Viagens canceladas de última hora e sem pacotes comprados: clientes denunciam fraude em agência de Santa Maria

Laura Gomes e Deni Zolin

Foto: Pedro Piegas (arquivo Diário)

Uma agência de viagens de Santa Maria tem sido alvo de reclamações de clientes que afirmam terem sido enganados e ficarem com prejuízos. Segundo relatos ouvidos pelo Diário, a empresa vendia os pacotes, que incluíam passagens aéreas, hotéis e/ou passeios, mas não fazia a compra do que era acordado. Algumas pessoas acabavam descobrindo e a viagem era cancelada de última hora. Outras ficavam sabendo da situação apenas no momento do embarque

O Diário teve acesso a pelo menos uma ocorrência policial contra essa empresa, chamada 2M Agência de Viagens, que não era muito conhecida na cidade.

O advogado da agência nega que haja clientes lesados. Ele diz que a empresa não está mais operando e está fazendo ressarcimento para quem não conseguiu realizar a viagem contratada.

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“Ela não foi sincera sobre o erro que cometeu”, diz cliente que precisou desembolsar o dobro para fazer viagem planejada

Em um dos casos, um homem relata que já tinha feito compras de pacotes com a proprietária da agência quando ela trabalhava em outro espaço de turismo na cidade. A família seguiu sendo cliente quando a dona da agência abriu um negócio próprio. Até então, não havia tido problemas e tudo ocorria como era combinado.

Em julho de 2023, a família contratou a compra das passagens aéreas para uma viagem em janeiro deste ano com destino ao Rio de Janeiro. O investimento foi de R$ 2,5 mil em bilhetes de ida e volta para três pessoas.

– Na semana da viagem, uma amiga nossa, que também tinha comprado o pacote, ficou sabendo que essa pessoa estava dando golpes na cidade. Então, ficamos sabendo por terceiros, ela não nos avisou que estaria tendo problemas na empresa. A partir disso, entramos em contato e ela começou a nos enrolar, que tinha tido problemas com os vouchers e com as passagens. Nossos amigos começaram a pressionar, de forma mais incisiva, e ela realmente falou que não tinha comprado as passagens aéreas e que a empresa que fornecia tinha dado um golpe nela. A partir disso, ela nos conduziu para o advogado, que está negociando tudo isso.

Outros amigos também tinham contratado o mesmo pacote. No total, o grupo era formado por 17 pessoas. Destas, nove decidiram gastar e fazer a viagem. No caso do homem ouvido pelo Diário, além dos R$ 2,5 mil que já tinham sido pagos para a agência, foi necessário desembolsar mais R$ 6 mil para conseguir fazer o passeio. Ele explica que decidiu ir porque tinha contratado a estadia com outra empresa e não queria perder todo o investimento.

– Fomos extremamente lesados, não tivemos o serviço que contratamos e ainda precisamos comprar mais passagens para conseguir fazer o passeio que planejamos. Vamos fazer uma cobrança tripla, das passagens que ela não nos entregou, nossas passagens de ida de ônibus e as de retorno de avião. O que mais me assustou foi que ela não avisou. Eu ia me deslocar até Porto Alegre para chegar lá e descobrir que não ia ter voucher (da passagem aérea). Isso ficou ruim para todos, ela não foi sincera sobre o erro que cometeu.

Foto: Eduardo Ramos (arquivo Diário)

Prejuízo de R$ 20 mil

Outro santa-mariense que foi vítima da empresa de turismo conta recebeu indicação de quem contratar.

– Um casal de amigos indicou um agente de turismo, que era da confiança deles. Essa agente disse que estava saindo de uma agência e ido para outra, mas que conseguiria um pacote bom para mim – relembra.

A vítima acabou fechando o negócio com essa nova agência e imaginou que estava tudo certo. Ela só descobriu o problema quando foi embarcar para a Europa, no Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, junto com a filha. Não havia passagem aérea reservada.

– Tinha prometido a viagem para minha filha há tempos. Para não voltar para casa e frustrá-la, acabei tendo de comprar outras passagens na hora, por um preço muito mais alto. Paguei R$ 18 mil. Meu cartão de crédito foi bloqueado porque o banco achou que era uma compra suspeita e não conseguia falar comigo porque eu estava no voo. Cheguei na Europa e não tinha mais hotel reservado, que eu já tinha pago, nem cartão para pagar. Tive de ligar para parentes no Brasil para pedir para transferir dinheiro para a gente poder se hospedar no hotel. Aqui no Brasil, era de madrugada, e eu não conseguia falar com as pessoas. Depois, minha mãe transferiu um dinheiro para eu poder seguir a viagem – contou.

Além de ter de passar por todo esse sufoco, a vítima acumulou um prejuízo alto.

– Eu tinha pago R$ 40 mil pelo pacote completo para duas pessoas. Como descobri que não tinha passagem nem hotel reservado, tive de comprar bem mais caro, em cima da hora, e gastei mais R$ 60 mil para a viagem toda. A empresa de turismo me ressarciu só R$ 28 mil até agora – lamenta ele.

O que diz a agência de viagens

O advogado da agência, Mariano Costa Junior, afirma que a empresa teve problemas de fluxo de caixa e, com isso, acabou não conseguindo cumprir com alguns contratos firmados. Ao contrário dos relatos, segundo o advogado, os clientes foram alertados antecipadamente sobre a situação. Ele também destaca que todos que procuraram a agência tiveram retorno com propostas e acordos para ressarcimento.

– Todas as pessoas que chegaram aqui no escritório foram recebidas e tiveram ressarcimento. Até agora, não teve nenhuma pessoa que saiu daqui sem resposta. Desconheço essa questão de golpe. Procuramos fazer acordos para que não houvesse um prejuízo. Não houve pessoas lesadas porque houve a compensação – salienta o advogado.

Foto: Pedro Piegas (arquivo Diário)

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