Fé mobiliza e emociona fiéis em encenação da Via Sacra no distrito de Santo Antão

Fé, devoção, religiosidade, paixão. São inúmeros os termos para tentar definir a representação da Sexta-Feira Santa. Desde cedo, mesmo com a cerração se impondo no céu de Santa Maria, mais de 150 pessoas se reuniram no distrito de Santo Antão, localidade que fica há cerca de 20 minutos do centro da cidade. Elas acompanharam, ao longo de mais de 1 quilômetro, a tradicional Via Sacra, que, há anos, representa, por meio de encenações, a crucificação de Jesus Cristo.

Com o passar do tempo e o sol já brilhando, os devotos, que antes aguardavam o início da procissão dentro de veículos, foram surgindo e se aproximando da área inicial da caminhada: a igreja local. No ponto de partida, os atores que interpretavam os soldados romanos levaram o intérprete de Jesus Cristo ao segundo trecho do trajeto.

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Ao todo, 14 paradas estavam planejadas para as encenações, mas, devido ao desnível do piso e a dificuldade de locomoção, diversas outras paradas foram feitas para descanso dos fiéis que acompanhavam o ato. No trecho, havia interpretações de situações em que Jesus Cristo clamava pela sua vida, de forma solitária, e o intérprete era cercado de soldados, que de forma veemente o chicoteavam. No íngrime trajeto, religiosos filmavam as cenas e se emocionavam com as interpretações, que, em alto e bom som, mostravam o sofrimento de Jesus.

Entre as pessoas que acompanhavam tudo desde o início, estava Berenice Borin, 61 anos, que comentou sobre a emoção de seguir, por mais uma oportunidade, a Via Sacra:

- É muito gratificante, esse lugar me traz uma paz. Aqui a gente esquece de todos os problemas, a gente sobe esse morro com uma leveza tão boa que só Jesus para nos dar força e coragem - comenta.

Berenice é uma das organizadoras da encenação. Ela conta que participa há anos dos trabalhos religiosos em Santo Antão:

- Todos os eventos da nossa comunidade eu vou participar, sou daqui, meu coração é daqui, eu estou quase sempre presente nos eventos, tanto daqui quanto da arquidiocese. A encenação foi maravilhosa, linda. A comunidade aqui, os atores, todo mundo que interpretou é da comunidade e representaram muito bem. Eu me emocionei, me abracei em pessoas que choraram - complementou.

Assim como Berenice, diversas pessoas tiraram a manhã, e a caminhada, para uma reflexão sobre a vida.

Palavra do arcebispo

Após as encenações, mas ainda no topo do morro de Santo Antão, o arcebispo da Arquidiocese de Santa Maria, dom Leomar Brustolin, citou que as pessoas necessitam de mais paz e compaixão com o próximo, a exemplo de Jesus Cristo.

- Nós estamos percebendo que no mundo inteiro, o ser humano está vendo que, após a pandemia e com essas guerras, se nós não nos voltarmos para uma verticalidade, nós vamos nos perder mais ainda. A maior mensagem da Páscoa é que a vida passa, mas não termina no nada, tem uma vida eterna.

Ele finalizou explicando sobre o significado da Sexta-Feira Santa e as ações ao longo do dia.

- É o dia em que os cristãos fazem memória do dia em que Jesus Cristo morreu. Ele morreu em uma sexta-feira, foi pregado às 9h e morreu às 15h. É o único dia do ano em que não celebramos missa e nos reunimos para fazer a leitura da paixão. Então, tudo que estiver relativo a paixão, como a Via Sacra, nós fazemos - explicou.

Ao longo do final de semana, outras ações em igrejas serão feitas em Santa Maria. Confira abaixo a programação para sábado e domingo:

Sábado (30)

Basílica da Medianeira
20h – Vigília Pascal

Catedral Metropolitana
20h – Vigília Pascal com dom Leomar Brustolin

Paróquia das Dores
20h – Vigília Pascal

Paróquia do Bom Fim
20h – Missa e Vigília Pascal

Paróquia Santo Antônio
20h – Vigília Pascal

Paróquia da Glória
20h – Vigília Pascal

Paróquia da Ressurreição
20h – Vigília Pascal

Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro
20h – Vigília Pascal

Paróquia Santa Catarina
20h – Vigília Pascal

Domingo (31)