Grupo emite nota de repúdio à aprovação de Leandro Boldrini em programa de residência médica na UFSM

​A aprovação de Leandro Boldrini ao programa de Residência Médica em Cirurgia do Trauma no Hospital Universitário de Santa Maria (Husm) gerou revolta em boa parte da comunidade do Rio Grande do Sul e até uma nota de repúdio de um grupo de pessoas que, como forma de homenagem ao menino, intitula-se “Flores para Bernardo”. O coletivo, formado na maioria por mulheres, participa de uma série de ações desde 2014, ano da morte de Bernardo.  

– Muitos pacientes que utilizam do hospital se sentem desrespeitados, já que o mesmo foi condenado por participação na morte de seu próprio filho Bernardo Uglione Boldrini - diz trecho da nota enviada ao Diário nesta sexta-feira. 

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Além disso, o  grupo é contrário à decisão do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio Grande do Sul (Cremers) de manter Boldrini no quadro de profissionais aptos a exercer a atividade médica, consequentemente, atendendo pessoas que necessitam de ajuda. Ele foi absolvido no julgamento interno da entidade no final de 2023.

Confira a nota completa

“O Grupo Flores para Bernardo vem manifestar o seu repúdio ao ingresso do Leandro Boldrini na Residência Médica em Cirurgia do Trauma no Hospital Universitário de Santa Maria. Dessa maneira, ocorre que nós como cidadãs (os) somos totalmente contra o Cremers ainda manter no seu quadro de profissionais uma pessoa condenada por usar da sua profissão para contribuir com a morte do seu filho, uma vez que não só o grupo como muitos pacientes que utilizam do hospital se sentem desrespeitados já que o mesmo foi condenado por participação na morte de seu próprio filho Bernardo Uglione Boldrini. Estamos atentos e não toleraremos em nenhuma hipótese que tais práticas se repitam, pois não condizem com nossos valores”.

Nota do Husm

"O Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM/Ebserh) e a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) atuam primando pela democracia, legalidade e transparência. Todos os processos seletivos e concursos são públicos e, não havendo impedimento legal, todos residentes e profissionais selecionados respeitam a ordem de classificação. O caso do processo seletivo para Residência Médica (RM) atende a legislação da Comissão Nacional de Residência Médica, inclusive para publicação dos seus editais. Todos os candidatos que se adéquam às exigências, estão aptos à inscrição, realização das provas e, quando aprovados, à confirmação da vaga".

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Relembre o caso  

Bernardo Boldrini tinha 11 anos quando foi morto. Ele morava com o pai, Leandro Boldrini, e a madrasta, Graciele Ugulini. O corpo do menino foi encontrado enterrado em uma cova às margens de um rio, em Frederico Westphalen. A criança teria sido dopada, morta e logo após enterrada.

O médico Leandro Boldrini foi acusado de planejar e de participar ativamente do homicídio do filho, Bernardo Boldrini. Ele e a madrasta, além de Edelvânia e Evandro Wirganovicz foram julgados e condenados, em março de 2019. Leandro foi condenado a 31 anos e oito meses de prisão, e, no momento, cumpre a pena em regime semiaberto, no Presídio Regional de Santa Maria. A madrasta, Graciele Ugulini, está em regime fechado no Presídio Estadual Feminino Madre Pelletier, em Porto Alegre.

Grupo Flores para Bernardo     

O grupo foi criado ainda em novembro de 2014, ano da morte de Bernardo, como forma de prestar homenagem ao menino e também a outras crianças vitimas de assassinatos.

Atualmente com mais de 20 integrantes, tem participantes em pelo menos cinco Estados e até nos EUA. Além de prestar homenagens a Bernardo, ao longo do ano o grupo se organiza para fazer eventos destinados a crianças em situação de vulnerabilidade social.

Além dessas ações, uma vez ao mês uma das integrantes do grupo limpa o Jazigo de Bernardo, localizado no Cemitério Ecumênico Municipal de Santa Maria, cidade em que o menino nasceu. Na data de aniversário e morte do menino, o grupo envia flores para enfeitar o túmulo, como forma de homenagem a Bernardo Boldrini.

Vereador de Santa Maria anuncia moção contra aprovação de Leandro Boldrini 
O vereador Tubias Calil (MDB), protocolou na tarde da última quinta-feira (14) uma moção de repúdio a decisão de aprovação e confirmação da vaga de Leandro Boldrini no programa de Residência Médica do Hospital Universitário de Santa Maria (Husm). A moção cita o fato de o hospital "não ter adotado nenhum critério de classificação no processo seletivo para médicos residentes."