O aumento do número de assassinatos que os santa-marienses convivem ano após ano, desde 2011 – passou de 29 naquele ano para 66 em 2016 –, ocorre em maior proporção no Estado, no país e na América Latina, que concentra 38% dos homicídios do mundo.
Para tentar reverter deste cenário, a Instinto de Vida, uma aliança criada a partir da união de mais de 40 organizações não governamentais (ONGs) de sete países, desenvolveu uma campanha de redução de homicídios na América Latina. A meta é diminuir esse tipo de crime em 50% em 10 anos, o que significa evitar 365 mil mortes na década nesses países.
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A campanha tem foco no Brasil, Colômbia, El Salvador, Guatemala, Honduras, México e Venezuela e tem apoio de entidades internacionais. Hoje, a iniciativa será lançada no Rio Grande do Sul, segundo estado brasileiro a receber a campanha – o primeiro foi o Rio de Janeiro. O evento é organizado pelo Instituto Fidedigna, com sede em Porto Alegre, e pelo Instituto Igarapé, sediado no Rio de Janeiro, que integram a Instinto de Vida.
– A campanha pauta a necessidade de colocar o tema da preservação e proteção da vida como questão prioritária na agenda pública seja municipal, estadual ou federal – disse Eduardo Pazinato, do Instituto Fidedigna e coordenador do Núcleo de Segurança Cidadã da Faculdade de Direito de Santa Maria (Fadisma).
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O ato no Estado será na sede do Fidedigna, em Porto Alegre, entre 15h30min e 18h, e deverá contar com a presença de prefeitos de 26 municípios que deverão assinar uma carta assumindo o compromisso de colocar o tema em discussão em suas cidades e de desenvolver ações para reduzir os homicídios. Entre eles, Santa Maria e Santiago, da Região Central. O evento, inicialmente, será fechado aos participantes. Depois das 18h, será aberto ao público para lançamento dos livros "Drogas: as histórias que não te contaram" e "Travestis e prisões". O Fidedigna fica na Rua Hoffmann, 469, Vila Flores.
As prefeituras que aderirem à campanha deverão fazer um diagnóstico em seus municípios apontando a região com maior incidência desse tipo de crime, entre outras informações. A partir do mapeamento cada município participante deverá elaborar um plano com projetos e ações específicas. Para isso, terão apoio das instituições que integram a campanha, mas também serão monitorados e avaliados no desenvolvimento das propostas.
A ideia é fazer um esforço conjunto para que o poder público trabalhe a questão em várias frentes, desde a prevenção em ações de combate ao abandono e à evasão escolar, por exemplo, até a repressão, com a articulação junto aos órgãos de segurança pública.
Em Santa Maria, um exemplo de como a sociedade civil pode participar desse processo é o projeto Camobi Segura, em que o empresariado da região leste da cidade promoveu a reforma de viaturas da Guarda Municipal e da Brigada Militar para atuarem na região e formou um grupo em rede social para colaborar com informações e obter resposta mais rápida dos órgãos de segurança. No último domingo, Santa Maria chegou a marca de 43 assassinatos, três a mais do que no mesmo período do ano passado.
Os homicídios no Brasil
– O Brasil é o campeão mundial de violência letal, com quase 60 mil homicídios ao ano
– Metade das 50 cidades mais atingidas por esse crime no mundo está no país
– As principais vítimas no Brasil são jovens negros, de 15 a 29 anos
– A região do país com maior concentração de assassinatos é a Nordeste (36%), seguida da Sudeste (24%), da Norte (16%), da Sul (13%) e da Centro-Oeste (11%)
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