Bancas de revistas resistem à digitalização da informação

Jaiana

Bancas de revistas resistem à digitalização da informação
Foto: Pedro Piegas (arquivo Diário)

Por muitas décadas, as bancas de jornais e revistas eram tradicionais nas cidades. Hoje, muitas delas deram lugar à internet, já que vários conteúdos são consumidos via redes devido à digitalização das informações. Mas ainda há estabelecimentos que resistem à nova era e pessoas que não abrem mão do contato físico com o papel. As bancas resistem em Santa Maria, e oferecem um serviço importante à democratização da informação, levando em conta que quase 20% da população brasileira ainda não tem acesso à internet, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2019, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

– O nosso movimento se mantém. Tem cliente que não dispensa dar aquela “papirada”, pegar a revista, tirar do plástico, sentir o cheiro e dar uma boa lida. Isso é um incentivo para a gente continuar no ramo da revistaria – conta o gerente de uma banca na Avenida Medianeira, Ronaldo Cardoso.

O militar da reserva Vagner Jaques, 67 anos, é um dos clientes que cultiva o ritual de escolha, compra e leitura no papel. A tradição passou para os netos, a quem ele faz questão de levar revistinhas em quadrinhos toda vez que vai até a banca.

– Tem coisas que não encontro na internet, apenas no papel. Gosto muito de revistas especializadas, e só encontro aqui. A leitura no papel é uma espécie de magia – afirma.

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Persona

A banca em que Ronaldo trabalha tem 26 anos, e há quase nove ele atua no local. O gerente conta que existe um público fiel que toda sexta-feira busca as novidades. A tecnologia tem sido aliada na hora das vendas. Ele afirma que a Revista Persona, do Grupo Diário, é uma das mais procuradas.

– Eu criei grupos no WhatsApp e vou enviando as novidades. Também fazemos vendas por lá. No começo da pandemia, quando o comércio não podia abrir, as pessoas mandavam mensagem, faziam os pedidos e a gente entregava – relembra.

A aposentada Fernanda Fank, 62 anos, não dispensa as cruzadinhas e diz que a simpatia dos atendentes faz com que ela passe na banca semanalmente:  

– A gente acaba perdendo um pouco o contato com o impresso, é natural, mas tem determinadas leituras que não abro mão. O jornal impresso é uma delas. Gosto de folhear as páginas.

Prateleiras

Em Santa Maria, além da banca da Avenida Medianeira, existem pelo menos outras três em funcionamento, atualmente. A mais antiga fica no Calçadão junto a um café. São 31 anos de existência. Em 20 deles, a gerente Edi Cleuza de Lima Luz, 40 anos, acompanha as mudanças do tempo.

– A nossa banca era maior, mas com o passar do tempo, principalmente com a chegada da pandemia, acabou diminuindo bastante o movimento. O que vendemos bastante ainda são cruzadinhas, quadrinhos e jornais – observa.  

O vendedor Marcos Oliveira, 40 anos, trabalha há 22 no local. Ele conta que apenas 5% das vendas do café são de revistas.

– O que mais vende são revistas semanais e cruzadinhas. O pessoal encontra tudo na internet, né? – avalia.

Foto: Pedro Piegas (arquivo Diário)

No ônibus

Quem nunca foi pegar ônibus na Estação Rodoviária de Santa Maria e não deu uma passada na banca de revistas do local? Há 26 anos, a banca tem sido rota certa de quem viaja. O vendedor Francisco José Miranda, 37 anos, conta que o estabelecimento está migrando para o comércio de livros, já que as revistas não vendem como antes:

– As que mais vendemos são as especializadas, de esporte, carros, história. A média de preço é de R$ 25, não é todo mundo que pode pagar.  

Coleção

O estudante Jossano Rosso Moraes, 23 anos, faz coleção de revistas, especialmente de ciência. Para completar os títulos, ele anda garimpando nas bancas da cidade, e, para driblar os preços, costuma aguardar as promoções ofertadas:

– Acho que sou um dos poucos que ainda mantêm esse costume de comprar revistas. Os títulos que eu gosto estão cada vez mais difíceis de encontrar e mais caros. Tinham uns títulos bem clássicos que hoje não têm mais. São raros os locais que há uma diversidade boa – argumenta o estudante.

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Bancas de revista em Santa Maria

Banca de revistas do Nacional (Avenida Nossa Semhora Medianeira, 1.321, no estacionamento do supermercado Nacional)Café Expresso do Calçadão (na esquina do Calçadão com a Galeria Chami)Banca de Revistas da Rodoviária (no segundo andar da Estação Rodoviária de Santa Maria)Banca Luz do Saber (Avenida Prefeito Evandro Behr, 5.941, junto ao supermercado Peruzzo)

Jaiana Garcia

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