Certificação internacional

Além da Quarta Colônia e Caçapava: conheça os outros 16 geoparques que também foram aprovados pela Unesco

Na madrugada desta quarta-feira (24), em cerimônia oficial, o Geoparque Caçapava do Sul e Quarta Colônia foram reconhecidos pela Organização das Nações Unidas (Unesco) e passam a integrar a Rede Mundial de Geoparques (GGN). Agora, eles se somam aos outros três geoparques brasileiros: o Araripe (CE), Seridó Geoparque (RN), e Caminhos dos Cânions do Sul (localizado entre o Rio Grande do Sul e Santa Catarina). 


O selo Geoparques Mundial da Unesco foi criado em 2015. Ele reconhece o patrimônio geológico de relevância internacional. Os geoparques atendem às comunidades locais, combinando a conservação de seu patrimônio geológico com a divulgação pública e uma abordagem de desenvolvimento sustentável. 


Junto com os geoparques de Caçapava do Sul e da Quarta Colônia, outros 16 geoparques também receberam o selo mundial e agora fazem parte dessa seleta lista. Agora, o time completo conta com 195 geoparques espalhados por 48 países.


O Diário apresenta agora quais são os outros 16 geoparques que também foram aprovados na solenidade:


1) Geoparque de Lavreotiki, na Grécia

Foto: Divulgação


Famoso pela abundância e pela variedade das espécies minerais, muitas das quais foram descobertas nesta região, esse local é conhecido em todo o mundo por sua prata, extraída de depósitos mistos de sulfetos. A região foi habitada desde a Antiguidade devido à sua riqueza geológica subterrânea e, atualmente, abriga 25.102 habitantes.

 

Esse local também abriga o Mosteiro Sagrado Bizantino do Apóstolo de São Paulo. Por curiosidade, o mosteiro continua promovendo o chamado “monaquismo ortodoxo”, além de praticar a pintura afresco de murais, uma técnica tradicional que utiliza cores naturais à base de minerais.


2) Geoparque de Ijen, na Indonésia

Foto: Divulgação


Este geoparque está localizado na Província de Java Oriental. A localização estratégica do geoparque, entre o estreito e o mar, tornou esse local uma encruzilhada para a migração humana e para o comércio.

 

Ijen é um dos vulcões mais ativos do sistema de caldeira homônimo. Cerca de 22 cones vulcânicos pós-caldeira se formaram, tanto dentro das caldeiras quanto em suas bordas. Além disso, é o maior e o mais ácido lago de cratera da terra. 


Aqui, acontece um fenômeno raro: altas concentrações de enxofre sobem da cratera ativa antes de entrar em um "processo de inflamação" ao encontrarem a atmosfera rica em oxigênio. À medida que o gás queima, uma chama azul elétrica é formada; ela é única e pode ser vista apenas à noite. A própria água é ácida porque é reciclada ao se infiltrar no subsolo vulcânico.


3) Geoparque de Maros Pangkep, na Indonésia

Foto: Divulgação


Está localizado ao longo da região sul da ilha de Sulawesi e sua população local é formada principalmente por povos indígenas. Cobrindo uma extensão de 5 mil km2, mais da metade da sua área fica debaixo d’água.


Separada do continente, a área do geoparque contém um conjunto de 39 ilhas: esse arquipélago está localizado no Triângulo de Coral e funciona como um centro para a conservação dos ecossistemas de recifes de coral. 


O geoparque Maros Pangkep é conhecido tanto pelas torres cársticas quanto pelo arquipélago de corais Spermonde. A área abrangida pelo geoparque tem mais de 100 milhões de anos; ele apresenta vestígios de formas de vida antigas e é o lar de espécies endêmicas, como o macaco-preto e o urso kuskus.


4) Geoparque de Merangin Jambi, na Indonésia

Foto: Divulgação


Este geoparque abriga os fósseis únicos da chamada “flora Jambi”, que são as únicas plantas fossilizadas do seu tipo expostas no mundo atual, localizadas na parte central da Ilha de Sumatra, na Indonésia. 


À titulo de curiosidade, o nome “flora Jambi” se refere a plantas fossilizadas encontradas como parte de uma formação rochosa datada do início do período Permiano, há cerca de 296 milhões de anos. Essas plantas incluem musgos, coníferas primitivas e samambaias com sementes, que se reproduzem pela dispersão de sementes.


A paisagem do geoparque combina planícies no leste com planaltos no oeste, com o pico mais alto que se eleva a uma altitude de 2,9 mil metros acima do nível do mar, no Monte Masurai, formado por uma grande erupção ocorrida há mais de 30 anos. A região é habitada desde a pré-história e abriga diferentes grupos indígenas.


5) Geoparque de Raja Ampat, na Indonésia

Foto: Divulgação


O território deste geoparque inclui quatro ilhas principais e é especial por ter a unidade de rocha exposta mais antiga do país – do período Siluriano-Devoniano, de mais de 358 milhões de anos atrás –, que tem quase um décimo da idade da terra. 


