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Amigos e familiares se despedem da professora Maria Zulmira Mariano da Rocha

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Foto: Gabriel Haesbaert (Diário)

Amigos e familiares da professora Maria Zulmira Mariano da Rocha, 101 anos, se despedem da educadora nesta terça-feira. O velório é realizado no Salão Imembuí, no 2º andar do prédio da reitoria da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Casada com o reitor fundador da universidade, José Mariano da Rocha Filho, ela atuou em importantes causas educacionais e sociais. Ela estava internada desde agosto no Hospital de Caridade Astrogildo de Azevedo, onde morreu na tarde de ontem por causas naturais. 

Autoridades lamentam morte da professora Maria Zulmira Mariano da Rocha

Emocionados, os filhos, netos e bisnetos se reuniam em torno do caixão para contar histórias da família. Uma toga de formatura sobre o caixão lembrou a importância de Maria Zulmira para a educação. Em um telão, foram exibidas imagens históricas da educadora. Ao lado, as inúmeras coroas de flores mostravam o quanto ela era querida pela comunidade.

- Ela sempre foi uma pessoa especial. Dava o seu máximo em tudo o que fazia. Criou todos os filhos muito bem e, depois, foi realizar o sonho de cursar uma faculdade. A educação, seja em casa ou na universidade, sempre foi a principal causa defendida por ela. Foi uma pessoa muito generosa. Sempre me disse que filhos são um compromisso para toda vida. Tanto é que, recentemente, ainda perguntou se todos estavam bem, se estavam com emprego, se estavam precisando de algo. Quando a mãe estava no hospital, eu fiz questão de cantar algumas cantigas de ninar para ela, assim como ela fazia quando éramos pequenos - conta a filha Eugênia Maria, que é diretora da Coordenadoria de Comunicação Social da UFSM. 

A paixão de Maria Zulnira pela família e pela educação é o principal legado deixado por ela, segundo os familiares. Já com os filhos criados, Maria Zulmira adentrou às salas de aula para cursar Geografia, formando-se em 1968. No ano seguinte, passou a lecionar Biogeografia e Geografia do Brasil na universidade a qual ajudou a consolidar como a primeira pública no interior do Estado. Ela se aposentou em 1988.

- Eu ainda me lembro dela estudando para o vestibular com o filho mais novo, que tinha uns seis anos, no colo. A dona Maria atuou com maestria em tudo o que se propôs a fazer - destaca o filho Patrício Augusto.

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Foto: Gabriel Haesbaert (Diário)

HOMENAGENS
O vereador Jorge Trindade Soares (REDE), que é servidor público na UFSM, propôs uma moção de pesar em reconhecimento ao papel de Maria Zulmira para a comunidade santa-mariense. A moção deve ser apresentada em sessão nesta quinta-feira na Câmara de Vereadores. 

- Ela interiorizou a universidade pública no nosso Estado, e fez de Santa Maria um polo educacional. Eu tive um convívio pessoal com ela, por atuar no mesmo departamento, mesmo ela já sendo aposentada. Quando criança, minha mãe trabalhava na casa dela. Eu até ajudava a cuidar do jardim na casa. Ela sempre nos tratou muito bem - afirma o vereador.

A prefeitura de Santa Maria e a UFSM decretaram luto oficial. O reitor Paulo Afonso Burmann foi ao velório se despedir da professora e prestou solidariedade aos familiares.

- Foi uma mulher que sempre esteve a frente do seu tempo. Esteve ao lado do nosso reitor fundador, se preocupando com causas sociais e com a humanização do ensino - ressalta Burmann.

O reitor lembra, ainda, que durante o período em que Mariano da Rocha esteve à frente da reitoria, Maria Zulmira organizava o Natal dos Filhos dos Operários da UFSM. A festividade contava com a distribuição de presentes para os filhos dos colaboradores da universidade, bem como doações de alimentos, entre outras iniciativas.

Ainda em favor da comunidade universitária, ela buscou recursos para a construção da Creche e Pré-Escola Ipê Amarelo UFSM, atual Núcleo de Educação Infantil Ipê Amarelo. E, ainda, pelo Museu Educativo Gama d'Eça, promoveu anualmente a campanha Ponha Cristo em Seu Natal.

HISTÓRICO
Filha dos estancieiros Patrício Dias Ferreira e Manoela Velho Dias, ela nasceu em Caçapava do Sul aos 24 de setembro de 1918. Maria Zulmira iniciou os estudos em Bagé e foi aluna interna do Colégio Nossa Senhora do Bom Conselho, em Porto Alegre.

Em 26 de abril de 1933, ela conheceu o acadêmico de Medicina José Mariano da Rocha Filho, com quem se casou em 10 de agosto de 1938, na Igreja Nossa Senhora da Conceição, de Porto Alegre. Em Santa Maria, eles moraram sempre na Rua Venâncio Aires. O casal teve 12 filhos: Maria de Lujan, Mariana Giselda, José Mariano da Rocha Neto, Raquel Francelina, Júlio Rafael, Patrício Augusto, Maria Izabel, Zulmira, Ricardo Henrique, Eugenia Maria, Francisco José e Antônio Manuel. Além disso, a família ganhou 26 netos e nove bisnetos.

Maria Zulmira foi presente, também, na implantação da Universidade Federal de Santa Maria por José Mariano da Rocha Filho. Por inúmeras vezes, ela fez da casa o principal lugar de reuniões para que o sonho da UFSM se tornasse realidade. 

*Colaborou Janaína Wille

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