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O ano de 2025 foi marcado por histórias nascidas em Santa Maria que ultrapassaram os limites da cidade, ganharam as redes sociais e alcançaram repercussão nacional. Entre relatos de afeto e resistência, alguns personagens se tornaram símbolos de um ano em que o local dialogou diretamente com o Brasil inteiro. No centro desse movimento esteve Silveira, o cachorro que virou ícone da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e conquistou milhares de pessoas muito além do campus.
Silveira, o pró-reitor mais querido da UFSM
Conhecido por circular pela UFSM, Silveira deixou de ser apenas um cachorro comunitário para se transformar em um fenômeno. Apelidado de “Pró-Reitor de Assuntos Caninos”, o vira-lata de porte grande passou a ser homenageado de diferentes formas pela comunidade acadêmica, inspirando ilustrações, produtos artesanais e até perfis dedicados exclusivamente à sua rotina. A popularidade nas redes sociais fez com que o nome do cachorro figurasse entre os assuntos mais comentados do país em maio de 2025, levando a imagem da universidade a públicos que jamais haviam ouvido falar da instituição.
Apesar da fama recente, Silveira sempre foi presença constante no campus. Desde filhote, adotou a universidade como território e foi cuidado coletivamente por servidores, estudantes e projetos voltados ao bem-estar animal. Com o avanço da idade e o surgimento de problemas de saúde, a permanência no ambiente universitário deixou de ser viável. Após passar por procedimentos médicos, ele não retornou à vida livre e passou a viver sob cuidados permanentes.

Hoje, Silveira está em uma casa, acompanhado de outros cães resgatados, mantendo uma rotina mais tranquila e adaptada às suas necessidades. O acompanhamento veterinário é contínuo, especialmente por conta de tumores de pele e outros problemas já enfrentados ao longo dos últimos anos. Mesmo longe das caminhadas pelo campus, o cachorro segue ativo, com qualidade de vida e cercado de atenção.
– Ele viveu bem no campus por 10 anos, mas chegou um momento em que precisava de cuidados que não seriam possíveis ali – resume a tutora Simone Doico, 53 anos, servidora da UFSM que acompanha Silveira desde sua chegada à universidade.
Nas redes sociais, o personagem segue ativo e agora em tom bem-humorado, como um pró-reitor que trabalha “em home office”. A história, que começou de forma simples, se consolidou como um retrato de cuidado coletivo, pertencimento e vínculo entre pessoas e a cidade.
Outras histórias que também marcaram 2025
Se maio foi o mês de Silveira, julho trouxe outro personagem improvável para o centro das atenções. No bairro Camobi, uma cabra chamada Rebeca se tornou figura conhecida ao circular por uma escola municipal, interagir com moradores e protagonizar situações inusitadas. A rotina doméstica pouco convencional do animal e a relação afetiva com a família que a acolheu chamaram a atenção da internet, transformando Rebeca em mascote informal da comunidade e símbolo de uma convivência fora do comum.

Ainda em julho, outra história sensibilizou o público ao mostrar uma família que encontrou nos animais não apenas companhia, mas também sentido para recomeçar. Claudio, conhecido como Baiano, passou a ser reconhecido nas ruas centrais de Santa Maria ao circular diariamente com um grande grupo de cachorros, todos protegidos por roupas adaptadas. Por trás da cena curiosa, estava uma trajetória marcada por migração, superação e reconstrução de vida no Rio Grande do Sul, com os animais ocupando papel central nessa caminhada.

Já em setembro, foi a bicicleta que levou Santa Maria às redes. Um estudante de Direito transformou o cotidiano como entregador em conteúdo digital, registrando percursos, dificuldades e reflexões sobre trabalho e cidade. Os vídeos, gravados inicialmente fora do Estado e depois na própria Santa Maria, alcançaram milhões de visualizações em poucos dias, impulsionando debates sobre precarização, juventude e novas formas de visibilidade nas plataformas digitais.

Um ano contado por histórias
De um cachorro que virou símbolo universitário a uma cabra que mobilizou um bairro, passando por trajetórias de superação e pelo cotidiano transformado em conteúdo viral, 2025 mostrou que as histórias que mais mobilizam não são, necessariamente, as extraordinárias – mas aquelas capazes de revelar afeto, pertencimento e humanidade. Em comum, todas carregam a marca de Santa Maria: personagens simples, contextos locais e narrativas que, ao ganhar o mundo, ajudaram a contar quem somos e o que nos move.