Possui características incomuns, como as Ilhas Tropicais, que surgiram como consequência da elevação do nível do mar no período Quaternário. Aqui, a carsificação criou numerosas cavernas tanto acima quanto abaixo da linha d’água. O carste é feito de calcário, um tipo de rocha macio e poroso que se dissolve na água. 


À medida que a água da chuva se infiltrou na rocha ao longo do tempo, ela erodiu lentamente e esse processo resultou na criação das cavernas. A região é o destino de muitos mergulhadores, que são atraídos pelas cavernas subaquáticas e pela megabiodiversidade marinha. 


6) Geoparque de Aras, no Irã

Foto: Divulgação


O Rio Aras marca o limite norte deste geoparque localizado no noroeste do Irã, no extremo sul da cordilheira do Cáucaso Menor. Essa cordilheira atua como uma barreira natural: ela criou uma variedade de climas e também interliga diferentes culturas que vivem nos lados norte e sul da cadeia montanhosa. 


A característica geológica de maior relevância internacional deste geoparque são os vestígios da extinção, ocorrida há 252 milhões de anos e que também marca o limite entre os períodos Permiano e Trássico.


O geoparque também abriga animais ameaçados de extinção, como o galo-preto caucasiano, o veado-vermelho, o carneiro-armênio e o leopardo-do-cáucaso, que habitam três áreas protegidas.


7) Geoparque de Tabas, no Irã

Foto: Divulgação


O geoparque abriga o Santuário de Vida Selvagem Naybandan, o maior do Irã, que cobre uma área de 1,5 milhão de hectares e é o habitat mais importante do guepardo-asiático. Tabas também fornece metade do habitat mundial da planta endêmica Ferula assa-foetida, que é amplamente usada para fins medicinais. 


Ao longo da história, a região serviu como uma rodovia que liga o sul e o oeste ao leste e ao nordeste do Irã. Consequentemente, atrai ecoturistas por seu patrimônio natural e cultural.


8) Geoparque de Hakusan Tedorigawa, no Japão

Foto: Divulgação


Localizado no centro do Japão, esse local registra aproximadamente 300 milhões de anos de história. No parque, há rochas que foram formadas pela colisão de continentes e também apresenta estratos que contém fósseis de dinossauros que se acumularam em rios e lagos, na época em que o Japão era ligado ao continente eurasiano. 


Depósitos vulcânicos se formaram durante o processo de ruptura da crosta, que separou o Japão do continente, há cerca de 15 milhões de anos, quando as placas de subducção “puxaram” a ilha para o leste. 


Depósitos vulcânicos mais recentes datam da erupção do ainda ativo Monte Hakusan, uma das “Três Montanhas Sagradas” do Japão. Como está a 2 mil metros acima do nível do mar, registra alguns dos mais altos níveis de neve do mundo para uma montanha tão próxima da Linha do Equador e isso molda que molda a paisagem do lugar, através das fortes nevascas que impulsionam o ciclo de água e erosão.


9) Geoparque de Kinabalu, na Malásia

Foto: Divulgação


O Monte Kinabalu domina este lugar no estado de Sabah, no extremo norte da Ilha de Bornéu. É a montanha mais alta localizada entre o Himalaia e a Nova Guiné e atrai exploradores há mais de um século. 


Abriga muitas plantas e animais endêmicos, incluindo 90 espécies de orquídeas que existem apenas no Monte Kinabalu, e a perdiz-de-cabeça-carmim, que não é encontrada em nenhum outro lugar do planeta


O geoparque apresenta muita diversidade: rochas ultramáficas com bilhões de anos – essas rochas formam o manto da Terra, mas às vezes emergem à superfície durante erupções vulcânicas, além de intrusões de granito que são visíveis na superfície.


O geoparque também apresenta acidentes geográficos únicos, que incluem as Fontes Termais de Poring e a área de Ranau-Tambunan, que consiste em rochas sedimentares dobradas e falhadas.


10) Geoparque de Waitaki Whitestone, na Nova Zelândia

Foto: Divulgação

O primeiro Geoparque Mundial da Unesco na Nova Zelândia está localizado na costa leste da Ilha Sul. As paisagens, os rios e as marés deste lugar têm um enorme significado cultural para os povos indígenas locais, os Ngāi Tahu Whānui. 


O local fornece evidências da formação da Zelândia, que se separou do antigo supercontinente de Gondwana há cerca de 80 milhões de anos. O continente então permaneceu submerso no oceano por milhões de anos antes que as forças tectônicas empurrassem o território da Nova Zelândia acima do nível do mar e se iniciasse a atual fase de formação de montanhas do país.  Atualmente, cerca de 94% da Zelândia permanece submersa.


11) Geoparque de Sunnhorland, na Noruega

Foto: Divulgação


As paisagens deste local variam de montanhas alpinas cobertas de geleiras a arquipélagos com milhares de ilhas situadas na planície ao longo da costa. A paisagem geológica exibe exemplos clássicos da erosão glacial que ocorreu durante 40 eras glaciais. 


