Maternidade

A mágica (inexistente) para o aleitamento materno

Joyce Noronha

O momento é considerado mágico. E é tema constante de campanhas. A importância da amamentação como alimento exclusivo de bebês até os seis meses de vida é discutida em várias ações e integra a Semana Mundial de Aleitamento Materno, comemorado de 1º a 7 de agosto. A semana foi lançada em 1992, pela Aliança Mundial para Ação em Amamentação, com o objetivo de ampliar o debate e para desmistificar o assunto.

Com duas experiências felizes, a técnica em contabilidade Aliane Freire de Oliveira, 32 anos, conta que leu muito sobre amamentação antes de ganhar o primeiro filho, Pedro Henrique, 4 anos, mas não teve problemas para amamentar. Há quatro meses ela ganhou Alice, que tem a dieta exclusiva de leite materno. 

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O que preocupa a mãe é como vai ser a rotina de alimentação depois que a licença-maternidade acabar, mas diz que o plano inicial é bombear leite e deixar na geladeira. Assim, a pessoa que vai cuidar de Alice dará mamadeira – outro ponto que preocupa Aliane, porque, até então, o bebê só mamou no peito.

Ela diz que ajustou a situação com Pedro Henrique e espera fazer o mesmo com a caçula, já que, afinal "leite não falta".

NEM SEMPRE É FÁCIL

Apesar de muita preparação durante a gravidez, a designer e consultora de moda Natalia Isaia, 35 anos, amamentou sua primeira filha, Helena, durante um mês e 20 dias. Depois deste período, não conseguiu mais produzir leite. Ela conta que uma série de problemas complicaram o momento dela com a filha, hoje com 5 meses.

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Primeiro, Natalia precisou lidar com assaduras e machucados nas mamas. Ela conta que fez tratamento com laser e pomada de corticoide, para curar as rachaduras formadas pela força da sucção do bebê. Nestes oito dias de tratamento, precisava limpar o bico do seio toda vez que ia dar de mamar para Helena. Apesar deste empecilho, Natalia conta que produzia bastante leite e estava feliz com isso.

Contudo, Helena chorava muito e a mãe começou a se preocupar, mas diz que outras pessoas comentavam que o choro era por causa das cólicas e que é normal em bebês nos primeiros meses de vida. Mas a situação era um pouco diferente.

Helena, 5 meses, mamou no peito por um mês e 20 dias, depois se alimentou apenas fórmula. A mãe Natalia fica feliz que a filha está forte e saudável Foto: Natalia Isaia / Arquivo pessoal

– Quando completou um mês, a Helena foi diagnosticada com esofagite, o que fazia ela sentir muita azia depois que mamava, e esse era o motivo do choro. E eu, chorava junto. Mas o pediatra receitou um xarope para ela e também a fórmula, porque acreditava que a Helena estava com fome. Fiquei arrasada, porque acreditava que estava arrasando na amamentação – conta Natalia.

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A designer comenta que o médico fez o acompanhamento do bebê por uma semana e mostrou que, com a fórmula, Helena ganhou quase um quilo durante o período. Como queria muito amamentar, pediu solução ao pediatra, que passou um medicamento para aumentar a produção de leite e, assim, tirar a fórmula gradativamente.

Só que aconteceu mais uma complicação: Natalia teve mastite, uma inflamação das mamas que a fez interromper a amamentação. A princípio seria apenas pelo tempo do tratamento, mas conta que com a falta do estímulo do bebê no seio, a produção de leite foi reduzindo cada vez mais, até secar.

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Foi frustrante, mas depois percebi que nem sempre é possível. Conversando com outras mães, soube que é mais comum do que a gente imagina. Fiz de tudo para amamentar minha filha, mas não deu. Hoje, vejo que ela está saudável, forte e é isso que importa – conclui.

AMAMENTAR DEVE SER PRAZEROSO PARA MÃE E BEBÊ

Com mais de 30 anos na pediatria, José Carlos Barradas diz que, no início da carreira, foi um dos defensores da amamentação exclusiva no peito nos primeiros seis meses. Ele começou a mudar esta normativa quando a mãe de suas filhas teve dificuldades em amamentar. Barradas diz que nenhuma mãe é menos mãe porque não consegue dar de mamar, seja por qual motivo for.

O pediatra José Carlos Barradas diz que a mulher não deve se culpar caso não consiga amamentar no peito  Foto: Charles Guerra / New Co

– Acredito que é preciso "desromantizar" o aleitamento materno. Retirar a obrigação da mãe. Das outras pessoas com a mulher, e dela com ela mesma. Se a mãe conseguir seguir apenas com amamentação durante seis meses, ótimo. Se não conseguir e precisar acrescentar a fórmula na rotina de alimentação, ótimo também. Amamentar deve ser um ato natural e prazeroso para as partes envolvidas, mãe e bebê – sugere o médico.

FIM DA LICENÇA

O pediatra também comenta sobre o curto período da licença-maternidade, de 4 meses, em comparação ao prazo indicado para o aleitamento exclusivo, de seis meses, e pede cuidado para as mães que bombeiam o leite para deixar em casa. Segundo ele, bombear pode machucar os seios da mulher

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O médico ainda diz que é difícil a mãe conseguir retirar de uma única vez todo o leite que a criança vai precisar para as oito horas – uma jornada de trabalho –, tempo que a mulher pode ficar longe do bebê.

Barradas diz que o ideal é utilizar o leite que foi bombeado até 24 horas depois de retirado do seio. Ele salienta que o leite deve ser guardado na geladeira e aquecido com a mamadeira em banho maria no momento da alimentação.

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