Uma pesquisa realizada pela Kantar no segundo trimestre deste ano mostra que os produtos de higiene pessoal, como o sabonete, tiveram aumento de 42% nos últimos quatro anos. Com isso, as ocasiões em que o brasileiro não incluiu nenhum artigo em um de seus banhos cresceram 9% se comparadas ao mesmo período de 2018, quando foi realizada a última pesquisa.
O levantamento da empresa inglesa Kantar, líder mundial de pesquisas em mais de 80 países, mostra que o brasileiro está fazendo escolhas na hora da higiene pessoal, dispensando o uso do sabonete em um dos banhos do dia, por exemplo, para reduzir os gastos. Segundo o professor da Universidade Fransiscana (UFN) e economista Mateus Frozza, o aumento do dólar seria o principal motivo para a elevação dos preços.
– Esse aumento de preço está relacionado com o mercado internacional, o dólar, em função dos itens que compõe a matéria-prima para os produtos de higiene pessoal – explica.
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O problema enfrentado por parte da população é porque os produtos de higiene, como sabonete e xampu, tiveram aumento de preços equivalentes ao dos alimentos. O levantamento aponta que 31% dos brasileiros cortaram os itens de higiene da lista de compras por causa da elevação do preço.
Conforme dados disponibilizados pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), a cesta básica teve aumento de 50% nos últimos dois anos. Frozza salienta que essa realidade pode ser ainda maior, pois nos últimos meses, muitas pessoas estão tendo que escolher entre a alimentação ou a compra de materiais de higiene.
– Eu estou privilegiando a alimentação, a habitação e, principalmente, pagar contas básicas, como luz, água, gás, aluguel ou a prestação da casa, o que reflete em outros setores de compras nos supermercados – analisa o economista.
Segundo a pesquisa, tomar banho só com água atinge, especificamente, a população das classes D e E, cuja renda média individual é de R$ 761,63, o que corresponde a cerca de 65% do salário mínimo em vigor em 2022.
O sabonete mais barato em Santa Maria custava R$1,95, enquanto o xampu mais em conta estava custando R$ 6,99
Vale destacar que o volume de xampu comprado caiu 4% entre o primeiro e o segundo trimestres deste ano, indicando que as pessoas estão fazendo o produto render mais no banho. As embalagens econômicas dessa categoria (600 ml) registraram alta de 5% no segundo trimestre.
A pesquisa é desenvolvida por meio de um aplicativo que monitora o comportamento de higiene de 4 mil pessoas. Esse público representa, segundo cálculos da consultoria responsável pelo projeto, cerca de 115 milhões de brasileiros.
Em uma comparação local no aplicativo Menor Preço, da Nota Fiscal Gaúcha, o sabonete mais barato em Santa Maria custava, nesta quarta-feira, R$ 1,95, enquanto o xampu mais em conta estava custando R$ 6,99. A quantidade era de 325 ml. Mas, em sua maioria, os sabonetes passaram a custar mais de R$ 4 nos supermercados da região.
Alternativa
Conforme especialistas, é possível encontrar opções mais em conta, principalmente em lojas e supermercados que vendem o produto em atacado.
– Uma forma de me adaptar a esses aumentos é fazer compras em grandes redes, grandes distribuidoras, o qual eu consiga fazer compras para o mês, ou até um período maior, com produtos mais em conta, ou possa pegar, por exemplo, seis sabonetes e pagar cinco – sugere Mateus Frozza.
A orientação é fazer um planejamento para driblar a elevação dos preços.
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