Urbana trabalhe na atualização dos equipamentos para que a comunicação com a central digital seja otimizada, o sistema depende de outros fatores que devem ser levados em consideração para o funcionamento pleno. 

Segundo o professor do Departamento de Transportes do Centro de Tecnologia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Alejandro Padillo, a Onda Verde é um sistema que oferece benefícios para a mobilidade urbana, principalmente de grandes cidades, já que contribui para a fluidez do trânsito. Em metrópoles como São Paulo, a sincronização dos semáforos é essencial para evitar grandes congestionamentos. No entanto, ele ressalta que não existem redes perfeitas:

– O sincronismo dos semáforos é uma das questões mais importantes para o funcionamento da Onda Verde. Mas, sabemos que não é possível sentir o efeito da plenitude a qualquer horário do dia porque não existem redes perfeitas. Esse é um dos motivos que faz com que motoristas sintam que a Onda Verde não está funcionando e que deve ser melhor trabalhado. 

Além do sincronismo, o professor que atua como coordenador do Laboratório de Mobilidade e Logística (LAMOT), diz que outros elementos precisam ser levados em consideração para que a Onda Verde seja bem sucedida. São eles: relação geográfica, volume de tráfego e comportamento de motoristas.

Características de sistemas de Onda Verde

Sincronismo: conjuntos semafóricos precisam estar sincronizados a partir de uma central. Em Santa Maria, 62 semáforos fazem parte do sistema de sincronização;

Relação geográfica: vias devem estar em sequência, ou seja, Onda Verde deve ocorrer em um trajeto retilíneo e extenso, como grandes avenidas, e que não tenham barreiras naturais ou artificiais que interrompam. Rotatórias, por exemplo, afetam o sincronismo;

Volume de tráfego: para que exista um sistema de Onda Verde, o volume de tráfego deve ser elevado, ou seja, é preciso que uma via tenha números expressivos de veículos, ainda que em horários específicos;

Comportamento de motoristas: em um sistema de Onda Verde, motoristas são integrantes de pelotões, ou seja, características como a velocidade deve ser uniforme. 

Mobilidade urbana da comunidade santa-mariense

Para mapear características da mobilidade urbana de Santa Maria, o LAMOT trabalha, desde 2020, em uma pesquisa que documenta os hábitos de locomoção das pessoas da cidade antes, durante e depois da pandemia. 

De acordo com Padillo, os resultados da primeira etapa mostram que os santa-marienses usam bastante o transporte coletivo, assim como o transporte individual, como carros e motos. 

– Pensando em um cenário de uma boa mobilidade urbana, o ideal seria que o ônibus, bicicleta ou caminhada fossem os principais meios de locomoção. No entanto, em Santa Maria, o carro ainda é muito utilizado. Com a pandemia, a intenção de uso do transporte individual cresceu ainda mais. Isso preocupa porque, ainda que exista uma sistema de Onda Verde, vias congestionadas se tornam inevitáveis com um crescimento não esperado desse tipo de transporte – explica. 

A segunda etapa da pesquisa que vai mostrar como a população de Santa Maria se locomove está disponível e pode ser acessada e respondida a partir de formulário virtual. O objetivo é que resultados possam contribuir para o planejamento urbano, assim como na promoção de deslocamentos mais seguros, sustentáveis e eficientes. 

Com instalação de novos conjuntos semafóricos, saiba como fica a Onda Verde em Santa Maria