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'Todo mundo sabia', diz testemunha sobre uso de pirotecnia pela banda Gurizada Fandangueira

Leonardo Catto

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: TJRS (Reprodução)

Nilvo José Dornelles, 53 anos, fez o último depoimento do sétimo dia de júri do Caso Kiss. Ele era proprietário de outra casa noturna em Santa Maria na época do incêndio e foi convocado como testemunha pela defesa do réu Marcelo de Jesus dos Santos, vocalista da banda Gurizada Fandangueira.

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A fala de Nilvo iniciou às 21h17min. O juiz Orlando Faccini Neto iniciou as perguntas sobre o conhecimento dele quanto à banda e o uso de pirotecnia. Segundo a testemunha, apresentações com fogos eram comuns, tanto na Ballare (antiga casa da qual Nilvo era dono) quanto em outras boates.

- Eles sempre usavam artefatos pirotécnicos, e outras bandas também. Todo mundo sabia, era conhecido por todo mundo - falou.

O depoente também falou sobre a situação da Ballare. Ele disse já ter comprado a estrutura "pronta", inclusive com a mesma espuma de isolamento utilizada na Kiss, mas apenas em uma parte atrás do palco. No dia seguinte ao incêndio, Nilvo removeu o material.

- No dia 29 (de janeiro de 2013), teve uma reunião de donos de bares em outro bar. E eu olhei para o teto, e era cheio de espuma. Eu usava gesso e lã - contou.

RELAÇÃO COM OS RÉUS
Nilvo disse conhecer outras casas noturnas, inclusive a Kiss e o Absinto. Ele mencionou que o réu Mauro Hoffmann chegou a demonstrar interesse em comprar a Ballare

- Eu até tinha interesse de vender, mas ele queria comprar metade e que eu ficasse tocando. Eu queria me ver livre. Um mês e pouco depois ele entrou na Kiss - lembrou.

QUESTIONAMENTOS
Foram 16 minutos de inquirição pelo juiz até a defesa de Marcelo iniciar as perguntas. Nilvo falou sobre como acontecia a apresentação da banda e questões referentes aos valores pagos de cachê.

A defesa de Elissandro Spohr perguntou sobre a espuma utilizada na Ballare e como foi a vistoria dos bombeiros na outra casa noturna. Na sequência, a defesa de Luciano Bonilha Leão questionou sobre a carreira de Nilvo, que trabalha com boates desde 2002. O advogado Jean Severo questionou sobre a função do roadie, que era o que o réu desempenhava.

- O roadie é o rapaz que leva água mineral. Dá pena desse guri aqui (se referindo ao Luciano). Eu estou testemunhando para o Marcelo, porque fui convidado. Mas esse menino, se tivesse tido um acidente, seria substituído por qualquer outro roadie, que faria o mesmo show - falou a testemunha.

Esta etapa foi marcada por discussões entre Severo e representantes do Ministério Público (MP) e assistência de acusação. Faccini Neto chegou a pedir para que o advogado  Pedro Barcellos Jr., da acusação, "se contivesse" e definiu o momento da atuação de Severo como "errado".

A defesa de Mauro perguntou sobre a oferta do réu pela compra da Ballare. Segundo Nilvo, Mauro esperava comprar 50% da casa, mas não ter papel na gerência, apenas participação financeira. Nilvo disse ter recusado porque não queria seguir trabalhando "na noite". O advogado Mario Cipriani perguntou se ele conhecia as condições de compra da Kiss por Mauro, a recomendação pelo uso da espuma para isolamento acústico e a fiscalização do MP em casas noturnas.

Ao MP, Nilvo falou novamente sobre as espumas utilizadas pelo isolamento acústico. Ele informou onde comprou e confessou nem saber que "existia espuma antichamas". Também foi relatado sobre o uso de pirotecnia na Ballare.

A promotora Lucia Callegari perguntou sobre a relação de Nilvo com Elissandro. A testemunha disse que "não eram inimigos e não guarda mágoa", mas que havia uma "pequena rixa" por concorrência entre as casas. Nilvo disse que abriu mão de ter shows da Gurizada Fandangueira devido a isso.

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