BR 392 e BR 158 são as campeãs em acidentes de trânsito em Santa Maria. Foto: Nathália Schneider (Diário)
Em menos de duas semanas, Santa Maria registrou duas mortes de idosos por atropelamento. No dia 28 de maio, Romilda Krachefski Rush, 86 anos, morreu ao ser atingida por dois veículos por volta das 11h30min na ERS-509, no Bairro São José. Dez dias depois, Alberto Celeprin, 77 anos, morreu atropelado por quatro veículos na mesma rodovia. O acidente aconteceu às 6h50min.
Segundos dados da Secretaria de Mobilidade Urbana, a ERS-509 esteve entre as rodovias com mais acidentes com vítimas fatais em 2021, ficando atrás somente das BRs 158 e BR-287, registraram 10 acidentes com vítimas fatais.
Mas, de 2019 a 2021, as vias que mais concentraram acidentes no município foram as BRs 158 e 392. Juntas, somaram 23 mortes. A ERS-509, a BR-287 a RSC-287 concentraram 19 mortes no total. Além disso, quase metade das vítimas são pessoas acima de 50 anos de idade.
Os dados são do Programa Vida no Trânsito (PVT). A reportagem do Diário obteve com exclusividade os números dos acidentes de trânsito nos últimos três anos em Santa Maria.
O programa é uma iniciativa nacional que promove um trabalho conjunto entre os diversos setores ligados à problemática do trânsito. O PVT é coordenado pelo Ministério da Saúde, em cooperação técnica com a Organização PanAmericana de Saúde (OPAS). Em Santa Maria, é mantido pela Secretaria de Mobilidade Urbana.
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Atropelamento é a principal causa de mortes
No início do mês um idoso foi atropelado por volta das 6h50min, na Faixa Velha de Camobi. Dois veículos envolvidos no acidente fugiram do local. Foto: Gilberto Ferreira (Bei)
Nos anos de 2019 a 2021, em Santa Maria, 74 acidentes resultaram em 76 mortes. Dessas, 30 morreram em vias municipais, 29 em vias federais e, 16, em vias estaduais. Apenas uma não teve o local informado. A grande maioria dos sinistros ocorreu nos meses de maio, junho, setembro e dezembro.
A faixa de horário durante o dia que mais registra sinistros é das 8h às 9h59min (13,51%). Entretanto, a maior concentração se deu no período da noite. Os dados coletados pelo Programa Vida no Trânsito apontam que 35 (47,29%), ou seja, quase metade dos acidentes nos últimos três anos, aconteceram entre as 18h e as 23h59min. A noite de sábado é o período da semana com maior número de ocorrências de acidentes fatais.
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Dos 76 óbitos registrados no período, 25 foram relacionados a atropelamentos, o que corresponde a 33,78% do total de mortes e se posiciona como a principal causa de óbito no trânsito local. A segunda causa mais recorrente é a colisão lateral, com 20 ocorrências, correspondendo a 27,02%.
A partir de 2021, os dados do programa incluem os principais fatores determinantes para os acidentes. Nesse período, o principal foi o excesso de velocidade, registrada em 10 ocorrências – 27,78% do total. A embriaguez ao volante (9) foi o segundo. Além desses, estiveram pedestre fora da faixa (5), não uso de equipamento de segurança (6), condutor sem habilitação (3), problemas de infraestrutura (2) e problemas de iluminação (1).
Das vias com maior número de vítimas fatais no ano de 2019, destacam-se as rodovias BR-287 (4) e a BR-158 (4). Na sequência constam a Avenida Medianeira (3) e a BR-392 (3). No ano de 2020, as rodovias federais se destacam nas estatísticas. Os maiores números de vítimas em sinistros de trânsito estão na BR-158 (4) e BR-392 (4), seguidos pela BR-287 (3), e a RSC-509 (2).
Já em 2021, a BR-392 e a RSC-287 estavam no topo da estatística, com 5 óbitos registrados em cada rodovia. A RSC-509 contabilizou 4 óbitos em decorrência de acidente de trânsito. A BR-158 registrou 3 óbitos. No total do período analisado, foram 12 mortes na BR-392, 11 na BR-158, 8 na BR-287, e 7 na RSC-287 (faixa nova de camobi). A RSC-509 registrou 6 óbitos no período.
Outra ponto importante é que 75% das vítimas são do sexo masculino, e os 25% restantes são do sexo feminino. Em relação a faixa etária das vítimas, 33 dos 76 óbitos (44,59%) são de pessoas de 50 anos ou mais. Confira abaixo os gráficos ilustrativos:
Programa Vida no Trânsito – DadosInfogram
O Programa Vida no Trânsito
O principal objetivo do PVT é o fortalecimento das políticas de prevenção de lesões e mortes no trânsito e a promoção de intervenções efetivas de segurança no trânsito. Segundo o Departamento Estadual de Trânsito (Detran-RS), o programa analisa os fatores causadores e influenciadores de acidentes fatais. A partir da análise dos acidentes, são desenvolvidas ações educativas para os públicos mais suscetíveis a acidentes.
Conforme Andréia Volkmer, da secretaria estadual da Saúde e responsável pela coordenação do programa no Estado, apenas Porto Alegre, Passo Fundo e Santa Maria operam o programa. Os dados do programa são obtidos com apoio de diversos órgãos de segurança, hospitais e centros de formação de condutores.
Para que o trânsito se torne mais seguro, é fundamental investir em ações voltadas tanto a veículos quanto aos pedestres.
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– Enquanto as estratégias de infraestrutura viária forem voltadas somente aos veículos, o cenário da mobilidade urbana seguirá mais hostil aos pedestres – ressalta o professor Carlos Félix, especialista em trânsito da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).
O secretário de Mobilidade Urbana, Orion Ponsi, diz que era necessário ter uma base de dados para viabilizar o planejamento estratégico e operacional.
– Começamos a fazer uma coleta com a qualificação dos dados desde o período em que assumimos. Assim, começamos a identificar com maior precisão onde os problemas ocorrem e como solucioná-los – afirma o secretário.
Confira os locais que registraram acidentes com vítimas fatais nos últimos três anos
Copy: Sinistros por tipo de viaInfogram
Lenon de Paula
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