O geoparque também demonstra como os sistemas vulcânicos formam continentes: no local onde duas placas tectônicas convergem, a placa comprimida se dobra antes de ser erguida para formar uma cordilheira, em um processo conhecido como orogenia


Dois dos maiores desses cinturões orogênicos da terra se encontram no geoparque. No lado sul, há rochas relacionadas a um arco vulcânico continental, de 1,5 bilhão de anos atrás, e, no lado norte, há o leito rochoso da crosta oceânica e um sistema de arco insular, 450 milhões de anos.


12) Geoparque da Ilha de Bohol, Filipinas

Foto: Divulgação


Esse é o primeiro Geoparque Mundial da Unesco nas Filipinas. A Ilha de Bohol fica no Arquipélago de Visayas e sua identidade geológica foi construída ao longo de 150 milhões de anos, à medida que períodos de turbulência tectônica a elevaram das profundezas do oceano. 


Vestígios do passado subaquático da ilha podem ser encontrados no calcário, que forma estruturas cársticas típicas. O geoparque é rico em cavernas, sumidouros e cones, incluindo as famosas Colinas do Chocolate, em forma de cone, no centro do geoparque. 


A Barreira de Coral Dupla de Danajon, localizada ao longo da costa norte, é formada por dois conjuntos de grandes recifes de coral em alto-mar, que foram formados por uma combinação de correntes de maré favoráveis e o crescimento de corais em uma cordilheira submarina. 


Ela é a única de seu tipo no Sudeste Asiático e uma das seis barreiras duplas documentadas em toda a terra. 


13) Geoparque da Costa Oeste de Jeonbuk, Coreia do Sul

Foto: Divulgação


Este geoparque reúne mais de 2 bilhões de anos de história geológica exposta na parte ocidental da Coreia. 


A palavra coreana para planícies de maré é “getbol”. O Gochang Getbol é uma das 19 zonas úmidas costeiras do mundo, com uma amplitude de maré superior a 5 metros. Até 40 metros de camadas de sedimentos de lama vêm se formando há mais de 8 mil anos, o que torna esta uma das camadas de sedimentos de maré mais espessas do mundo, rica em sedimentos do período Holoceno.


Esse local já foi reconhecido como um bem natural e cultural do Patrimônio Mundial e como Reserva da Biosfera. Também foi designado um Sítio Ramsar por suas zonas úmidas excepcionais.


14) Geoparque do Cabo Ortegal, na Espanha

Foto: Divulgação


Esse local de 400 milhões de anos, fornece evidências no continente europeu sobre a colisão que formou a Pangea, nome dado ao continente que, segundo a teoria da Deriva continental, existiu até 200 milhões de anos, durante a era Mesozóica. 


A maior parte das rochas deste geoparque veio à superfície após a colisão de dois continentes, que acabariam por se unir ao supercontinente Pangea.


Quando essa colisão ocorreu, as rochas estavam localizadas no manto superior da terra, a mais de 70 km de profundidade. O cobre que é explorado nas minas deste geoparque teve origem na intensa atividade térmica do fundo do mar, onde chaminés vulcânicas – chamadas de fumarolas – liberavam gases e minerais a alta temperatura e que, depois, arrefeciam ao entrar em contato com a água.


15) Geoparque de Khorat, na Tailândia

Foto: Divulgação


Este geoparque está localizado principalmente no nordeste da Tailândia e as florestas de dominam a área. A característica geológica única da região é a diversidade e abundância de fósseis com idade que variam de 16 milhões a 10 mil anos. Uma grande variedade de dinossauros e outros fósseis de animais, como mamutes, foram encontrados no distrito de Mueang. 


Também foi descoberta madeira petrificada em depósitos de areia e cascalho. Isso levou o geoparque a ser considerado uma das paleontópolis (cidade da vida antiga) do mundo. 


A cultura única da região é chamada de Thai Khorat: Khorat é conhecido pela língua khorat, por seu povo e sua música; Khorat também foi reconhecido em âmbito internacional nos nomes científicos de novas espécies fósseis de vertebrados descobertas no geoparque, como Khoratosuchus jintasakuli (espécie de crocodilo) e Sirindhorna khoratensis (um dinossauro).


16) Geoparque de Morne Gullion Strangford, Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte


Foto: Divulgação


Esse geoparque está localizado no sudeste da Irlanda do Norte, junto à fronteira com a Irlanda. Essa área é habitada desde imediatamente após o fim da última glaciação. O local mapeia o desaparecimento do Oceano de Jápeto e o surgimento do Oceano Atlântico Norte, que produziu grandes quantidades de magma, tanto dentro da crosta terrestre quanto na superfície.


As rochas e paisagens subsequentes foram moldadas por numerosos processos geológicos da terra, mas são dominadas por fatores que ocorreram na Idade do Gelo. A combinação de ambientes montanhosos e costeiros levou ao desenvolvimento de uma gama extremamente diversificada de características glaciais, que comumente não são vistas em uma área tão pequena.



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